domingo, 30 de junho de 2013

Conta outra, Datafolha


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O instituto Datafolha até que dava para enganar um pouco enquanto estava se limitando a falar em queda da popularidade. Em momento de alarmismo seria possível muita gente que avalia a gestão Dilma como Boa passar a responder Regular. E voltar a responder "Boa" de novo após a poeira baixar.
Agora que o instituto divulgou essa pesquisa de intenção de voto, nem dá mais para levar a sério, tamanha a falta de lógica dos números.
Segundo o Datafolha, as intenções de voto em Dilma teria caído a 30%. Isso é exatamente igual ao que o instituto diz ser a avaliação de Ótimo/bom. Ninguém respondeu regular ? Me parece impossível. Vá lá que nesse momento, quase de histeria no noticiário, Dilma tenha perdido alguns pontos, mas não deve ser tanto assim. É preciso aguardar outras pesquisas mais confiáveis.
Marina Silva ter subido na pesquisa (de 16% para 23%) não deixa de ser previsível, apesar do número parecer inflado. Ela está apostando na negação da política, e este pode ter sido seu melhor momento.
O que queima o filme do Datafolha de vez, e não dá para acreditar, é que Aécio Neves (PSDB-MG), tenha subido (de 14% para 17%). Aécio é político tradicional e profissional. Ele nunca trabalhou em outra coisa na vida. Só em cargos nomeados por políticos, depois foi deputado, governador e agora senador. Tem imagem associada aos privilégios daquele tipo de político que ganha muito, usufrui das mamatas dos cargos, de nepotismo e trabalha pouco. Ele vem de família oligárquica política há pelo menos três gerações. Tem a imagem nítida do político rejeitado nas passeatas recentes. Não tem a mínima chance do tucano subir nas pesquisas neste momento.
Além disso, como explicar as passeatas em Belo Horizonte estarem entre as maiores e mais violentas? As críticas que estão tentando direcionar apenas para Dilma, atinge em maior grau Aécio. O que ele fez pela saúde e educação em Minas, quando foi governador? Em vez de construir hospitais e escolas fez um palácio bilionário em um centro administrativo. E foi ele quem controlou a licitação e contrato para reformas no Mineirão, e é o responsável por aceitar e pagar os custos das obras.
Aliás, em uma pesquisa feita apenas entre os manifestantes durante em Belo Horizonte, Aécio ficou em quarto lugar entre os presidenciáveis.
Por fim, ele não mostrou liderança durante os protestos, para se favorecer. Esperou a presidenta se manifestar para apenas rebater, e ainda foi na contramão da opinião pública, indo contra o plebiscito para a reforma política, coisa que conta com amplo apoio popular.
Então não dá para engolir esse estória de Aécio subido na pesquisa.
Eduardo Campos também subiu neste Datafolha sinistro (de 4% para 7%). É outro mistério. Ele também tem um perfil de político próximo ao de Aécio.
A lógica indica que nenhum político tradicional saiu propriamente bem na fita nestes protestos. Todos precisam dar respostas à população. Se Dilma realmente tivesse caído muito, a pesquisa deveria indicar queda de todos, ou então, pela lógica, a pesquisa não está honesta.
O Datafolha tem um histórico de soltar pesquisas, digamos, anormais, e favoráveis aos tucanos, em períodos distantes das eleições. Em maio de 2010, quando todos os outros institutos já mostravam Dilma ultrapassando Serra, o Datafolha destoava, e continuou mostrando Serra na frente até julho. Em agosto, o Datafolha se ajustou aos números dos demais institutos (Figura abaixo).
Por tudo isso não dá para levar essa pesquisa a sério. Temos que aguardar outras. Isso sem negligenciar a voz das ruas
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