terça-feira, 13 de agosto de 2013

Escândalo do PSDB:CPI da propina no metrô de São Paulo vem ai


O PT pretende nacionalizar o escândalo das fraudese propinas  milionárias em licitações dos contratos das estatais Metrô e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que se estenderam por mais de uma década nas gestões tucanas no governo de São Paulo - desde meados dos anos 1990 até 2008. Para isso, concentrará forças na instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso, onde o partido conta com a base aliada do governo Dilma Rousseff. Até ontem à noite, ainda não estava definido se a comissão será mista, englobando as duas casas legislativas, ou acontecerá apenas na Câmara. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), articulador da comissão, ainda estava concluindo os principais pontos do requerimento.
Já a abertura de uma CPI na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) enfrenta mais dificuldades. Esbarra no fato de o PT e demais partidos de oposição contarem com a assinatura de apenas 26 parlamentares. Eles precisam do apoio de 32 de um total de 94 deputados da Alesp. Ou seja, de seis assinaturas de deputados de apoio ao governo Geraldo Alckmin, que está no olho do furacão. Apesar das dificuldades, o líder da bancada do PT na assembleia, Luiz Claudio Marcolino, está tentando convencer alguns parlamentares rebeldes da base governista a apoiar a instalação da CPI. Por isso, o partido aposta numa CPI de âmbito nacional no Congresso, em Brasília.
Já o PSDB quer manter o assunto na esfera estadual, apesar das poucas chances de a CPI sair na Alesp. Foi o recado dado pelo líder do partido no Senado, Alvaro Dias (PR). "Uma CPI na assembleia paulista seria, certamente, oportuna, já que se trata de uma obra estadual no âmbito do governo de São Paulo", defendeu Dias, em discurso no plenário ontem. O senador Humberto Costa (PT-PE) rebateu, alegando ser "um assunto que interessa ao Congresso porque envolve também recursos públicos federais". Ele completou lembrando que a base de apoio do governador Geraldo Alckmin atuou para derrubar o pedido na Alesp.
Tapete
Embora ainda não tenha uma posição da bancada, peemedebistas que integram a base da presidente Dilma Rousseff no Congresso, adiantam que apoiarão a criação da CPI para investigar o escândalo da propina em São Paulo. "Acho que está na hora de passar o país a limpo. Não se pode jogar tudo para debaixo do tapete", diz o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), acrescentando que é preciso apontar quem são os corruptos para que a população não generalize a classe política. É o mesmo discurso do deputado Danilo Forte (PMDB-CE). "Onde há dinheiro público deve ter uma análise sobre denúncias", defendeu.
Parlamentares da oposição são mais cautelosos. O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), diz que é preciso ter algum fato que motive uma investigação nacional sobre o assunto. "Já vai ter uma CPI no estado. Vamos ver o que o PT vai alegar para que haja outra investigação no Congresso. Então, definiremos a nossa posição", disse. O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), garantiu que apoiará a instalação de CPI do cartel paulista no Congresso, porém, sem muita convicção. "É preciso que o PT se lembre da CPI do Cachoeira. O ex-presidente Lula mandou criar e depois se arrependeu. Deu no que deu", alfinetou.
Delação
O escândalo das fraudes milionárias em licitações dos contratos das estatais paulistas Metrô e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) veio à tona em 2009. Alguns dos 60 inquéritos abertos, no entanto, foram arquivados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, sob a alegação de falta de provas. 
Agora, com o acordo de leniência firmado, em maio deste ano, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) com a multinacional Siemens, que concordou em delatar todo o esquema, os promotores informaram que os processos serão desarquivados. Alegam que há informações e documentos novos nas investigações do órgão do Ministério da Justiça, que fiscaliza a livre concorrência no mercado. O ex-governador José Serra negou ontem qualquer envolvimento nas fraudes e disse que sua gestão atuou no combate ao esquema. "Nós fizemos uma luta anticartel", afirmou a jornalistas, após uma palestra na Associação Comercial de São Paulo.

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