Mantega bate em Armínio, assista
Armínio Fraga, cotado para assumir o
ministério da Fazenda em um eventual governo Aécio Neves (PSDB), chamou a
política atual do Brasil de esdrúxula, em meio a um quadro de inflação
alta e crescimento econômico baixo, durante debate que ocorre na noite
desta quinta-feira (9) com Guido Mantega, atualmente no ministério, em
programa de Miriam Leitão na Globo News.
"A inflação requer um
compromisso permanente para não sair do controle como ela saiu. O que
acontece no Brasil é uma situação esdrúxula, em meio a uma política
desordenada", atacou. "O importante agora é recuperar a confiança".
Por sua vez, quando questionado
sobre o problema da inflação, Mantega disse que a inflação está
atualmente em 6,75% no acumulado dos últimos 12 meses, mas não vai
terminar desta maneira. "Deve terminar em 6,4% em 2014. Temos hoje uma
pressão por conta da seca e energia elétrica, uma vez que as tarifas têm
que ser elevadas e isso cria uma pressão adicional, mas os alimentos
estão crescendo menos", disse. "A inflação está está sob controle. Faz
11 anos que cumprimos a meta da inflação".
Mantega lembrou ainda que
durante sete anos as commodities subiram, o que trouxeram pressões
inflacionárias, mas apontou que o governo fez uma política monetária
rigorosa este ano. "Não brincamos com a inflação. Quando Armínio era
presidente do Banco Central, ele pegou uma inflação em 9% e entregou em
12% em 2002", criticou.
Em resposta, Armínio disse que a
situação naquela época era diferente e que houve um "medo" da entrada
de Lula no governo, que puxou o dólar para uma disparada frente ao real,
e consequentemente trouxe uma enorme pressão inflacionária.
O ano de 2002 foi um ano de
crise, que foi a crise cambial. Uma das âncoras era a taxa cambial,
comentou. "A taxa de câmbio estava em R$ 2 e passou para R$ 4, ocorrendo
uma enorme pressão inflacionária. O problema era do governo Lula que se
aproximava".
Crise internacional
Questionado sobre a crise
internacional, o ministro da Fazenda explicou que só os Estados Unidos
estão ensaiando uma retomada, que ainda não é certa, o que acaba por
afetar os rumos da economia doméstica. Ele admitiu que esta é a maior
crise mundial.
“A crise mundial comprometeu o
crescimento de todos. Os europeus estão em franca desaceleração. A China
e a Índia também estão perdendo força. O mundo está passando por uma
crise complicada. Fica difícil crescer muito quando não há comércio e
mercado internacional”, explicou Mantega, completando que o Brasil
felizmente tem a China como seu principal parceiro comercial.
Além disso, o ministro que não
permanecerá no cargo ainda que Dilma Rousseff, do PT, seja reeleita,
afirmou que, na média, o país está crescendo mais.
“De 2008 a 2013, somos uma das
economias que mais cresceu. Entre os países do G20 somos o sexto país
que mais cresceu desde 2008”, explicou, citando a China, a Índia, a
Indonésia, a Arábia Saudita e Turquia como os países que tiveram um
desempenho melhor do que o Brasil neste período.
Por outro lado, Armínio foi
bastante critico sobre a situação da economia atualmente e disse que
isso não reflete uma crise internacional já que a mesma não existe.
“A economia mundial está se
recuperando. Estamos investindo muito pouco. A infraestrutura do país
está penando. O quadro de crise é mais interno do que externo e vem
piorando cada vez mais”, explicou o ex-presidente do Banco Central.
Além disso, Armínio disse que é
preciso reconhecer que o modelo atual fracassou. “É preciso ter bom
senso agora e perceber que hoje em dia não está funcionando. Precisamos
corrigir esse quadro, porque o Brasil não é um caso perdido”.
Mantega: Economia continua saudável
Evitando contestar as acusações
de que o Brasil está em situação pior que os seus principais pares,
Mantega foi contundente ao dizer que a economia do país é saudável.
