Foi bom enquanto durou.
Desde o início fui um defensor das manifestações que ocorreram nas ruas do país.
Eu estava em São Paulo na primeira manifestação do Movimento Passe Livre pela redução de R$ 0,20 centavos na tarifa do transporte coletivo.
Poucos manifestantes de esquerda que têm uma causa clara, o passe livre: passagem de ônibus e metrô totalmente gratuita, sendo paga pelos impostos, principalmente por quem anda de carro. Eu apoio!
A Polícia Militar de São Paulo bateu nos manifestantes e a velha mídia e os conservadores/ reacionários/ direitistas aplaudiram.
Dias depois o movimento cresceu ainda com manifestantes conscientes e progressistas, com maior cobertura da imprensa. Dessa vez os manifestantes apanharam novamente da PM truculenta, mas dessa vez jornalistas da velha mídia (Folha) e das novas mídias independentes e progressistas também levaram balas de borracha na cara e gás lacrimogêneo.
Agora a velha mídia e a população se indignaram.
Virou “modinha” ir para as ruas, com “neomanifestantes” jovens ou não tão jovens assim que nunca se manifestaram para nada de interesse público. As manifestações se alastraram pelo país.
Mas aos poucos grupos conservadores/ reacionários/ de direita da classe-média começaram a tomar conta de um movimento cada vez mais descontrolado.
O MPL e outros movimentos conseguiram baixar a tarifa em suas cidades.
E pautas conservadoras ou golpistas começaram a tomar conta das manifestações.
Cartazes e faixas como “Fora Dilma”, “Fora casamento Homoafetivo”, “Pela redução da maioridade penal”, “Pela criminalização do aborto”, “‘mensaleiros’ na cadeia”, “Pelo fim dos partidos políticos”, entre outras besteiras, começaram a tomar as ruas.
Os primeiros casos de vandalismo explícito começaram a destruir bens públicos e privados, inclusive com saques.
Até causas interessantes como o questionamento com os gastos para a Copa do Mundo e por mais dinheiro para a saúde, educação e segurança, começaram a ficar sem sentido e parecendo uma simples repetição de discurso superficial e anti-governo federal.
Contradições começaram a aparecer como “mais dinheiro para a saúde e educação” e “diminuição dos impostos”.
Manifestantes que sempre participaram das questões de interesse público no país, como pessoas comuns filiadas a partidos, sindicalistas e participantes de movimentos sociais começaram a sofrer verbal e fisicamente agressões de fascistas e/ou alienados políticos.
Mas ontem (21) o movimento acabou. Dia 20 o MPL saiu das manifestações por conseguirem a diminuição das tarifas e pela “direitização” das manifestações. Mas ontem acabou de vez. Rio de janeiro, São Paulo, Curitiba e em várias outras cidades do país os vândalos tomaram conta e destruíram, e muito, bens públicos e privados como prefeituras, igrejas, lojas, museus, entre outros.
Muito dinheiro público que poderia ser utilizado para a saúde e educação, bandeiras do início do movimento, vão ser utilizados para reforma de postes, edifícios e outros bens públicos.
O movimento foi válido até ontem. Crianças, adolescentes, jovens e até alguns não tão jovens manifestaram-se e discutiram política como nunca nesses dias, mais do que nos últimos vinte anos.
Mas agora acabou. A partir de amanhã grupos não ruas serão ou torcedores pelo Brasil na Copa das Confederações ou vândalos que serão combatidos pelas polícias militares.
Já ocorreram duas mortes.
Não há mais meio termo.
Acabou a graça.
O recado, principalmente da classe-média brasileira, foi dado.
A presidenta Dilma, governadores, prefeitos, deputados, senadores, vereadores, magistrados, membros do Ministério Público escutaram.
Mas acabou.
A discussão, os debates, devem continuar, e até alguma reivindicação específica devem ocorrer.
Mas manifestações contra tudo… é bom dar um tempo, para o bem da democracia brasileira.
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