quinta-feira, 20 de junho de 2013

Dima, Lula, Collor e a orquestra desestabilizadora da garnde imprensa



Antes de seguir adiante com a frase acima, quero dizer que o termo jornalismo declaratório foi usado pelo jornalista Caco Barcellos, da Tv Globo, durante o Seminário "Poder Judiciário e Imprensa", promovido pela Escola de Magistratura da Justiça Federal da Terceira Região, que fica em São Paulo. O texto que tomo como base retirei do blog do jornalista Paulo Henrique Amorim quase literalmente.
Disse Barcellos que a diferença entre o jornalismo "investigativo" e o jornalismo "declaratório" é que o investigativo é o do "repórter ativo que investiga antes de a informação se tornar pública, ouvindo os envolvidos e, a partir das declarações, começa a investigar, confrontar a declaração com os fatos apurados."
E o declaratório é o jornalismo "praticado na maioria das redações brasileiras. Basta uma fonte da área pública ou privada e isso, por si só, se torna uma notícia". Ao ouvir o "outro lado", continua Caco Barcellos, o que o jornalismo declaratório consegue é criar polêmica.
Ele deu dois exemplos desastrosos de jornalismo declaratório: Um ocorreu no lado direito do espectro político e outro, no lado esquerdo. "No lado direito, o impeachment do Presidente Collor se iniciou na imprensa com a entrevista de um irmão ressentido. A imprensa não provou uma linha do que ele disse. Collor sofreu uma punição política, mas não se provou nada contra ele. A denúncia judicial e a denúncia de imprensa devem ter sido, portanto, incompetentes".
No lado esquerdo, se fala de um mensalão. "A partir de uma declaração de um deputado advogado criminalista que disse existir um mensalão. Mas, cadê a prova? Bom, a imprensa não conseguiu produzir uma prova de que havia um mensalão". Caco Barcellos, em seguida, falou do preconceito de classe na Justiça e na imprensa, quando, por exemplo, "se denuncia corruptos e não se identifica, nunca, os corruptores. Quem corrompia o PC Farias? Quem botava grana no valeriodantas? Ninguém jamais respondeu", questionou Barcellos.
Bom, e qual a semelhança que eu vejo entre Dilma, Lula e Collor? Que o alagoano foi vítima da desestabilização emocional do povo criada pela grande imprensa. Pagou caro por isso ao perder o cargo, sem jamais ter sido condenado por coisa alguma que lhe foi imputado.
Quanto ao ex-presidente Lula, também foi a grande imprensa que tentou colocar sob os seus ombros o envolvimento com o escândalo do mensalão. Dessa vez a estratégia falhou. Mas enfrentar a grande imprensa não é fácil. Como exemplo, numa longa entrevista que concedeu ao sociólogo Emir Sader, sobre os primeiros dez anos do PT no poder, Lula afirmou que uma de suas decisões mais importantes foi tomada em 2005.
Naquele ano, no auge do escândalo do chamado "mensalão", ele parou de ler os jornais e decidiu tocar o governo adiante. Foi reeleito e terminou seu segundo mandato como o presidente mais popular da história.
E, por fim, Dilma Rousseff. Quando a grande imprensa – refiro-me ao Sistema Globo, jornais Folha e Estadão e revistas Veja, Época e Isto é -, não consegue se mover sob um caso relativo à corrupção, investe em desestabilizar a confiança da população, o que vem exatamente sendo feito.
Como publicamos aqui, no Brasil 247, a presidente Dilma está a ponto de repetir a decisão tomada por Lula em 2005. Incomodada com o retrato que vem sendo pintado pelos grandes jornais e revistas sobre um Brasil supostamente em crise, a presidente enxerga uma realidade completamente distinta. Nas lentes do Palácio do Planalto, o que existe hoje no Brasil real é um país com a menor taxa de desemprego da série histórica do IBGE, com a inflação em queda, com recuperação da produção industrial e contas públicas em ordem. No entanto, editoriais de jornais apontam um Brasil à beira do abismo.
Hoje, em editorial, o Estadão diz que é ato populista o crédito facilitado para que os beneficiários do programa "Minha Casa, Minha Vida" comprem móveis e eletrodomésticos. Porém, o mesmo argumento não é utilizado quando o estímulo vai para o capital e não para o consumo.
Portanto, Collor sofreu a desestabilização e foi apeado da Presidência da República. Lula sofreu os tiros da desestabilização, mas sobreviveu. Agora é a vez de Dilma. E que ninguém seja inocente de achar que não existe uma relação direta e convergente entre os interesses políticos, empresariais e jornalísticos. Existe sim. Observem como o Sistema Globo está batendo pesado nos preços dos produtos, nas manifestações violentas e estúpidas em São Paulo e no Rio. Observe o enfoque dado à notícia e nunca esqueça que nada é por acaso, especialmente em política, e principalmente quando se quer criar um clima de insegurança. Basta que não esqueçamos o que é jornalismo investigativo e jornalismo declaratório.

Voney Malta


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