sábado, 29 de junho de 2013

"Golpe". Assim Veja classifica o plebiscito


No editorial desta semana, a revista semanal da Editora Abril toma posição e afirma que o povo não está preparado para decidir sobre temas complicados, como a reforma política; "não se faz plebiscito para jogar nos ombros das pessoas o peso de decisões sobre o funcionamento de coisas complexas", diz o texto de Eurípedes Alcântara; ou seja: o povo é bom para protestar (especialmente contra o PT), mas não para decidir
Na lógica da revista Veja, o povo serve para protestar (especialmente se for contra o PT), mas não para decidir. É o que fica claro no editorial desta semana da publicação da Abril, chamado "Plebiscito é golpe".
De autoria do diretor de redação Eurípedes Alcântara, o texto é uma clara demonstração de elitismo conservador. "Não se faz plebiscito para jogar nos ombros das pessoas o peso de decisões sobre o funcionamento de coisas complexas. As pessoas não podem ser obrigadas a decidir exatamente como as instituições devem funcionar", diz o editorial.
Numa clara demonstração de ignorância, má-fé ou ambos, o editorial diz que os brasileiros foram às ruas para exigir a "reforma dos políticos, não uma reforma política". Ocorre que Eurípedes não é desinformado a ponto de desconhecer que são as instituições que fazem os homens. Por isso mesmo, o debate mais avançado em ciência política diz respeito ao melhor desenho institucional para as sociedades – uma vez que até pessoas de boa fé, num sistema corrompido, excessivamente dependente do capital privado, também se corrompem se for essa a lógica para se eleger e se manter no poder.
O plebiscito, ao discutir temas como o financiamento público de campanha, pode chegar à raiz do problema, mas o fato é que, na lógica de Veja, não faz sentido qualquer mudança. O que parece interessar é a permanência de um sistema viciado onde, a cada governo, os mesmos escândalos se repitam.”

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