FHC e Aécio Neves afirmaram que proposta de plebiscito para reforma política sugerida por Dilma é absurda, digna de ‘regimes autoritários’. Mas uma rápida pesquisa nos arquivos da imprensa e do legislativo revela que ambos já tentaram a mesma coisa
A proposta da presidente Dilma Rousseff para o enfrentamento da crise política foi criticada por lideranças da oposição.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem (24/06) que a proposta de realização de plebiscito para a reforma política é própria de “regimes autoritários”.
Já o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e provável
presidenciável tucano em 2014, disse que Dilma, em sua fala, “frustrou a
todos os brasileiros”. “O que nós ouvimos foi o Brasil velho falando
para um Brasil novo. É um Brasil velho onde os governantes não assumem
as suas responsabilidades, sempre buscam transferi-las a terceiros, não
reconhecem os equívocos que viveram e buscam desviar a atenção com novas
propostas.”
Mas uma simples pesquisa nos arquivos do legislativo e da imprensa
revela que ambos já propuseram a mesma coisa. Matéria publicada no
jornal Folha de S.Paulo, em 26 de junho de 1994, aponta que FHC defende a convocação urgente de uma assembleia constituinte exclusiva [1].
Outro texto do mesmo jornal, datado de 17 de abril de 1998, também
revela o desejo do então presidente Fernando Henrique Cardoso pela
aprovação de uma proposta de constituinte restrita [2].
Numa outra busca pelos registros da Câmara Federal é possível encontrar o PDC 580/1997,
de autoria do então deputado federal Aécio Neves (PSDB/MG). O Projeto
de Decreto Legislativo tinha como objetivo convocar plebiscito sobre
assembleia nacional constituinte revisora a ser instalada em fevereiro
de 1999.
Aécio, à época da gestão FHC, era uma das principais lideranças
tucanas no legislativo e estava perfeitamente afiado com o seu
mandatário em seus objetivos. O roteiro, em 2013, se repete na forma,
mas com mudanças radicais nos posicionamentos. É um exemplo claro para
que a população brasileira mantenha aceso (e não acorde só agora, para dormir amanhã) o sinal de alerta que dificulta a propagação de oportunismos políticos.
A série “esqueçam tudo o que disse, fiz e escrevi” tem vida cada vez mais curta com a democratização da informação.
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