O jornalismo
irresponsável da Veja transformou o médico José Roberto Pagura em
milagroso, no maior neurologista brasileiro, no homem capaz de
ressuscitar condenados. Criou-se essa lenda a partir de dois engodos
criados pelo próprio Pagura: o suposto salvamento da modelo Cláudiz Liz,
vítima de um ataque anafilático, e o suposto salvamento de Osmar
Santos, vítima de acidente de automóvel.
Para
incensá-lo, a revista não se pejou de tentar destruir duas reputações: a
da Clínica Santé (que salvou de fato Cláudia Liz) e a Santa Casa de
Lins (que salvou Osmar Santos).
Na época denunciei as duas tramas.
Luis Nassif
Ex-secretário de Esportes de São Paulo é indiciado por formação de quadrilha
Pagura,
que é médico, também responderá por falsificação de documentos; ele é
acusado de ter recebido por plantões que nunca deu em hospital de
Sorocaba
Pagura deixou o governo de São Paulo após denúncia de fraude Ayrton Vignola/AE |
José Maria Tomazela / SOROCABA, SP - O Estado de S.PauloO
ex-secretário de Esportes, Lazer e Juventude do Governo de São Paulo, o
neurocirurgião Jorge Roberto Pagura, foi indiciado nesta quarta-feira,
5, no inquérito que apura fraudes em licitações e pagamentos indevidos
por plantões médicos no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). Pagura
foi ouvido por promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado (Gaeco) na sede do Ministério Público de São Paulo. Ele
saiu da audiência sem dizer nada, por orientação de seu advogado, que
entende que a investigação é nula. De acordo com o MPE, Pagura
responderá a inquérito pelos crimes de formação de quadrilha e
falsificação de documentos. O advogado Frederico Crissiuma de Figueiredo
alega que ele não cometeu nenhuma irregularidade.
O
médico é acusado de ter recebido por plantões que nunca deu no hospital
de Sorocaba. As fraudes causaram as prisões de 12 pessoas em junho
deste ano - todas foram libertadas dias depois e respondem ao inquérito
em liberdade. Pagura não foi preso, mas assim que as investigações se
tornaram públicas, ele pediu demissão do cargo ao governador Geraldo
Alckmin. Durante as investigações o ex-secretário foi apanhado numa
escuta telefônica conversando com o ex-diretor do CHS, Roberto Salim,
sobre os plantões. Segundo a investigação, Salim propõe que Pagura
assine o ponto de frequência em outro hospital. "O seu ponto está sob
controle, mas daí vamos tomar cuidado. Semana que vem vamos pôr em algum
lugar mais seguro", afirma Salim, durante a gravação.
A
Polícia Civil também encontrou num armário da Diretoria Regional de
Saúde de Sorocaba folhas de controle da frequência de Pagura nos
plantões entre 2009 e 2010, mas ele não teria comparecido para dar
expediente. De acordo com o advogado, seu cliente era secretário de
Estado no período da investigação e só poderia ter seu sigilo telefônico
quebrado pelo Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, e não pela justiça
de Sorocaba, como ocorreu. "Entendo que a investigação é nula e, se ele
prestasse depoimento, estaria convalidando a ilegalidade", disse.
Apesar disso, Crissiuma Filho juntou ao inquérito cópias dos
esclarecimentos prestados por Pagura em sindicância aberta pelo
Ministério da Saúde para apurar as denúncias. "Está bem claro ali que
meu cliente nunca fez nem recebeu por plantões no hospital de Sorocaba.
Ele era contratado para prestar assessoria na instalação de um centro de
neurocirurgia e pediu a rescisão do contrato assim que foi nomeado para
a Secretaria."
Promotores e
delegados da Polícia Civil também ouviram nesta quarta em Sorocaba, o
depoimento do ex-diretor do CHS, Sidney Abdalla, acusado da prática de
irregularidades em licitações. Ele depôs na companhia de três advogados.
Eles disseram que Abdalla não teve qualquer participação no esquema de
fraudes e, desde o início, colabora com as investigações. O ex-diretor
foi indiciado pelos crimes de favorecimento em licitações, prorrogação
ilegal de contratos e formação de quadrilha. O inquérito, que já tem
mais de 40 indiciados, deve ser enviado este mês à Justiça.
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