“No editorial desta semana, a revista
semanal da Editora Abril toma posição e afirma que o povo não está preparado
para decidir sobre temas complicados, como a reforma política; "não se faz
plebiscito para jogar nos ombros das pessoas o peso de decisões sobre o
funcionamento de coisas complexas", diz o texto de Eurípedes Alcântara; ou
seja: o povo é bom para protestar (especialmente contra o PT), mas não para
decidir
Na lógica da revista Veja, o povo serve
para protestar (especialmente se for contra o PT), mas não para decidir. É o
que fica claro no editorial desta semana da publicação da Abril, chamado
"Plebiscito é golpe".
De autoria do diretor de redação Eurípedes
Alcântara, o texto é uma clara demonstração de elitismo conservador. "Não
se faz plebiscito para jogar nos ombros das pessoas o peso de decisões sobre o
funcionamento de coisas complexas. As pessoas não podem ser obrigadas a decidir
exatamente como as instituições devem funcionar", diz o editorial.
Numa clara demonstração de ignorância,
má-fé ou ambos, o editorial diz que os brasileiros foram às ruas para exigir a
"reforma dos políticos, não uma reforma política". Ocorre que
Eurípedes não é desinformado a ponto de desconhecer que são as instituições que
fazem os homens. Por isso mesmo, o debate mais avançado em ciência política diz
respeito ao melhor desenho institucional para as sociedades – uma vez que até
pessoas de boa fé, num sistema corrompido, excessivamente dependente do capital
privado, também se corrompem se for essa a lógica para se eleger e se manter no
poder.
O plebiscito, ao discutir temas como o
financiamento público de campanha, pode chegar à raiz do problema, mas o fato é
que, na lógica de Veja, não faz sentido qualquer mudança. O que parece
interessar é a permanência de um sistema viciado onde, a cada governo, os
mesmos escândalos se repitam.”
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