sábado, 8 de junho de 2013

Nos EUA, eletrônica espiona; no Brasil, mídia se desmancha



O governo dos Estados Unidos espiona o mundo. Com a colaboração da empresa Verizon obteve ligações de celulares de milhões de cidadãos desde 2007.
E foram além, segundo os jornais Guardian e Washington Post. Junto ao Google, Apple, Microsoft, Facebook, Skype e YouTube, entre outros, o governo americano capturou dados de milhões de usuários.
No estado de Utah a agência NSA está construindo um datacenter - ou seja, um armazém de dados. Só o prédio, a maior construção civil no país, custa US$ 2 bilhões. Mais US$ 2 bilhões gastos em software e hardware.
Isso começou com Bush e continua com Obama. A desculpa é o combate ao terrorismo. Há 5 anos, o cientista brasileiro Silvio Meira publicou em seu blog detalhes de programa semelhante; que os ingleses ensaiavam fazer.
Há mais de 10 anos, entre o final dos anos 90 e meados dos anos 2000, relatos a respeito do e no Brasil. Sob estrondoso silêncio contamos como o Brasil era espionado pelos Estados Unidos.
Com detalhes, a forma como a CIA montou o prédio e o aparato tecnológico que servia à Polícia Federal. À época o setor chamava-se CDO, depois SOIP. Só eram aceitos policiais brasileiros que se submetessem ao detector de mentiras lá nos Estados Unidos.
Carlos Costa, chefe do FBI no Brasil por 4 anos, revelou em entrevista como FBI, CIA e DEA operavam no Brasil. Contou como grampearam e espionavam governo e empresários. Silêncio e sorrisos de desconfiança, como se as denúncias fossem fruto de antiamericanismo juvenil. Agora, em escala mundial, aí estão os fatos.
Esta notícia explode ao tempo em que, no Brasil, seguem demissões em massa no setor de mídia e imprensa. Com novos cortes programados, passarão de 3 mil as demissões em um ano. E isso a se contar só o mercado sudeste e sul.
Essas histórias, de espionagem e de demissão em massa, têm tudo a ver. Elas demarcam o choque, a transição entre dois mundos. Um é o mundo da prensa, de Gutemberg, que vai definhando 500 anos depois de nascer. O outro é o mundo da eletrônica, que hoje governa nossas vidas.
Seja em que área for, inclusive a da mídia eletrônica, o setor que não entender, não incorporar a nova lógica, não sobreviverá. Como individuo ainda dá, felizmente, mas como agrupamento empresarial, como negócio, não.
Como é possível, por exemplo, imaginar o fazer conteúdo, jornalismo, proibindo até mesmo a citação de redes sociais como facebook e twitter?
Só estas duas redes tem cerca de 1,5 bilhão de usuários/dia e mais de 3 bilhões de acessos diários. Ninguém deve se render acriticamente às redes, nem a tais marcas. Mas negar ou esconder que existem é agarrar-se a um mundo que vai desaparecendo.

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