A colunista Ruth Aquino, em artigo da Revista Época (PIG/RJ), tornou-se a piada pronta da "loira burra" (*) em pessoa, ao entender errado a "piada".
A piada (de mau gosto), no caso, é o anúncio de lingerie retratando Giselle Bundchen como uma espécie de... Loira burra!
E a loira burra da Revista Época, achou a anúncio "divertido", leve, maroto! (nas palavras dela).
A loira burra da Revista Época não entendeu que a propaganda é machista quando chama indiretamente as mulheres de "barbeiras" no trânsito, ao colocar Giselle como culpada de pegar o carro do "seu homem" e batê-lo.
A loira burra da Revista Época não entendeu que a propaganda é machista quando retrata a mulher como se seu papel fosse só de consumidora voraz, estourando o cartão de crédito do "seu homem".
A loira burra da Revista Época não entendeu que a propaganda é machista quando faz apologia da figura da mulher submissa sexualmente, que não seduz por desejo próprio, natural, e sim por necessidade de agradar "ou acalmar seu homem".
A loira burra da Revista Época não entendeu que, por mais que a propaganda tente recorrer ao humor, a piada é machista, de mau gosto para a imagem da mulher bem resolvida do século XXI.
A loura burra da Revista Época entendeu errado, que seria o fato de Giselle aparecer de lingerie é que faria o anúncio retratar a mulher como objeto sexual. Ela até contra-argumenta que homens "sarados" também aparecem sem camisa ou semi-nus em novelas, e nem por isso alguém protesta.
Ora a crítica nunca foi à sensualidade da mulher brasileira, não é quanto à aparecer de lingerie. Toda propaganda de lingerie mostra mulheres de lingerie, muitas até mais ousadas, sem qualquer protesto. E esta da Giselle é até "careta" no tamanho das peças e sem cenas provocantes.
A questão está no roteiro do comercial, ao vincular o uso da sensualidade e sedução ao medo, à submissão, ao esteriótipo da mulher inepta para dirigir um carro e as finanças, só servindo para deleite sexual do "macho".
O êxtase da burrice na coluna dela é a "teoria inversa". Eis o que ela escreveu:
"Que tal uma teoria inversa? O anúncio na verdade mostraria o homem como objeto de manipulação das mulheres e não o contrário. O homem é um tolo que cai de quatro para o poder da sedução feminina. Em vez de macho fulo de raiva com o cartão de crédito estourado, o carro batido e a vinda da sogra, o marido invisível se submete, dócil, ao charme de sua mulher."
A "teoria inversa" seria boa, se retratasse Giselle usando o poder da sedução feminina para comemorar uma vitória dela, como ter ganho um prêmio, assinado um contrato profissional de sucesso ou de compra da casa própria para o casal pagar; passar em um concurso difícil; valeria até contar que ganhou na loteria, ou ousar colocando-a pedindo o homem em casamento, mas nunca retratar a mulher numa situação de medo para não sofrer consequências.
Que tal aprofundarmos a "teoria inversa" da loira burra da Revista Época?
Se a mulher não exercer seu "poder da sedução feminina" quais seriam as consequências para ela diante do "macho fulo de raiva" (na palavras da loira burra da revista Época)? Justificaria a violência doméstica? Só restaria recorrer à lei Maria da Penha? E, ainda por cima, a culpa seria da mulher porque não fez o "certo" da propaganda, que diz ser contar más notícias vestida de lingerie?
E no trabalho? Como a mulher se livra de uma situação de assédio moral, diante de algo que deu errado? Exigindo respeito ou "usando seu charme"?
Pois é... pela mesma "teoria inversa" esses exemplos são alguns dos efeitos colaterais de espalhar esse tipo de idéia na propaganda "marota". Dissemina os piores instintos na cultura da sociedade.
Outro argumento da colunista digno de "loira burra" é dizer:
"o governo recebeu 15 – quinze! – queixas de telespectadores indignados com a publicidade. Uma multidão. Por isso, a ministra Iriny Lopes foi à luta contra a lingerie incorreta.A loira burra da Revista Época não entendeu duas coisas básicas:
1) basta olhar na internet as reações ao anúncio, para constatar que não são apenas "15 telespectadores indignados" que acham a propaganda ruim.
2) bastaria uma única queixa racional e bem fundamentada, para a Secretaria de Políticas das Mulheres entender que fazia sentido reclamar ao CONAR (Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária), órgão que sequer é estatal, é do próprio mercado publicitário. E que o CONAR existe para isso: quem não gosta, reclama. Todo mundo tem o direito de reclamar, inclusive um órgão de governo representativo da sociedade.
Poderia me estender mais nas críticas sobre o artigo da colunista, mas deixa pra lá... Será que adianta explicar mais? Será que a loira burra da Revista Época entenderia?
Em tempo: (*) Loura burra, aqui, só se refere à colunista da Revista Época, nada tendo a ver com as demais louras inteligentes, inclusive a própria Giselle Bundchen que, na vida real, mostra-se bem mais inteligente e vitoriosa do que a personagem roteirizada na propaganda.
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