Pois bem, segundo foi publicado hoje no portal iG, os credores da Grécia condicionam o acerto completo do plano de ajuda financeira ao governo daquele país, desde que os trabalhadores, os muito poucos que ainda mantém seus empregos, trabalhem mais, com menos direitos e menores salários:
A Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI, os principais credores da Grécia, pediram que o governo reduza o fim de semana como parte do termo de resgate do país.
A demanda por aumentar o número de dias trabalhados foi revelada ontem pelo jornal britânico "The Guardian" na noite desta quarta, que teve acesso a um documento no qual os credores insistiam numa reforma radical do mercado de trabalho. Ela envolve aumento no número de horas trabalhadas, horários flexíveis e salários menores.
Enviado na semana passada aos ministros gregos das Finanças e do Trabalho, recomenda ao governo estender a semana de trabalho ao fim de semana, fazendo com que todos os setores trabalhem seis dias.
Também diz que os trabalhadores devem ter o horário de trabalho flexibilizado e que o tempo de descanso deve ser reduzido a 11 horas diárias. As instruções contidas no documento mantêm o foco nas reformas do mercado de trabalho, exigindo que a inspetoria nacional de trabalho seja radicalmente reformada e colocada sob supervisão europeia.
"É preciso haver um 'piso salarial instituído por decreto' permanente, o que é visto como um incentivo para fazer com que as pessoas voltem a trabalhar em um país onde o desemprego ronda os 30%.
Ou seja, muito bem compreendido: os mercados desregulados, que
praticaram especulação com a economia real do país, feito de pessoas e
famílias, causou gigantesco rombo e contaminou toda a economia do país e
a capacidade do Estado de arcar com suas despesas, esses, representados
pelo sistema financeiro, em especial, serão bonificados com bilhões de
euros como incentivo para pavimentar a reconstrução da Grécia. Só que
erigida sob ideal neoliberal, quer dizer, menos direitos, mais horas
trabalhadas e salários menores para quem, de fato, trabalha e é a força
motriz da recuperação de uma nação.
Pior, muito pior... O trabalhador, aquele que foi envolvido no furacão
que devastou a Grécia, Itália, Espanha, Irlanda e Portugal, esse é quem
vai ser penalizado, regulado pelo oportunismo, e não receberá bônus
algum para sair deste buraco, em que foi engolido por agentes do mercado
e governos irresponsáveis.
Esse povo é quem vai arcar com todo o ônus, é quem vai pagar o pato e
sofrerá na carne, com o aumento do desemprego, desproteção social,
aumento dos índices de violência que afetam diretamente os mais pobres,
proliferação de males psicológicos etc. Enfim, é desta maneira que o
ideário neoliberal opera em crises: como oportunidade de avançar em seus
negócios, tirar vantagens do Estado, em detrimento daqueles que mais
precisam, se apropriar dos bens públicos sob o torto discurso da
resolução dos problemas nacionais.
O Brasil passou por isso durante os dois governos de FHC, em um ensaio
do que poderia ter nos custado, caso tivesse havido uma vitória de Serra
em 2002 ou de Alckmin em 2006.
O Brasil passa longe deste drama grego, porque reorganizou sua economia,
investe em setores importantes da economia que sustentam o país, mesmo
no cenário de crises mundiais de tamanha magnitude, como a de 2009 e o
esfarelamento da zona do Euro nos dias de hoje.
E essa passagem ao largo das tormentas do capitalismo mundial, ocorre
sem precisar reduzir direitos trabalhistas, entregar o patrimônio
público brasileiro ou arrochar salários.
Os porta vozes dos credores gregos, estes continuam cantando a mesma
velha canção do enxugamento do Estado e da "modernização" do país via
reformas neoliberais não completadas nos oito anos de tucanato, apesar
da privataria que realizaram.
Estes escrevem em jornais e revistas ou comentam em rádios e televisões
de grande audiência, todo o cuidado é pouco, tão aí os gregos e sua dor
de perceber um país destroçado por aqueles que hoje se dispõe a
"ajudá-los" exigindo em troca de mais desgraça do povo grego.
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