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Hoje me deparo com um vídeo muito bem produzido tirando uma onda dos petistas. É
um vídeo que tem toda a cara de ter sido produzido em agência
publicitária. Alguns blogueiros apostam que é da agência do Guadalupe,
publicitário mineiro que faz campanhas para o PSDB. É curioso que eles
dão um peso igual a twitteiros e blogueiros e ativistas digitais e botam
no mesmo pacote Pablo Capilé e Pablo Villaça, Lola e Nassif, Rovai e
PHA, trata Sakamoto tão petista quanto José de Abreu e iguala todos a
Lula, Dilma, Suplicy, Genoino e tantos outros. Conheço muito blogueiro
que ficará bravo de não ter aparecido no vídeo do ‘exército petista’.
Isso é do jogo, publicitários em campanha eleitoral. Entretanto, os publicitários da campanha tucana contam também com a ajuda da mídia monopolizada, a Folha chega a mandar seus leitores se embebedarem durante o horário eleitoral, deve ser para não ver o vexame do programa vazio do seu candidato que uma twitteira sintetizou bem: “@claragomes: O candidato da meritocracia genealógica que dá a carteirada “sabe de quem eu sou neto?””
Desde
1989, a mídia monopolizada e reacionária segue o mesmo modus operandi:
manchetes casadas em jornais e revistas para serem retransmitidas no JN
ou vice-versa. Foi assim em 1989, 2003, 2006, 2010.
Algumas capas e perfis de candidatos feitos pela mídia seriam cômicos se não fossem trágicos. Em 2010
a Folha, por exemplo, teve a ousadia de publicar em primeira página uma
imagem feita em photoshop de uma ficha falsa da então candidata Dilma
Rousseff, produzida no esgoto da campanha dos partidários de Serra:
O
exemplo acima foi um entre tantos outros factoides que a campanha tucana
de Serra, Alckmin e agora de Aécio, em parceria com a mídia
monopolizada e conservadora inventaram e disseminaram pra iludir os
eleitores. Isso se repete em todas as campanhas eleitorais desde que
Lula entrou na cena política brasileira.
Nestas eleições esta parceria
mídia-tucanos não fazem questão nem de disfarçar. Todos os dias, em
todos os veículos da mídia que controla a comunicação e as verbas
publicitárias do poder público fazem campanha ininterrupta contra Dilma e
o PT. O Manchetômetro mostra isso em números assustadores, tal é a parcialidade dos ataques de uma mídia apartada há muito do jornalismo.
Chega
a ser hilário os perfis traçados pela Tribuna de Santos, igualando o
cargo de presidente da República ao de presidente do PSDB. Além do mau
caratismo do jornal que fala diretamente a seus leitores conservadores
atribuindo a Dilma como profissão o ‘ex-guerrilheira’. Se a nova mídia
trabalhasse neste registro desonesto poderia colocar ao lado do perfil
de Aécio: formado em economia e playboy,
baladeiro, rei do camarote, ‘pegador’, namorador de mulheres bem mais
jovens etc. como podemos ver no perfil do candidato traçado por seus
próprios amigos.
E o que dizer da campanha explícita da Folha nesta página?
No dia da eleição o perfil da Folha no Facebook divulgou o resultado do primeiro turno com peça de campanha de Aécio:
O vídeo de Aécio que foi
distribuído pelo What’s app e por outras redes, cometendo crime
eleitoral, já que fez uso de link patrocinado para distribuí-lo, teve
direito até à ‘matéria’ da Veja para que ele pudesse circular ainda
mais.
Enfim, faça um teste, abra a capa
dos principais jornalões de hoje e todos eles terão quase (se não a
mesma) manchete, cuidadosamente trabalhada ontem no ‘espelho’ do JN,
como bem explicou Azenha do Viomundo, neste post aqui.
Talvez,
a esperança de que a mídia monopolizada possa vencer as eleições por
Aécio estimule os partidários tucanos a tripudiarem tão cedo. Mas, cá
pra mim, acho que o vídeo e toda esta estratégia da campanha eleitoral
de Aécio é um tiro no pé.
Parece
que os tucanos esqueceram de que eleição só se ganha na apuração.
Esqueceram-se também de que a militância petista, ativistas dos direitos
humanos, a sociedade civil organizada, partidos políticos e políticos de esquerda para além das decisões de gabinete de seus partidos)
que conhece bem os governos tucanos e seu projeto neoliberal excludente
têm o que defender e como tem! E irão fazê-lo. Basta ver a mobilização dos setores progressistas em todo o país.
Porque o governo Dilma tem o que mostrar, tem projetos e políticas
públicas que merecem ser defendidas, ao contrário de seu adversário que,
mesmo com toda a mídia a seu favor, foi derrotado em casa e começa o
segundo turno com uma campanha vazia, dando “carteirada genealógica”
como disse a twitteira.
Ontem, no retorno dos programas eleitorais, isso ficou evidente.
O programa
eleitoral de Dilma foi politizado, disse ao eleitor com clareza de que
lado está. É uma campanha que faz política como não se via desde
1989. Dilma, além de mostrar as imensas realizações de seu governo, fez
um programa dialogando com o país inteiro, respondendo
também a desqualificada fala de FHC que menosprezou os eleitores
nordestinos que deram ampla maioria de votos a Dilma nas urnas, acirrando ainda mais o discurso de seres preconceituosos que vomitam suas sandices pela boca nas redes sociais como: aqui, aqui, aqui.
Já
o programa de seu adversário tucano resolveu reescrever a história,
ignorando os fatos. Ao menos o marqueteiro da campanha de Aécio acha que
pode prescindindo dos fatos. De acordo com a ‘nova história tucana” não
foram as greves do ABC com Lula; os movimento de mulheres, o movimento
negro, o movimento estudantil, o movimento campesino, enfim a parcela
progressista da sociedade civil organizada que combateu e resistiu à
ditadura. Muitos brasileiros foram presos, exilados, mortos e torturados
como Dilma Rousseff foi aos 19 anos. Segundo a “nova história” dos
tempos sombrios da ditadura militar contada no programa de Aécio, foi
seu avô que pôs fim a ditadura! Ou seja, Aécio vai de carona até na
memória do avô. Além das meias verdades contadas sobre Minas, que o
candidato, obviamente, não dirá em propaganda eleitoral que o estado que
ele desgovernou e no qual silenciou a mídia crítica perseguindo
jornalistas é: campeão de trabalho escravo (Aécio, inclusive, não assinou compromisso de combate ao trabalho escravo), não paga nem o piso nacional aos professores e quando se trata do ensino básico, sob responsabilidade do governo estadual, tem os piores índices, dentre outros vexames.
De
todo modo, penso que a interpretação dada à história da resistência à
ditadura militar assim como dar carteirada com o passado do avô (que se
comparado a Miguel Arraes vai ficar devendo muito em resistência, pois
Tancredo nunca foi perseguido pelos militares e Arraes foi para o
exílio) é trazer Dilma Rousseff, “coração valente”, para o centro da
sala, é trazer Dilma guria que aos 19 anos foi presa e torturada lutando
contra o regime militar.
Aécio, além de envergonhar os historiadores especialistas na questão,
acaba fazendo um grande favor ao PT, um partido nascido na luta contra a
Ditadura Militar. Se o programa de Dilma quiser, esmerilha este período
histórico e informa a uma galera jovem que não tem memória do passado o
que de fato foi e a importância que ela e seu partido tiveram naquele
contexto histórico.
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