LULA MIRANDA
Nunca antes na história desse país se desrespeitou, ultrapassando até o limite do achincalhe, um mandatário ou um ex-presidente da República, como nesse caso. Por que será?
Lula é um homem pequeno, atarracado. Mas se agiganta diante dos
medíocres. De origem paupérrima, migrante nordestino, veio com fome e
esperança para o “sul maravilha” com a família num pau de arara; vendeu
amendoim na rua quando garoto – já se conhece sua história e biografia.
Tornou-se um grande homem, um grande brasileiro. Respeitado e admirado
lá fora e amado por muitos dos seus concidadãos, é odiado, detestado por
alguns poucos – notadamente por alguns jornalistas da grande imprensa e
algumas “nanocriaturas”, espécie verdadeiramente nanica, rebentos
infames de uma parte ínfima, preconceituosa, atrasada e ignorante da
nossa elite.
Nunca antes na história desse país se desrespeitou, ultrapassando até o
limite do achincalhe, um mandatário ou um ex-presidente da República,
como nesse caso. Por que será?
Não, Lula não está infenso ou isento a críticas, obviamente que não.
Lula não é nenhum Deus. Sequer existe, na minha opinião, o tal “lulismo”
[a exemplo do “getulismo” ou do “brizolismo”], que alguns perdem tempo
em analisar ou condenar/criticar.
Luiz Inácio Lula da Silva é apenas um homem, um “reles mortal”, como eu e
você. E de fato e sem favor algum, um grande Político brasileiro –
assim com “P”, maiúsculo. É bem verdade que já existiram outros, poucos,
como ele. Mas o que transforma esse Lula em “um gigante” é, sem dúvida,
a mediocridade dos seus adversários políticos nos partidos, a
pusilanimidade de uma oposição débil e, notadamente, e desgraçadamente,
uma imprensa vendida, bandida.
Nas condições normais de temperatura e pressão, Lula seria reverenciado
e respeitado por todo o Brasil – como de fato é, pela maioria do povo
brasileiro na condição, emblemática, inegável de ex-presidente que muito
fez pelo país e por esse mesmo povo. Chega a ser comovente escutar os
mais diversos depoimentos de pernambucanos, baianos e cearenses – só
para citar os meus “conterrâneos”. É de embargar a voz e dar água nos
olhos. Fenômeno semelhante ocorre no plano internacional: Lula é
reverenciado e respeitado por onde pisa. Isso, porém, não o beatifica,
canoniza ou endeusa. Lula é apenas um homem e não um mito – reitero.
Mas como explicar então essa “bronca” que parte da elite brasileira tem
para com o ex-presidente Lula – como tem para com Chávez e demais
lideranças políticas latino-americanas de origem popular e do campo das
esquerdas? Não pretendo aqui, note bem, tão somente fazer um artigo
laudatório ao petista, mas iniciar uma análise do que possivelmente
motiva essa inveja, essa raiva que nutre certos setores de uma parte
diminuta, repito, mais conservadora e reacionária da nossa elite.
Lula não fez nada de “extraordinário”, é certo. “Apenas” fez um governo
mais voltado para o atendimento das necessidades básicas do povo:
comida, emprego e renda. Mas isso, por incrível que pareça, por aqui é
muito. Pois sequer isso havia sido feito até então.
Segundo a última de Ciro Gomes, que já foi chamado, devido a sua
“humildade” e “modéstia”, de “professor de Deus”, Lula está “perdidão da
vida. Ele pensa que é Deus e está descobrindo que não. Tentará de novo
essa deidade, mas não achará nunca mais.” Mas, veja bem, as causas que
levam Ciro a fazer essa crítica um tanto farsesca e excêntrica ao Lula
são diametralmente opostas às críticas feitas por políticos como FHC,
Aécio Neves e os bonecos de ventríloquo na grande mídia.
Esses últimos fazem uma crítica virulenta, eivada de preconceitos e
rancor, odienta. Parece que eles não perdoam/admitem que tenha sido um
migrante nordestino o culpado, indiretamente, pela revelação da sua
mediocridade e incompetência no trato com a coisa pública. Sim, pois
chega a ser inacreditável que tantos “doutores letrados” muito pouco ou
nada tenham feito para acabar ou ao menos dirimir essa gritante e infame
injustiça social que ainda temos no Brasil. Pois muito ainda há que se
fazer por esse povo sofrido.
Lula, em verdade, apenas fez o que todo o político deveria fazer: buscou
atender as necessidades básicas do seu povo. O “detalhe” é que por aqui
o povo sempre foi tratado como mera massa de manobra, como gado tangido
para o abatedouro.
Essa mesma elite que agora critica Lula é a mesma que sem pejo ou pudor,
diga-se, enriqueceu usurpando as riquezas do Estado e concentrou renda e
poder de forma acintosa. A mesma que seduziu com “espelhinhos de
boneca” uma pequena parte da classe média, à qual retribuiu seus favores
com algumas migalhas do butim. Fazendo uma leitura, digamos assim, um
tanto “heterodoxa” desse fenômeno, um amigo sociólogo chama essa classe
média de “classe de programa”, numa alusão a prostituição, claro, mas,
mal comparando, sem faltar com o respeito às prostitutas.
Então, como queríamos demonstrar [C.Q.D.] Lula se agiganta, apesar de e
devido a mediocridade e egoísmo de alguns políticos conservadores,
ressentidos e incompetentes, e de uma classe média corrupta e
prostituída.
Lula torna-se um colosso, um gigante diante da pequenez de seus contemporâneos. Quod erat demonstrandum.
Do Blog O TERROR DO NORDESTE.
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