quarta-feira, 31 de março de 2010

MÍDIA - Roberto Marinho, Armando Nogueira, a Proconsult

quarta-feira, 31 de março de 2010
Do blog da TRIBUNA DA IMPRENSA.

(Trecho do livro “Brizola Tinha Razão”,
do jornalista FC Leite Filho)

“No dia 18 de novembro de 1982, inconformado com a demora na divulgação dos resultados da eleição, em que era tido por todos como candidato vitorioso ao governo do Rio de Janeiro, Leonel Brizola procurou a imprensa internacional para denunciar uma tentativa de fraudar a apuração e declarar eleito o candidato do PDS Moreira Franco.

Mais tarde, o candidato do PDT foi à sede da Rede Globo de Televisão, no Jardim Botânico, no Rio, e exigiu espaço para falar. Ele via na emissora o braço direito da conspiração, pelo modo faccioso com que se comportou, ao desconhecer os resultados favoráveis a Brizola, que eram corretamente projetados pelo Jornal do Brasil; e a Rádio Jornal do Brasil.
Como se verificou depois, segundo denúncias que também partiram de funcionários da própria Rede Globo, as Organizações Globo, juntamente com o SNI estavam envolvidas naquilo que mais tarde se tornou conhecido como a Operação Proconsult.
Esta operação, que levava o nome da empresa encarregada de proceder à apuração do Rio de Janeiro, a Proconsult-Racimec – de propriedade de antigos oficiais de informação do Exército – tinha como objetivo virar na marra os resultados em favor do candidato do Governo federal na época, Moreira Franco.
A estratégia consistia em sonegar os resultados da capital, a cidade do Rio, que reúne mais de dois terços do eleitorado do Estado, e onde Brizola obteve cerca de 70% dos votos, e só divulgar uma média das apurações do interior, onde Moreira era majoritário, com as da periferia e parte da capital, de modo que situasse sempre Moreira Franco à frente dos votos. Isto era para infundir no público a convicção de que Moreira Franco e não Leonel Brizola ganharia a eleição.
Da contenção dos resultados da capital, a Proconsult passaria para a inversão pura e simples dos mapas eleitorais, em favor de Moreira .Franco, na proporção que o público fosse trabalhado subrepticiamente pela Rede Globo a achar que o candidato do PDS, que já fazia declarações nas emissoras de rádio e televisão na qualidade de virtual governador, tinha sido mesmo o vitorioso.
As denúncias de Brizola, que logo chegaram à opinião pública nacional acabaram provocando grande impacto popular, com reações nas ruas do Rio contra os veículos das Organizações Globo, que não incluam somente a televisão, mas o jornal O Globo e a Rádio Globo.

Pressionada por aquilo que ameaçava se transformar numa rebelião popular de proporção nacional contra a Globo, a emissora não teve outra saída, senão conceder espaço a Brizola para fazer a denúncia e abortar a conspiração contra as urnas, em plena cidade do Rio de Janeiro. E isto foi feito no horário de depois das 22 horas daquele dia 18 de novembro de 1982.
Ali mesmo, Leonel Brizola assegurou a verdade eleitoral. Logo depois de sua entrevista, á tarde, aos correspondentes estrangeiros, a Globo passou a admitir que Brizola encaminhava-se para chegar à frente dos votos e não mais Moreira Franco, como a emissora vinha insinuando, desde o início da apuração, que tentou esconder, juntamente com o SNI.
Até à noite de 18 de novembro, os resultados chocavam-se violentamente com os da Rádio Jornal do Brasil;, que projetou a vitória de Brizola sobre Moreira Franco, com mais de 100 mil votos de vantagem, desde o término da votação, no dia 15 de novembro.
A fala de Brizola na Rede Globo teve um efeito tão fulminante que a emissora se viu obrigada a suspender, no outro dia, 19 de novembro de 1982, toda a programação eleitoral, que incluía inserções quase de hora em hora sobre a marcha da apuração, a partir de um grande aparato, em que havia até computadores dentro do estúdio, para manuseio dos apresentadores. Os resultados eleitorais passaram então a ser divulgados, agora com correção, dentro dos telejornais.”

Comentário, rigorosamente verdadeiro, de Helio Fernandes:
Na TV Globo, o comando era de Roberto Marinho, através de Armando Nogueira. No Jornal do Brasil e Rádio Jornal do Brasil, o trabalho jornalístico era feito por Pedro do Coutto e Paulo Henrique Amorim, que mais tarde passou para a própria Globo.

Como não gostava de perder, Roberto Marinho demitiu Armando Nogueira, que era Diretor de Jornalismo da televisão, ficou no ostracismo. Anos mais tarde, entrou na SporTV, cuidando apenas de fatos esportivos.

***

PS – Quem lançou Armando Nogueira no jornalismo foi este repórter. Dei a ele o primeiro emprego, na seção de esportes do Diário Carioca. Eu era chefe de Redação, acumulando com o comando da página de esportes.

PS2 – Eu e o Horacinho de Carvalho (dono do jornal), íamos fazer uma revista de esportes, eu já havia até registrado do título, XUTE, assim mesmo, sempre gostei de revistas com 4 letras no título: Life, Time, por aí.

PS3 – Tenho os dois livros do Armando Nogueira, com dedicatórias enormes, “Meu mestre, meu máximo mestre”, e vai por aí. O que aconteceu com ele, e com outros, (como Evandro Carlos de Andrade), é que entravam para a Organização Globo, me evitavam, com receio do doutor Roberto Marinho, que eu combati a vida inteira.

PS4 – Basta isso, poderia ir muito mais longe, não entro nesse Maracanã de lamento sem lamentação mas lamentável.

Postado por BLOG DE UM SEM-MÍDIA às 16:14 0 comentários
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Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)

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