quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A eleição será decidida no Rio de Janeiro

Do Escrevinhador - publicada quarta-feira, 08/10/2014 às 18:22 e atualizada quarta-feira, 08/10/2014 às 18:46

O segundo turno será decidido voto a voto. O eleitorado está  consolidado em dois blocos: São Paulo/Sul x Norte/Nordeste. Já foi assim em 2006 e 2010. Mas dessa vez o PT parte de patamar mais baixo. Com Minas neutralizada, o Rio é que pode decidir.

por Rodrigo Vianna

Primeiro uma informação importante: não é verdade que levantamentos internos do PT tenham apontado, desde segunda-feira, que Aécio já estivesse à frente de Dilma na largada do segundo turno.
Uma fonte, na direção petista, garante-me que a primeira pesquisa (feita por telefone) só ficaria pronta nesta quarta à noite. O mais provável: empate técnico.

A essa altura, há uma guerra de informações. As pesquisas, no primeiro turno, erraram demais. Em alguns casos, podemos concluir que foi mais do que “erro estatístico”. Portanto, desconfiemos de qualquer pesquisa.

Agora, vamos aos fatos. A campanha tucana diz que Aécio ganhará porque a vantagem em São Paulo será avassaladora. A campanha petista diz que o Norte e o Nordeste vão equilibrar esse jogo, colocando Dilma bem à frente. Um dirigente petista chegou a me dizer que trabalha “com os mesmos mapas de 2010: Aécio vence em São Paulo, no Sul e no Centro-Oeste; Dilma ganha no Norte e Nordeste, abrindo vantagem”.

Na verdade, os dois lados têm parte da razão. Mas há nuances. Dilma sai de um patamar mais baixo dessa vez, enfrenta uma onda conservadora em São Paulo, e terá Marina colada em Aécio. Quadro mais difícil.

É preciso debrucar-se sobre os mapas de votação em cada Estado, para entender o que está em jogo. Isso é mais importante do que apoios de “A” ou “B” no segundo turno.

O “Serviço de Inteligência do Escrevinhador” (sim, ele existe) dedicou-se a um levantamento exaustivo – Estado por Estado. E a conclusão é que a eleição vai-se decidir no Rio de Janeiro.
Sim, ali está o eleitorado mais fluído, menos aecista e menos petista do que em qualquer outra parte. Vamos ao mapa – que indica uma eleição equlibrada e que pode ser decidida por um diferença inferior a um milhão de votos.

Para nossos cálculos, tomamos como pré-suposto que Marina transfira seus votos de forma desigual para Aécio, a depender da região. Em São Paulo, transferência enorme (beirando 80%). No Sul e no Centro-Oeste, na proporção de 65% a 35%. E no Nordeste/Norte, uma transferência da ordem de 60% (Aécio) a 40% (Dilma).

SÃO PAULO

O PSDB, dessa vez, colherá uma vantagem muito maior em São Paulo do que em 2010. No primeiro turno, Aécio teve 10 milhões de votos, contra quase 6 milhões de Dilma. Marina ficou com 5,7 milhões
Mesmo que Lula consiga recuperar um pouco da votação histórica do PT no Estado, a tendência é que Aécio fique com mais de 70% dos votos de Marina no segundo turno. O antipetismo e o ódio da classe média chegaram a patamares assustadores.
Calculamos que a diferença de votos a favor de Aécio em São Paulo pode chegar a 8 milhões (numa proporção de 65% a 35% na votação final no Estado).

SUL DO BRASIL
Aécio deve ampliar a votação que teve no primeiro turno. O que pode segurar um pouco a votação tucana são dois fatores: a campanha de Tarso no Rio Grande do Sul. E alguma resistência de Requião no Paraná.
Mesmo assim, calculamos uma diferença de 2,5 milhões (para Aécio) – conquistada especialmente no Paraná e em Santa Catarina (Dilma venceu entre os gaúchos, mas no segundo turno Aécio deve crescer; para o PT, será lucro “empatar” ou perder de pouco na terra de Tarso Genro).

CENTRO-OESTE
Aqui o jogo é um pouco mais equlibrado. Mas Goiás e Distrito Federal tendem a dar boa vantagem ao PSDB.
Calculamos vantagem de 1,2 milhões de votos para Aécio na região.

NORDESTE
Será a grande fortaleza de votos pró-Dilma. Na Bahia, por exemplo, Dilma deve colocar 3 milhões de votos sobre Aécio (mesma vantagem do primeiro turno). No Ceará e no Maranhão, a vantagem deve superar os 2 milhões de votos.
A execeção deve ser Pernambuco. Calculando que a família Campos e Marina transfiram para Aécio uma esmagadora soma de votos (Marina teve 2,3 milhões no primeiro turno), ainda assim Dilma e Aécio devem chegar empatados (isso, na pior das hipóteses para a petista, já que Dilma fez 2,1 milhões de votos no primeiro turno).
Calculamos que a candidata do PT pode conquistar uma vantagem de 10 milhões de votos no Nordeste.

NORTE
A vantagem pró-Dilma é enorme no Amazonas e no Pará. Mas não há um eleitorado tão volumoso. Acre e Roraima podem dar alguma vantagem para Aécio.
Calculamos vantagem de 1,2 milhão de votos pró-Dilma. 

MINAS E ESPIRITO SANTO
Dilma venceu em Minas no primeiro turno. Mas Aécio pode reduzir a diferença com os votos de Marina, agora. A tendência, na pior das hipóteses para Dilma, é uma vitória por estreita margem para Aécio – algo próximo de um “empate” (lembrando que o Estado é também a terra natal de Dilma, e na sua porção norte vota fortemente no PT).
Somando-se os votos pró-Aécio do Espírito Santo (ele já ganhou lá no primeiro turno), chegaríamos a uma vantagem de 500 mil votos a favor de Aécio nos dois Estados.

O cálculo até aqui indica:
São Paulo (8 milhões pró-Aécio), Sul (2,5 milhões pró-Aécio) Centro-Oeste (1,2 milhão pró-Aécio), Minas/ES (500 mil pró-Aécio) = 12,2 milhões de votos de vantagem para Aécio.
x
Nordeste (10 milhões pró-Dilma) e Norte (1,2 milhões pór-Dilma) = 11,2 milhões de vantagem para a petista.


A conclusão é que o Rio de Janeiro fará a diferença. Ali, Dilma teve 3 milhões de votos no primeiro turno, contra 2,2 milhões de Aécio e 2,5 milhões de Marina.

A grande dúvida é: para onde irá o voto pró-Marina no Rio?

O Estado depende fortemente do Petróleo e do funcionalismo público. A tendência aqui é que Aécio não consiga vencer. Dilma precisaria abrir no Rio uma vantagem superior a 1 milhão de votos, para ganhar a eleição nacional.

Esse quadro geral indica que o segundo turno será decidido voto a voto. A não ser que se crie uma onda “pró-mudança” encabeçada por Aécio. Aparentemente, essa onda está avançando em São Paulo, de forma violenta.

Mas a derrota do PSDB em Minas, a fortaleza petista no Nordeste e a lembrança dos anos FHC devem equlibrar o jogo.

Qualquer coisa diferente desse quadro extremamente equilibrado é manipulação estatística, ou torcida pura.

A eleição será decidida com o eleitorado bastante consolidado em dois blocos São Paulo/Sul x Norte/Nordeste

Com Minas neutralizada, o Rio decidirá.

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