terça-feira, 9 de setembro de 2014

Dilma: sem mexer em financiamento de campanha, não há nova política


Em entrevista, candidata do PT disse que comparação entre Marina Silva, Collor e Jânio Quadros “não é uma questão de caráter”

Dilma durante entrevista ao Estadão
A presidenta e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) explicou nesta segunda-feira 8 as comparações, feitas em seu programa no horário eleitoral, entre a candidata Marina Silva (PSB) e os ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor, que não cumpriram seus mandatos até o fim. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo nesta segunda-feira 8, a presidenta disse que não é possível governar com as concepções da sua adversária.

“O que fiz de comparações com o Jânio e o Collor é que ambos governaram sem partido e sem apoio,” disse a presidenta após dizer que via em Marina Silva uma pessoa "bem intencionada" e que seu programa não fazia referência ao caráter da ex-senadora. “Todas as pessoas que acham que vão negociar com notáveis, que numa democracia é possível não ter partidos ou negociar pessoalmente, geralmente ocorre uma coisa muito perigosa. No caso de não ter partido, geralmente tem alguém muito poderoso por trás”, afirmou Dilma.

A presidenta disse que a reforma política, feita por meio de um plebiscito, deve ser retomada em um possível segundo mandato. A proposta, feita após os protestos de junho do ano passado, foi abandonada diante de críticas, inclusive de aliados da presidenta.

“Sem reforma política, sem mexer em financiamento de campanha, sem mexer na forma pela qual nós estruturamos os sistemas políticos, não tem essa questão de velha e nova política”, disse Dilma, se referindo ao slogan da sua adversária.

Petrobras

Dilma reclamou sobre o fato de não ter tido acesso às informações do depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa feito na Operação Lava Jato da Polícia Federal. Segundo reportagens veiculadas no final de semana, o executivo afirmou que 12 senadores, 49 deputados federais e ao menos um governador receberam dinheiro desviado da estatal. Segundo teria dito Costa, os políticos ficavam com 3% do valor dos contratos da Petrobras entre os anos de 2004 e 2012.

“É uma coisa engraçada. Se um órgão da imprensa sabe uma coisa e nós que somos os acusados não sabemos, isso é inadmissível”, disse a presidenta em entrevista ao Estado. “Eu não quero dentro do governo quem esteja comprometido. Mas também não quero dar à imprensa um caráter que ela não tem diante das leis. Ela não é um fórum inequívoco para dizer quem é corrupto ou não.”

Dilma questionou o vazamento das informações a veículos de imprensa. “A própria revista [Veja] que revela estas fatos não revela de onde tirou essas informações. Eu fiz o ofício ao procurador geral da República para ter essas informações," disse Dilma. “Os processos estão criptografados e dentro do cofre. Vazamento pode significar a não validade das provas. Eu determinei ao ministro [da Justiça] José Eduardo Cardozo que fizesse um ofício à Polícia Federal que, se tiver algum funcionário do governo, nós gostaríamos de ter acesso a essa informação para poder tomar todas as providências e tomar essas medidas baseadas em informações oficiais.”

A presidenta negou os paralelos feitos pelo seu adversário, Aécio Neves (PSDB), com o escândalo do “mensalão”. Segundo Dilma, a corrupção não aumentou nos governos petistas como é colocado pela oposição. “Demos autonomia para a Polícia Federal, escolhemos sempre o primeiro na lista do Ministério Público e demos ao procurador geral ampla autonomia. Nosso procurador-geral nunca foi um 'engavetador`”, disse Dilma, criticando a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na Presidência.

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