O ex-ministro Franklin Martins deu sua contribuição nesta semana à série
que o Instituto Lula faz sobre os 10 anos do PT no Palácio do Planalto.
Ministro de Lula, Franklin disse que "até algum tempo atrás, a maioria
dos presidentes, a maioria dos governos, governava o Brasil para apenas
um terço da população". "Era como se eles dissessem para o restante, que
estava excluído: ´Eu até gostaria de ajudar vocês, eu até gostaria de
ter medidas que fizessem vocês se levantar. Mas é impossível.
Virem-se!´", diz o ex-ministro em vídeo publicado no site do instituto,
que também já entrevistou o ex-ministro Patrus Ananias e a ministra do
Desenvolvimento Social, Tereza Campello.
Assista ao vídeo:
Leia o texto do Instituto Lula sobre a entrevista de Franklin:
Ex-ministro do governo Lula diz que políticas de inclusão da última
década mudaram o país, que ganhou em autoestima, e mudaram o povo, que
se tornou um ator político efetivo da democracia brasileira.
O jornalista Franklin Martins, ex-ministro da Comunicação Social no
governo Lula, disse que o protagonismo do povo foi a grande conquista
política e cultural de 10 anos de governos democráticos e populares que
começaram com a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em
2002. "Até algum tempo atrás, a maioria dos presidentes, a maioria dos
governos, governava o Brasil para apenas um terço da população. Era como
se eles dissessem para o restante, que estava excluído: ´Eu até
gostaria de ajudar vocês, eu até gostaria de ter medidas que fizessem
vocês se levantar. Mas é impossível. Virem-se!´".
A declaração foi dada em uma entrevista para o Instituto Lula e faz
parte de uma série sobre os 10 anos de governo democrático e popular.
Você pode acompanhar mais opiniões sobre os 10 anos que mudaram o país clicando aqui.
Para o ex-ministro, a exclusão de parcelas consideráveis da população
das decisões de governo, a pretexto de que a política para os pobres era
uma impossibilidade, está na raiz do "famoso complexo de vira-lata do
povo brasileiro" (clique aqui
para ler a crônica do dramaturgo Nelson Rodrigues que cunhou o termo
"complexo de vira-lata", em 1958). Com a eleição de Lula, o cenário
começou a mudar e o povo decidiu não apenas escolher governos que
governassem para todos, mas passou também a cobrar esses governos.
"Eu acho que o que mudou muito de 10 anos para cá é que o povo escolheu
governos e cobrou desses governos que eles governassem para a maioria.
Eu acho que essa é a grande mudança, porque ela fecundou, ela gerou
diversas políticas que acabaram atendendo à maioria do povo, que passou a
ver que havia um governo que governava para ele". Franklin ressalta que
isso gerou também uma tensão no sentido contrário. "E que passou também
a ver que existia uma elite que não admitia que se governasse para
todos e que foi fazer uma oposição furiosa a esses governos".
A participação efetiva do povo, não apenas como beneficiário das
políticas governamentais, mas também como ator político, marca uma
mudança visível na última década, segundo o ex-ministro: "Eu acho que o
que tem de novidade no Brasil, no fundo, é o coroamento de um processo
de acumulação e fortalecimento da democracia, onde o povo foi
identificando seus interesses, aprendendo a votar, votando em quem
poderia fazer políticas que o beneficiassem e depois elegeu governos que
iam implementar essas políticas, deu força a esses governos e cobrou
desses governos. Eu acho que a novidade é que o povo é um ator político
muito maior hoje em dia e por isso mesmo está no centro dos
acontecimentos."
"Uma classe média muito maior, redução da miséria, Prouni, Luz para
Todos, Bolsa Família... a quantidade de programas é indescritível, mas a
grande coisa é o seguinte: o povo está no centro da política no Brasil
hoje", completa.
Termo "complexo de vira-latas" foi cunhado em 1958
O dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues cunhou o termo "complexo de
vira-lata" em 1958, para designar a postura de inferioridade assumida no
futebol, a partir de 1950, quando o Brasil perdeu a Copa do Mundo para o
Uruguai, no Maracanã. Para Rodrigues, o brasileiro só começou a se
curar esse complexo em 1958, quando ganhou a Copa pela primeira vez, mas
apenas nesse esporte. A postura permaneceu em relação a outros temas.
"Por 'complexo de vira-lata', entendo eu a inferioridade em queo
brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo´",
afirmou.
Em agosto do ano passado, o ex-ministro e vice-presidente do PSB Roberto
Amaral escreveu na revista Carta Capital uma outra crônica revisitando o
termo. Para ele, esse complexo foi alimentado pelos interesses
dominantes. "Esse sentimento existe, mas regado pela classe dominante
brasileira, desde a Colônia, que sempre viveu de costas para o país e
com os sonhos, as vistas e as aspirações voltadas para a Europa. Terra
de "índios desafeitos ao trabalho", de "negros manimolentes e banzos" e
"europeus de segunda classe", nosso destino, traçado pelos deuses, era a
de eternos coadjuvantes.
História própria, industrialização, destino de potência... ah, isso
jamais!". O texto re Roberto Amaral relembra fatos curiosos, como a
oposição direitista a obras como a Ponte Rio-Niterói, o metrô no Rio de
Janeiro, a Petrobras e — mais recentemente — a transposição do rio São
Francisco. Clique aqui para ler o artigo de Roberto Amaral.
Do Blog O TERROR DO NORDESTE.
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