Vou cobrir nesta segunda (17), novamente, a manifestação contra o aumento nas passagens do transporte público em São Paulo.
Mas me nego a usar colete para jornalista, conforme foi sugerido pelo governo do Estado.
Um governo decente é aquele que respeita a liberdade de imprensa, mas
também a liberdade de expressão. Em outras palavras, se jornalista não
pode apanhar, manifestante também não.
Entendo os colegas que lembram que não são pagos para isso. E que têm
família. Mas quem não tem? Além do mais, já contamos com identificações
funcionais para apresentá-las em caso de questionamento policial. Para
quê um colete que vai nos diferenciar à distância?
Muitos dos casos de violência contra jornalistas, na última quinta (13),
ocorreram com a polícia tendo plena consciência de quem eram os
agredidos. Vide os relatos da repórter da TV Folha, por exemplo. Ou do grupo de jornalistas acuados na rua da Consolação, que levaram bala mesmo tendo se apresentado como tais.
Um comandante afirmou que os jornalistas sabem do risco que correm ao
cobrir esses eventos. Bem, se estava se referindo à conhecida violência
da Polícia Militar de São Paulo na repressão a essas manifestações, sim,
concordo.
E que deveriam ficar atrás da linha dos policias para se protegerem.
Onde é que vi essa política mesmo?…Ah, do Tio Sam ao “embutirem” seus
jornalistas para que caminhassem com as tropas e publicassem o que as
forças armadas desejavam.
Se não usei colete para cobrir a guerra pela independência em Timor
Leste ou a guerra civil angolana, por que usaria aqui já que não estamos
em guerra?
Ou o Estado pretende tratar sua população como se estivesse?
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