A Doutrina do Choque (2009): documentário dirigido por M. Whitercross e M. Winterbottom, roteiro de Naomi Klein.
Naomi Klein põe um fim ao mito de que o mercado livre global triunfou
democraticamente.Expondo o modo de pensar, o rasto do dinheiro e os fios
de marioneta por detrás das crises e guerras mundiais das últimas
quatro décadas, "A Doutrina do Choque" é a história absorvente de como
as políticas de "mercado livre" da América têm vindo a dominar o mundo -
através da exploração de povos e países em choque devido a inúmeros
desastres.
Na conjuntura mais caótica da guerra civil do Iraque, é apresentada uma
nova lei que permitiria à Shell e à BP reclamar para si as vastas
reservas petrolíferas do país... Imediatamente a seguir ao 11 de
Setembro, a administração Bush concessiona, sem alarido, a gestão da
"Guerra contra o Terror" à Halliburton e à Blackwater... Depois de um
tsunami varrer as costas do sudeste asiático, as praias intocadas são
leiloadas ao desbarato a resorts turísticos... Os residentes de Nova
Orleans, espalhados pelo furacão Katrina, descobrem que as suas
habitações sociais, os seus hospitais e as suas escolas jamais serão
reabertas...
Estes acontecimentos são exemplos da "doutrina de choque": o
aproveitamento da desorientação pública no seguimento de enormes choques
colectivos - guerras, ataques terroristas ou desastres naturais - para
ganhar controlo impondo uma terapia de choque econômica. Por vezes,
quando os dois primeiros choques não são bem sucedidos em eliminar a
resistência, é empregue um terceiro choque: o eléctrodo na cela da
prisão ou a arma Taser nas ruas.
Baseado em investigações históricas inovadoras e em quatro anos de
relatos no terreno em zonas de desastre, "A Doutrina do Choque" mostra
de forma vívida que o capitalismo de desastre - a rápida reorganização
corporativa de sociedades que tentam recuperar do choque - não começou
com o 11 de Setembro de 2001.
O livro traça um percurso das suas origens que nos leva há cinquenta
anos atrás, à Universidade de Chicago sob o domínio de Milton Friedman,
que produziu muitos dos principais pensadores neoconservadores e
neoliberais cuja influência, nos nossos dias, ainda é profunda em
Washington. São estabelecidas novas e surpreendentes ligações entre a
política econômica, a guerra de "choque e pavor" e as experiências
secretas financiadas pela CIA em electrochoques e privação sensorial na
década de 1950, pesquisa essa que ajudou a escrever os manuais de
tortura usados hoje na Baía de Guantánamo.
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