Assim como no último dia sete de setembro, hoje, no doze de outubro,
foram organizadas marchas em várias cidades do país contra a corrupção.
Assim como no dia da independência, com exceção de Brasília que viveu
recentemente os graves episódios do escândalo de corrupção de Arruda/DEM
e a decepção com a absolvição de Jaqueline Roriz, e, portanto, com
maior motivação, nas demais cidades as marchas se tornaram fracassos
retumbantes, principalmente tendo em vista que receberam apoio e
divulgação gratuita dos principais meios de comunicação, que viram
nesses atos uma possibilidade de direcionar algum desgaste ao governo
federal.
Não considero golpista a maioria das pessoas que comparecem a essas
marchas. Excluindo seus organizadores, que provavelmente recebem
recursos de “doadores ocultos interessados” para adquirir vassouras,
faixas e camisas e pagar panfletos e carros de som, a velha mídia,
alguns cansados e alguns artistas decadentes em busca de holofotes, boa
parte dessas pessoas são apenas jovens e adultos de classe média
realmente indignados com casos de corrupção, que só aparecem agora
porque as instituições passaram a funcionar, as investigações não são
mais abafadas e o partido aliado da velha mídia não está mais no poder
central.
Esses jovens e adultos bem-intencionados que por serem despolitizados e
alienados quanto à realidade do sistema político brasileiro, acabam por
serem alvos fáceis para serem usados como massa de manobra de setores
organizados e alijados do poder, que não se importam em conseguir seus
objetivos por caminhos que não seja o da democracia.
Eles não percebem estar sendo manipulados porque não tem acesso ao
contraditório, são facilmente levados a acreditar no que a velha mídia
quer que eles acreditem. Por exemplo, apesar de se dizer apartidária e
não atacar diretamente o governo Dilma, entre as “reivindicações” dos
manifestantes estão o voto distrital e o fim da reeleição, ou seja, tudo
que os porta-vozes das redações vêm pregando em repetitivos editoriais e
análises de seus paus-mandados.
O voto distrital é um mini-golpe para tentar salvar uma oposição sem
voto e o fim da reeleição um oportunismo barato, pois, há catorze anos,
defendiam a sua criação para favorecer FHC, aliás, é melhor abrirem o
olho ao recente apoio dos veículos de comunicação à proposta do Michel
Temer de se fazer um plebiscito para definir a reforma política. A
aposta da velha mídia é que se não conseguem eleger seus preferidos, a
possibilidade de engabelar a população em um plebiscito é maior, visto
que conseguiram o impensável no plebiscito do desarmamento.
Os manifestantes da marcha da manobra não entendem porque os movimentos
sociais não aderem aos seus atos e, acabam por fazer eco aos rancorosos
da imprensa que tentam vincular o não engajamento ao falso argumento de
rendição ao governo federal e ao PT, quando na verdade, este engajamento
não existe porque esses movimentos sociais são politizados e conhecem o
cenário político nacional o suficiente para entender que qualquer
movimento apoiado por veículos de comunicação que deram sustentação e
apoio à ditadura militar, além de minimizar seus crimes e boicotaram as
manifestações pelas Diretas, possuem nefastas segundas intenções porque
não estariam envolvidos em qualquer manifestação que fosse para o bem
estar social, visto que historicamente criminalizam esses movimentos e
tratam manifestação de protesto como baderna de desocupados quando são
contra seus aliados.
Eu posso estar sendo apenas otimista demais, mas talvez essa seja uma
oportunidade para esses manobrados tomarem conhecimento e entenderem o
que existe por detrás de gestos “espontâneos” de determinados grupos e
se politizarem passando a combater os verdadeiros vilões da corrupção: o
corruptor e a imprensa que os protege. O debate é sempre importante e
as redes sociais podem cumprir um papel de fazer essa conexão, pois,
quando as pessoas entram em contato com o contraditório se tornam mais
resistentes à manipulação.
Fonte da imagem ilustrativa: http://ksbruno.blogspot.com/2011/07/psicologia-do-efeito-manada.html Autor: não informado.
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