“Apesar de crescer um pouco
menos, mantemos o mercado de consumo. Nossa economia ainda cresce e gera
emprego. Ter passado pela crise gerando emprego é uma prova do sucesso
de nossas política econômica”.
Em seu discurso, o ministro da
Fazenda citou o Bolsa Família e o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) como trunfos da gestão petista. “O mercado está ativo,
estabelecemos a inclusão social”.
Armínio: “Estamos com modelo econômico que não entrega crescimento”
No início do segundo bloco,
Mantega e Armínio foram questionados sobre as principais diferenças dos
programas econômicos das candidaturas de Dilma e Aécio.
Aliado do tucano, Armínio foi
contundente ao afirmar que o Brasil está com um modelo econômico que não
entrega crescimento, o que causa ainda mais dificuldades. “Este governo
tem muitas dificuldades em mobilizar capital. Cinco anos sem fazer
novas concessões de petróleo, no setor de rodovias e ferrovias. Nossa
proposta é fazer o país crescer com responsabilidade e transparência”,
explicou.
De acordo com Armínio, o país
está inseguro, registrando índices de confiança baixos. Por isso, ele
destaca que é preciso “arrumar a casa de maneira virtuosa, mobilizar
capital, fazer reformas, entre elas tributária, e atrair investimentos”.
Mantega, por sua vez, contestou
dizendo que apenas fundamentos não são suficientes e que o país precisa
de um regime anticíclico. Ele aproveitou para dizer que o plano
elaborado por Armínio poderia impulsionar as taxas de juros.
Armínio sobre bancos públicos: "Não sei bem o que vai sobrar"
'Financial Times': em confronto com Mantega, Armínio Fraga decepciona
Em artigo publicado no Financial Times
nesta sexta-feira (10), a jornalista Samantha Pearson destaca que, no
confronto entre o economista Armínio Fraga, apontado pelo tucano Aécio
Neves como seu futuro ministro da Fazenda, caso seja eleito, e o atual
ministro da Fazenda, Guido Mantega, Fraga decepcionou.
A jornalista destaca que Mantega
"certamente tem algumas explicações a dar", já que a economia deve
crescer "míseros 0,2% este ano" e que a inflação acumulada nos últimos
12 meses ficou em 6,75 por cento - acima do limite superior da faixa de
tolerância do país e muito acima da meta oficial de 4,5 por cento.
Segundo o texto, até o momento, Mantega e o PT culparam a crise
financeira mundial e que, "em suma, Mantega deveria ter sido um alvo
fácil."
De acordo com o FT, "Fraga teve
certamente os argumentos certos, contudo, Mantega "falou como um
político confiante, baseando-se (embora um pouco falho) em narrativas
populistas e coerentes", enquanto "em grande parte Fraga respondeu com o
pragmatismo frio e detalhes técnicos de um banqueiro central."
>> Para Armínio Fraga, crise econômica mundial acabou. FMI pensa diferente
Artigo do 'Financial Times' diz que Armínio Fraga decepcionou |
O
artigo destaca o comentário do jornalista brasileiro Sérgio Augusto no
Twitter: "Eu tinha esquecido o quão ruim Armínio Fraga está em
entrevistas e debates. Ele vem como tudo o que ele não é: inseguro e
falso."
Ainda segundo o FT, após oito
anos de Mantega como ministro da Fazenda, os investidores e empresários
podem receber um pouco de pragmatismo frio. "No entanto, não são essas
pessoas que Fraga tem que convencer — a grande maioria teria escolhido
Fraga sobre Mantega de qualquer maneira. Em vez disso, Fraga e o PSDB
precisam encontrar uma maneira de obter a mensagem econômica através da
média brasileira e desconstruir a crença comum de que o que é bom para
os mercados é ruim para as pessoas e vice-versa."
O texto conclui afirmando que,
"afinal, este não é apenas um debate econômico cordial: é guerra — a
batalha final pelo controle sobre o segundo maior mercado emergente do
mundo e as vidas de mais de 200 milhões de pessoas."
