Relatório analisa a intensificação das relações comerciais e dos investimentos a partir de 2003.
19 de outubro de 2011
AGÊNCIA ESTADO
Da BBC Brasil em Brasília – Outrora pedaços de um único território, Brasil e África estão desenvolvendo um modelo de relações que tem o potencial de religar as duas margens do Atlântico Sul, segundo um relatório do Banco Mundial obtido pela BBC Brasil.O documento, cuja versão inicial deve ser divulgada no fim deste mês, analisa a intensificação das relações entre Brasil e África a partir de 2003, quando o governo Luiz Inácio Lula da Silva elegeu o continente como uma das prioridades de sua política externa, parte da estratégia de ampliar a influência brasileira no mundo.
“Há cerca de 200 milhões de anos, África e Brasil integravam o continente de Gondwana. Hoje, ambos estão restabelecendo conexões que podem criar impactos significativos na prosperidade e no desenvolvimento dos dois”, afirma o Banco Mundial.
Segundo o relatório, um dos principais aspectos dessa aproximação foi o incremento no comércio entre Brasil e países africanos, que quintuplicou entre 2000 e 2010, passando de US$ 4 bilhões para US$ 20 bilhões.
O banco salienta o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nessa relação: em 2008, o banco emprestou US$ 477 milhões (R$ 838 milhões) a empresas brasileiras com operações na África; em 2010, o valor subiu para US$ 649 milhões (R$ 1,14 bilhão).
Essas companhias, afirma o relatório, estão presentes em quase todo o continente e atuam sobretudo nos setores de infraestrutura, energia e mineração.
Embora a operação dessas empresas na África tenha se tornado mais visível nos últimos anos, o documento diz que elas começaram a atuar no continente nos anos 1980, o que hoje as deixa em posição privilegiada.
Outro aspecto destacado pelo Banco Mundial é que as companhias brasileiras tendem a contratar trabalhadores locais em seus projetos, favorecendo sua capacitação profissional. Essa postura contrasta com a da China, que nos últimos anos tornou-se principal parceira econômica de muitos países africanos, mas às vezes é contestada por empregar majoritariamente operários chineses em seus empreendimentos no continente.
O Banco Mundial também cita o papel desempenhado por pequenas e médias empresas brasileiras na África. Segundo o relatório, numa feira de negócios em São Paulo em abril de 2010, companhias brasileiras e africanas fecharam acordos de US$ 25 milhões nos setores de bebidas, alimentos, roupas, calçados, automóveis, eletrônicos, construção e cosméticos.
Programas de cooperação
Além da aproximação comercial, o relatório trata da crescente cooperação entre Brasil e nações africanas nos setores de agricultura, saúde, energia, proteção social e capacitação profissional.
O banco afirma que, graças a características geofísicas comuns (como clima e tipos de solo), a tecnologia brasileira costuma se adaptar a muitas regiões africanas. Diz ainda que sucessos recentes do Brasil nos campos social e econômico atraíram a atenção de muitos países na África, além dos lusófonos com quem o Brasil tem conexões históricas.
O relatório cita parcerias entre os governos do Brasil e de países africanos para o tratamento de HIV/Aids, malária e anemia falciforme e diz que a experiência brasileira em proteção social está sendo adaptada e replicada no Quênia, Senegal e em Angola.
Ainda assim, afirma que, como esses projetos começaram há menos de dez anos, é difícil mensurar seus resultados.
“No entanto, em muitos casos, resultados iniciais têm sido positivos, destacando o potencial para uma relação mais sólida e de longo prazo”, conclui o Banco Mundial.
Postado por Luis Favre
Comentários Tags: Africa, comércio externo, cooperação, governo Dilma, governo Lula, investimentos
Do Blog do Favre.
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