Esta terça-feira marcou uma inflexão não nas manifestações, que
continuam no mesmo ritmo e crescendo, pacíficas, com uma agenda ampla,
com participação variada, incluindo desde movimento como o Passe Livre
até anarquistas, punks, jovens de classe média e da periferia,
profissionais, entidades estudantis, movimentos sociais e populares,
movimentos culturais e de protesto e luta de todos os tipos e das redes.
A novidade, para pior, foi a tentativa de virar o movimento contra o PT e
seus governos, de levar para dentro do movimento temas ausentes. A
tentativa de dar uma guinada no movimento conta com a cobertura – como
não poderia deixar de ser – da mídia, a mesma que pediu repressão contra
“os vândalos e baderneiros” e foi atendida. Foi a mesma repressão
típica das ditaduras. O repúdio a essa repressão foi uma das principais
razões das manifestações gigantescas de segunda-feira.
O problema, para a mídia, especialmente a Globo, é que ela é alvo das
manifestações. E pior, a Copa é sua principal fonte de receita.
O mais grave foi a retirada de propósito da Polícia Militar da cidade de
São Paulo e a depredação da sede da Prefeitura e os saques na avenida
Paulista e em outros locais da cidade por grupos organizados, que podem
ser identificados pelas autoridades.
E mais grave ainda foram as TVs Record e Globo, sem nenhum pudor, depois
de exigir repressão e desqualificar os protestos, de tentar virar e se
apoderar os movimentos e transformá-los em atos políticos contra o
governo.
Frente a essa nova realidade, cabe ao PT e todos que apoiam e acreditam
no nosso projeto político, e mesmo os insatisfeitos e críticos, cerrarem
fileiras na defesa da democracia, já que não podemos vacilar.
O que está em jogo é a democracia, ameaçada não pelas manifestações
pacíficas – onde muitos setores legitimamente são de oposição e críticos
do governo –, protestando contra a Copa, por melhores condições de
transporte e vida, por mais educação e saúde, contra a corrupção, contra
o atual sistema político.
O que, sim, nos importa é a tentativa de usar e dirigir as manifestações
não apenas contra os governos do PT, mas também para desestabilizar,
repito, a democracia brasileira.
Só há uma maneira de responder a essa tentativa que nos remete ao
passado, quando a mídia manipulava movimentos de protestos contra
governos de esquerda e democráticos: ir para as ruas e ao mesmo tempo atender as demandas das ruas,
aprofundando as reformas e as mudanças no país. Mudando radicalmente a
política de transportes e de mobilidade, de ocupação do solo, fazendo
uma reforma tributária para destinar mais recursos para a saúde e a
educação, saneamento, transporte, lazer e cultura. Para inverter o
caráter regressivo e injusto, social e regional de nosso sistema
tributário, no qual quem ganha menos paga mais, um resquício do passado.
E também fazendo a reforma política, acabando com o predomínio do
dinheiro nas campanhas, bandeira pela qual o PT solitariamente tem
lutado.
Avançar, e não recuar, no modelo de desenvolvimento, não aceitando em
hipótese alguma a volta às políticas neoliberais em que o mercado e o
rentismo – e não a nação, o Estado e o povo – são os beneficiados do
crescimento e da riqueza.
No Blog do Zé
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