No JB
Armínio Fraga, cotado para assumir o
ministério da Fazenda em um eventual governo Aécio Neves (PSDB), chamou a
política atual do Brasil de esdrúxula, em meio a um quadro de inflação
alta e crescimento econômico baixo, durante debate que ocorre na noite
desta quinta-feira (9) com Guido Mantega, atualmente no ministério, em
programa de Miriam Leitão na Globo News.
"A inflação requer um
compromisso permanente para não sair do controle como ela saiu. O que
acontece no Brasil é uma situação esdrúxula, em meio a uma política
desordenada", atacou. "O importante agora é recuperar a confiança".
Por sua vez, quando questionado
sobre o problema da inflação, Mantega disse que a inflação está
atualmente em 6,75% no acumulado dos últimos 12 meses, mas não vai
terminar desta maneira. "Deve terminar em 6,4% em 2014. Temos hoje uma
pressão por conta da seca e energia elétrica, uma vez que as tarifas têm
que ser elevadas e isso cria uma pressão adicional, mas os alimentos
estão crescendo menos", disse. "A inflação está está sob controle. Faz
11 anos que cumprimos a meta da inflação".
Mantega lembrou ainda que
durante sete anos as commodities subiram, o que trouxeram pressões
inflacionárias, mas apontou que o governo fez uma política monetária
rigorosa este ano. "Não brincamos com a inflação. Quando Armínio era
presidente do Banco Central, ele pegou uma inflação em 9% e entregou em
12% em 2002", criticou.
Em resposta, Armínio disse que a
situação naquela época era diferente e que houve um "medo" da entrada
de Lula no governo, que puxou o dólar para uma disparada frente ao real,
e consequentemente trouxe uma enorme pressão inflacionária.
O ano de 2002 foi um ano de
crise, que foi a crise cambial. Uma das âncoras era a taxa cambial,
comentou. "A taxa de câmbio estava em R$ 2 e passou para R$ 4, ocorrendo
uma enorme pressão inflacionária. O problema era do governo Lula que se
aproximava".
Crise internacional
Questionado sobre a crise
internacional, o ministro da Fazenda explicou que só os Estados Unidos
estão ensaiando uma retomada, que ainda não é certa, o que acaba por
afetar os rumos da economia doméstica. Ele admitiu que esta é a maior
crise mundial.
“A crise mundial comprometeu o
crescimento de todos. Os europeus estão em franca desaceleração. A China
e a Índia também estão perdendo força. O mundo está passando por uma
crise complicada. Fica difícil crescer muito quando não há comércio e
mercado internacional”, explicou Mantega, completando que o Brasil
felizmente tem a China como seu principal parceiro comercial.
Além disso, o ministro que não
permanecerá no cargo ainda que Dilma Rousseff, do PT, seja reeleita,
afirmou que, na média, o país está crescendo mais.
“De 2008 a 2013, somos uma das
economias que mais cresceu. Entre os países do G20 somos o sexto país
que mais cresceu desde 2008”, explicou, citando a China, a Índia, a
Indonésia, a Arábia Saudita e Turquia como os países que tiveram um
desempenho melhor do que o Brasil neste período.
Por outro lado, Armínio foi
bastante critico sobre a situação da economia atualmente e disse que
isso não reflete uma crise internacional já que a mesma não existe.
“A economia mundial está se
recuperando. Estamos investindo muito pouco. A infraestrutura do país
está penando. O quadro de crise é mais interno do que externo e vem
piorando cada vez mais”, explicou o ex-presidente do Banco Central.
Além disso, Armínio disse que é
preciso reconhecer que o modelo atual fracassou. “É preciso ter bom
senso agora e perceber que hoje em dia não está funcionando. Precisamos
corrigir esse quadro, porque o Brasil não é um caso perdido”.
Mantega: Economia continua saudável
Evitando contestar as acusações
de que o Brasil está em situação pior que os seus principais pares,
Mantega foi contundente ao dizer que a economia do país é saudável.
