O ex-ministro José Dirceu conta que uma de suas avós em Minas Gerais –
ele é de lá, de Passa Quatro, nas terras altas da Mantiqueira — quando
queria dizer que alguém foi mal, partia para uma constatação breve:
“(fulano) apanhou de chinelo até chorar”.
Foi isso que aconteceu ontem com o candidato demotucano ao Planalto,
senador Aécio Neves, no debate da Rede Band, o primeiro da campanha
eleitoral do 2º turno. O senador Aécio apanhou, não chorou, mas a cara
de decepção e tristeza — às vezes de enfado até — do mediador,
jornalista Ricardo Boechat, dizia tudo.
A presidenta Dilma dominou o debate o tempo todo. Ela escolheu e impôs
os temas, o ritmo do confronto e colocou o candidato demotucano na
defensiva. Aécio parecia um principiante, um amador. Assustado com a
altivez e segurança da presidenta ele partiu para a ignorância,
agredindo-a. A presidenta se manteve altiva e serena.
Presidenta dominou o debate do começo ao fim
O senador passou a se esconder na arrogância e na ironia, com um
sorriso falso no rosto toda vez que a presidenta o confrontava com os
fatos. Como com os escândalos não investigados, impunes, simples e
lamentavelmente arquivados do governo FHC. Estes e outros, como os do
nepotismo e empreguismo do próprio Aécio no governo de Minas
(2003-2010), seus gastos com propaganda — parte feitos em rádios de sua
família —, o aeroporto construído em Cláudio (MG) com recursos públicos
para sua família e em terras da família, do tio-avô Múcio Tolentino…
E olha que a presidenta fez uma lista pequena dos escândalos impunes e
não investigados do governo FHC (mais de 40 escândalos nos 8 anos de
1995 a 2002), como o da compra de votos para aprovar a emenda da
reeleição, o do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), o da “pasta
rosa” (conluio de tucanos com banqueiros). Da mesma forma que arrolou
poucos dos muitos escândalos dos 8 anos de governo Aécio em Minas, como
esse da construção do aeroporto para presentear a família, o desvio de
R$ 7,5 bi da Saúde…
Ontem o Brasil pode, então, conhecer melhor o candidato tucano que foi
incapaz de apresentar qualquer proposta para o país. Ele se perdeu num
discurso de ódio e rancor contra o PT e de negação de todo e qualquer
avanço nesses últimos 12 anos, esteve perdido, errante e errático, a
não ser para dizer que vai continuar tudo o que fizemos na área social.
Promete continuar programas sociais como se fossem dissociados da política econômica
Promete, visivelmente sem convicção e sem convencer, que vai continuar
tudo o que os governos Lula e Dilma fizeram na área social como se esta
área fosse separada, ou não dependesse da política econômica que
Lula/Dilma implantaram. Política econômica que o futuro — nunca —
ministro da Fazenda de Aécio, Armínio Fraga, promete rever começando
pelo papel dos bancos públicos e pelo cálculo do salário mínimo, duas
de suas medidas impopulares que o candidato demotucano não teve coragem
de defender.
Confrontado com a memória dos governos tucanos, com o que marcou suas
gestões, como desemprego, inflação alta, baixo crescimento, e
endividamento, Aécio se escondeu e se apequenou. Principalmente quando
confrontado de novo com dados sobre segurança, educação e saúde em seus
governos em Minas.
Quando confrontado, então, com sua derrota na eleição do último dia 5
para governador de Minas e presidente da República em seu Estado, disse
candidamente que não era o governador e sim senador, dando a entender
que quem perdeu a eleição foi seu sucessor e o vice-governador que
assumiu o governo em maio último.
Uma vergonha! Uma covardia só!
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