Para lançar sua candidatura para um grupo de 60 empresários neoliberais, em um jantar em São Paulo,
o governador de Pernambuco, Roberto Campos (ARENA) ... ops... quer
dizer, Eduardo Gomes (UDN)... ops... quer dizer, Eduardo Campos
(PSB-PE), mostrou-se encantado com o slogan de José Serra (PSDB-SP) nas
eleições 2010 ("O Brasil pode mais"), e lançou uma versão adaptada para
si dizendo que "dá para fazer muito mais", completando com algo como
"continuidade, mas com liderança renovada", coisa também semelhante à
tentada pelo marqueteiro de José Serra em 2010. Bem, todo mundo costuma
dizer que persistir no erro é burrice, mas cada um faz o que bem entende
com sua imagem política.
Mais grave do que slogans que buscam uma suposta "esperteza" é falta de caráter.
E Campos demostrou muita falta de caráter ao aderir às críticas absurdas de Aécio Neves contra a Petrobras, dentro do projeto demotucano Petrobrax, que sonha privatizar a empresa e o Pré-sal, para "investidores estrangeiros".
O que disse Campos?
"Enquanto o Brasil diz que tem o petróleo do pré-sal, importa gasolina. A Petrobras, que já foi 'case' de sucesso lá fora, tá cheia de problema".
Alto lá. Em primeiro lugar, o Brasil NÃO DIZ que tem o petróleo do pré-sal. Ele tem! E já atingiu a produção de 300 mil barris diários, perfurando apenas 17 poços.
Em segundo lugar, o Brasil sempre importou gasolina e nos 10 últimos anos é que mudou diretrizes e passou a investir para atingir a autosuficiência não só em petróleo extraído, mas também em combustíveis refinados.
Os demotucanos, antes de Lula, ficaram sem investir em refinarias desde a ditadura, desde 1980, porque os "jênios" demotucanos achavam que o retorno em lucros de uma refinaria era baixo em relação à outros investimentos mais lucrativos no curto prazo. Para entregar mais dividendos a "investidores estrangeiros", dane-se a auto-suficiência em combustíveis, segundo o pensamento demotucano, assim como eram adeptos de encomendar plataformas de petróleo no exterior. A Petrobras teria mais lucro importando gasolina do que investindo em refinarias, segundo os tucanos, e mudar isso atrapalharia os planos de privatizá-la. Só se esquecem de que se ficar na mão dos outros para refinar, a qualquer momento os outros que tem refinarias podem subir o preço à vontade no mercado internacional, nos deixando vulneráveis à uma "crise internacional" de combustíveis.
FHC passou 8 anos enrolando os governadores, e principalmente o povo, do Nordeste, sobre onde seria uma refinaria já pensada desde os anos 70. Usou essa discussão eleitoralmente para dar esperança aos eleitores de cada estado que disputava a refinaria, mas não fez nada de concreto para viabilizá-la.
Só quando Lula assumiu a presidência é que resolveu tirar as refinarias do papel, decidindo construir não uma, mas três: Em Pernambuco, no Ceará e no Maranhão. Justamente a de Pernambuco é a que iniciou primeiro as obras e deve entrar em operação em 2014. Em 2020, estarão todas em pleno funcionamento e o Brasil não só será autosuficiente também no refino de combustíveis, como estará exportando combustíveis refinados aqui.
Por ser o primeiro estado a ter uma nova refinaria após 33 anos, a última pessoa que deveria fazer qualquer crítica a esse respeito é o governador de Pernambuco, fosse quem fosse. No caso de Eduardo Campos, que foi (ou simulou ser) aliado de Lula para fazer sua carreira política, é muita falta de caráter fazer uma crítica destas.
Em terceiro lugar, a Petrobras continua sendo "case" de sucesso em qualquer lugar do mundo e "problemas" da empresa são os desafios de rotina de qualquer grande empresa, que basta existir para tê-los. É o PIG e a oposição (agora engrossada por Campos) que ficam dando dimensão sensacionalista a coisas corriqueiras. Eduardo Campos tinha obrigação é de defender a Petrobras diante de empresários, e não fazer côro com quem quer detoná-la por politicagem e para ganhar dinheiro fácil. Movimentos especulativos em bolsas de valores, inclusive explorados por megaespeculadores como Naji Nahas e bancos de investimentos, vem e passam. Na prática, quase nada interferem na operação da empresa, cujo planejamento é de médio e longo prazo, e não de quanto será a cotação na bolsa na próxima quarta-feira.
Em tempo: as críticas de Aécio à Petrobras foram tão insignificantes e sem noção, que nem o mais raivoso dos telejornais de oposição, o Jornal Nacional da TV Globo, levou a sério. Nem sequer noticiou.
Em tempo 2: por dever de ofício a Petrobras demoliu ponto por ponto as baboseiras demotucanas, no Fatos e Dados.
Um comentário:
A aliança do PT com o PMDB segundo Eduardo Campos já deu o que tinha que dar, não entendi, afinal a aliança também é com o seu partido, o PSB. Não posso crer que se pode almejar algo além com um discurso tão contraditório e sem sentido prático, parece mais uma Marina Silva, que trocou o PT por nada, o Cristóvão Buarque pelo PDT e a Heloísa Helena pelo desaparecimento. Se o País está melhorando num governo em que ele participa, como poderia melhorar justamente com alianças com aqueles que foram derrotados, ou seja, com aqueles que defendem o projeto anterior do desmonte e enfraquecimento do estado e alinhamento incondicional com os interesses dos EUA e Europa, abandonando um projeto de independência e protagonismo de nossa própria historia; história esta que foi interrompida com o golpe de 64 cujos seus apoiadores, muitos deles estão do lado de lá. O governo LULA e Dilma recolocou o trem de nosso protagonismo histórico nos trilhos e não seremos mais ingênuos para deixar que este país seja descarrilado. Se Roberto Campos quer ser um destes protagonistas que os substitua numa candidatura de consenso encabeçando uma chapa com o PT, não agora, quando Dilma tem todo o direito, dada a popularidade e condições reais de se reeleger, fora disso é só vaidade que contribui apenas para botar tudo a perder.
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