“Apesar de crescer um pouco
menos, mantemos o mercado de consumo. Nossa economia ainda cresce e gera
emprego. Ter passado pela crise gerando emprego é uma prova do sucesso
de nossas política econômica”.
Em seu discurso, o ministro da
Fazenda citou o Bolsa Família e o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) como trunfos da gestão petista. “O mercado está ativo,
estabelecemos a inclusão social”.
Armínio: “Estamos com modelo econômico que não entrega crescimento”
No início do segundo bloco,
Mantega e Armínio foram questionados sobre as principais diferenças dos
programas econômicos das candidaturas de Dilma e Aécio.
Aliado do tucano, Armínio foi
contundente ao afirmar que o Brasil está com um modelo econômico que não
entrega crescimento, o que causa ainda mais dificuldades. “Este governo
tem muitas dificuldades em mobilizar capital. Cinco anos sem fazer
novas concessões de petróleo, no setor de rodovias e ferrovias. Nossa
proposta é fazer o país crescer com responsabilidade e transparência”,
explicou.
De acordo com Armínio, o país
está inseguro, registrando índices de confiança baixos. Por isso, ele
destaca que é preciso “arrumar a casa de maneira virtuosa, mobilizar
capital, fazer reformas, entre elas tributária, e atrair investimentos”.
Mantega, por sua vez, contestou
dizendo que apenas fundamentos não são suficientes e que o país precisa
de um regime anticíclico. Ele aproveitou para dizer que o plano
elaborado por Armínio poderia impulsionar as taxas de juros.
Armínio sobre bancos públicos: "Não sei bem o que vai sobrar"
'Financial Times': em confronto com Mantega, Armínio Fraga decepciona
Em artigo publicado no Financial Times
nesta sexta-feira (10), a jornalista Samantha Pearson destaca que, no
confronto entre o economista Armínio Fraga, apontado pelo tucano Aécio
Neves como seu futuro ministro da Fazenda, caso seja eleito, e o atual
ministro da Fazenda, Guido Mantega, Fraga decepcionou.
A jornalista destaca que Mantega
"certamente tem algumas explicações a dar", já que a economia deve
crescer "míseros 0,2% este ano" e que a inflação acumulada nos últimos
12 meses ficou em 6,75 por cento - acima do limite superior da faixa de
tolerância do país e muito acima da meta oficial de 4,5 por cento.
Segundo o texto, até o momento, Mantega e o PT culparam a crise
financeira mundial e que, "em suma, Mantega deveria ter sido um alvo
fácil."
De acordo com o FT, "Fraga teve
certamente os argumentos certos, contudo, Mantega "falou como um
político confiante, baseando-se (embora um pouco falho) em narrativas
populistas e coerentes", enquanto "em grande parte Fraga respondeu com o
pragmatismo frio e detalhes técnicos de um banqueiro central."
>> Para Armínio Fraga, crise econômica mundial acabou. FMI pensa diferente
Artigo do 'Financial Times' diz que Armínio Fraga decepcionou |
O
artigo destaca o comentário do jornalista brasileiro Sérgio Augusto no
Twitter: "Eu tinha esquecido o quão ruim Armínio Fraga está em
entrevistas e debates. Ele vem como tudo o que ele não é: inseguro e
falso."
Ainda segundo o FT, após oito
anos de Mantega como ministro da Fazenda, os investidores e empresários
podem receber um pouco de pragmatismo frio. "No entanto, não são essas
pessoas que Fraga tem que convencer — a grande maioria teria escolhido
Fraga sobre Mantega de qualquer maneira. Em vez disso, Fraga e o PSDB
precisam encontrar uma maneira de obter a mensagem econômica através da
média brasileira e desconstruir a crença comum de que o que é bom para
os mercados é ruim para as pessoas e vice-versa."
O texto conclui afirmando que,
"afinal, este não é apenas um debate econômico cordial: é guerra — a
batalha final pelo controle sobre o segundo maior mercado emergente do
mundo e as vidas de mais de 200 milhões de pessoas."
No JB
Do Blog CONTEXTO LIVRE.
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