segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Venceu a consciência política. #DilmaNovamente




Esta, talvez, junto com 2006, tenha sido a maior vitória dos segmentos populares na história do Brasil.

Em 2002 foi a virada, onde pela primeira vez, pelo menos após a redemocratização, tivemos um governo popular. Mas vencemos com ajuda do voto anti-FHC, que ninguém aguentava mais e com o carisma do Lula. Em 2010 boa parte dos brasileiros votaram com "a mão no bolso" devido aos resultados espetaculares do segundo mandato do governo Lula.

Não se enganem com o resultado apertado de ontem, porque desta vez , cada voto em Dilma foi um voto de consciência política.

Não é pouca coisa ter 51,64% dos eleitores votando com plena consciência política, ainda mais diante de uma verdadeira tentativa de golpe midiático.

Bendito segundo turno. Foi sofrido, foi suado, foi até perigoso devido à tentativa de golpe da velha mídia, mas elevou bastante a consciência política do eleitor, ao se ver diante da escolha entre dois projetos de nação diferente. Um progressista, popular, nacionalista, humanista e transformador contra outro neoliberal, reacionário, elitista e colonizado.

Foi emocionante vermos jovens que estavam à procura de causas desde as manifestações de junho de 2013, se identificarem mais com Dilma do que com o discurso da classe dominante impondo a anti-política pregada pela Globo, Veja, Itaú, Marina, Aécio. E essa juventude tomou lado.

O segundo mandato não vai ser fácil. Se Dilma não fosse o coração valente que é, eu acharia até que, com o Congresso eleito, governar é um tremendo abacaxi para descascar. Mas Dilma é mulher de luta, de enfrentar desafios e obstáculos, não tem tempo ruim para ela. Sozinha ela não conseguirá fazer tudo o que queremos. Vai precisar do nosso apoio popular nas ruas, nas redes, nos movimentos sociais para as coisas mais difíceis andarem, como a reforma política e a democratização da mídia.

O próprio PT, PCdoB, Psol, trabalhistas de verdade do PDT, a esquerda do PSB, rejuvenesceram neste segundo turno, e precisa aproveitar essa mobilização para se inserirem mais na sociedade, principalmente entre quem está envenenado pela anti-política. Sei que muitos parlamentares mantém ligações estreitas com suas bases, fazem plenárias, estão sempre presentes onde o povo está. Mas é preciso ir além. Parlamentares e dirigentes partidários, mesmo sem mandato, precisam participar de debates suprapartidários nas faculdades, escolas técnicas, associações civis, debatendo reforma política, igual os antigos deputados do tempo da ditadura faziam para mobilizar pela anistia e pela redemocratização.

Dilma certamente sentiu que a falta de democratização da mídia, além do componente político golpista, afeta até a economia, propagando um pessimismo irreal que inibe investimentos. Pequenos empresários ficam com receio de expandir seus negócios, famílias ficam com receio de reformar a casa, trocar o carro, a máquina de lavar batendo pino, adia uma viagem de turismo. Tudo por medo de um noticiário falso que vive dizendo que o cidadão está à beira do precipício, e que só mostra a parte vazia de um copo meio cheio.

Algumas decisões ela pode tomar administrativamente no âmbito da Secom, sem precisar depender de mudanças nas leis.

Outras decisões, mais difíceis por falta de apoio no Congresso, como regulação econômica da mídia, será pedreira. Só sai com muita pressão popular sobre o Congresso. De preferência um projeto de iniciativa popular.

Por isso os partidos comprometidos com a democratização da mídia precisam também promover debates sobre o tema nas faculdades de comunicação e escolas técnicas de áudio-visual. O sonho de realização profissional da maioria dos alunos destas áreas é trabalhar na Globo. Mal sabem que o oligopólio da mídia extingue empregos e só um em mil conseguirá se empregar em uma empresa como a Globo. Observe que o colunista de "O Globo" é comentarista na CBN, na Globonews e nos telejornais da TV Globo aberta. Houvesse mais diversidade de empresas, cada uma tendo um dono, haveria quatro empregos. Além disso há outros campos de trabalho interessantes no jornalismo, desde a mídia livre, como faz a mídia ninja, passando pela blogosfera (que só precisa de fomento para se profissionalizar mais), por pequenas empresas e por portais alternativos.

Ah... antes de terminar, que orgulho eu tenho da consciência política dos queridos amigos nordestinos. Mas não é verdade essa babaquice de que o Brasil ficou dividido. Dilma venceu no Rio de Janeiro e em Minas, estados do Sudeste. Teve 8,5 milhões de paulistas que votaram nela (36% dos votos válidos). No Rio Grande do Sul, foi quase um empate, com Dilma tendo quase metade dos votos (46,47%).

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