quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Internet rompeu blindagem da quadrilha tucana


Ruas e redes sociais rompem a blindagem 

 
Publicados em páginas diferentes e com manchetes distintas, certos fatos aparentam não ter muito em comum. Mas têm tudo a ver. A gangorra nas pesquisas eleitorais tem, óbvio, a ver com as ruas de junho e julho. E as ruas têm relação com má gestão. E com noticiário sobre corrupção.
A internet tem 94 milhões de usuários no Brasil; 52 milhões são usuários ativos. E foi assim que se rompeu a blindagem. Não dá mais para se escalar qual é a instituição ou o partido malvadinho da ocasião.
Não dá mais para fazer de conta que um partido é sujinho e outro é limpinho. Os fatos estão aí. Sempre estiveram. Não viu, ou não noticiou, quem não quis.
O PT, que até chegar ao poder era juiz dos crimes alheios, cometeu crimes. Alega que os crimes foram outros, e não os que levaram à condenação de vários dos seus, mas fato é que cometeu.
Assim como PMDB, DEM, PTB, PV, PL, PDT, PP… e o grande acusador dos últimos anos, o PSDB, cometeram seus crimes.
O que se tenta agora é embaralhar trilhos no rastro do escândalo do Trenzão; ação em que governos do PSDB paulista são acusados de produzir um superfaturamento de R$ 425 milhões. Com direito a propinas milionárias.
Há novidade nisso? Em parte há. Em troca de um acordo que deixa empresa e dirigentes limpos, a multinacional Siemens está entregando. Entrega ao Conselho Administrativo de Defesa Economica, CADE, a história do cartel de 20 anos na área de metrôs e trens, em especial em São Paulo e Brasília.
A história nasce de uma mega-investigação no exterior. Lá a Siemens e a francesa Alstom já têm demitidos e presos. Aqui os tucanos dizem não ter acesso às informações levantadas no processo do CADE. Isso é conversa mole.
Desde 1995 o ministério público de São Paulo arquivou 15 inquéritos sobre o tema. Com documentos, a revista ISTO É desta semana prova: em 2008, 2009 e 2010 o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado alertaram para vícios e irregularidades nos contratos.
E em agosto de 2009 a juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi ordenou o sequestro de bens de Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas. Marinho, tucano de primeira hora, acusado de receber propina da Alstom.
Como se surpreender se, apesar da blindagem, Robson Marinho e Alstom já eram notícia há 4 anos? Agora se fala em propinas de US$ 20 milhões para partidos e em contas na Suíça. Como simular que o assunto é novidadeiro?
Quem se espantará se isso tiver a ver com o pagamento de campanhas eleitorais? E não apenas. E como dizer que a trilha dos paraísos fiscais é desconhecida?
Recordemos estudo feito por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey. Estudo esse encomendado pela Tax Justice Network e publicado há um ano.
Henry mostra que, só até 2010, os super-ricos brasileiros tinham cerca de US$ 520 bilhões em paraísos fiscais. Isso dá R$ 1,196 trilhão. Pouco mais de 27% do PIB do Brasil.

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