Autor do best-seller "O Príncipe da
Privataria", jornalista Palmério Doria diz, em entrevista a Renato Dias,
que plano de desestatização era bem mais ousado; "Imagino que, com os
tucanos no poder, não teríamos, hoje, nem a Petrobrax...Era apenas uma
etapa para a venda até do mastro da bandeira nacional", afirma;
responsável pela publicação de reportagens sobre um filho de FHC fora do
casamento, ele também fala sobre o comportamento da imprensa; "para a
mídia, esconder um caso extraconjugal era um detalhe"
Aos 64 anos de idade, com passagens pelas redações de Ex, Coojornal,
Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, o jornalista e
escritor Palmério Dória define o ex-presidente da República Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), não como sociólogo, mas como “príncipe da
privataria”. Mais: acusa o tucanato de tentar vender, à época de sua
hegemonia [1995-1998 e 1999-2002], Petrobras, Banco do Brasil (BB) e
Caixa Econômica Federal (CEF). Ele afirma que as operações privatizantes
eram blindadas pelos grandes conglomerados de comunicação no Brasil.
“Esconder um caso extraconjugal ou um suposto filho fora do casamento
com Ruth Cardoso [Com a jornalista Mírian Dutra] era apenas um detalhe”,
diz.
Segundo ele, o ex-ministro da Justiça Iris Rezende Machado (PMDB-GO)
teria enviado uma tropa de choque violenta à Brasília, capital da
República, para desmontar a convenção nacional do PMDB que poderia
homologar a candidatura de Itamar Franco, a quem classifica como o
verdadeiro “Pai do Plano Real”. Itamar Franco poderia impedir que FHC
fosse reeleito, acredita. O príncipe da privataria teria traído também,
nas eleições de 1998, ao Governo do Estado de Goiás, o jovem tucano
Marconi Perillo, que acabaria derrotando o golias evangélico do PMDB,
queridinho então do Palácio do Planalto. O autor observa que o Plano
Real não garantiu a estabilidade econômica do Brasil. “Tanto é que o
País quebrou três vezes com FHC”, dispara.
Era Sarney
Cáustico, ele, que é autor de Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil
na era Sarney, Geração Editorial, frisa que o atual senador José Sarney
(PMDB) é uma “piada de mau gosto”. “Um presidente acidental. Uma obra
do Hospital de Base de Brasília...”, ironiza. Palmério Dória prepara,
hoje, um livro sobre a ditadura civil e militar (1964-1985) e o seu
impacto nas áreas de Educação & Cultura e o papel de personagens
como Paulo Freire, Josué de Castro e Darcy Ribeiro. Para ele, o
jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, ex-Opinião e ex-Movimento, está
correto. O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu de Oliveira e
Silva é inocente, fuzila. Ele se refere à Ação Penal 470 [Mensalão]. O
show do Supremo Tribunal Federal está sendo desmontado, destaca.
Leia a íntegra da entrevista
“Para a mídia, esconder um caso extraconjugal era um detalhe”
FHC & Marconi Perillo
Por Iris Rezende, em 1998, Fernando Henrique Cardoso traiu o jovem
tucano Marconi Perillo. Iris mandou uma tropa de choque para desmontar a
convenção nacional do PMDB, que poderia homologar a candidatura do
[ex-presidente da República e pai do Plano Real] Itamar Franco. Se ele,
Itamar Franco, fosse candidato FHC poderia não ser reeleito. Ele é o
verdadeiro pai do Plano real e podia mudar o jogo. O que houve foi um
atentado com a convenção, a democracia.
Brasil pós-FHC
Hoje em dia temos a exata noção de que o Brasil saiu pior dos anos
Fernando Henrique Cardoso [1995-1998 e 1999 -2002]. Se ainda vivêssemos
sob a hegemonia tucana, por exemplo, não existiriam os Brics.
Existiriam apenas os Rics... De 2003 a 2013, o Brasil ganhou projeção
mundial, subiu no ranking mundial das economias e virou protagonista.
Pior das privatizações
O que poderia ter sido mais escandaloso e que não ocorreu, porque eles
não conseguiram fazer, seriam as privatizações da Petrobras, Banco do
Brasil e Caixa Econômica Federal. Imagino que, com os tucanos no poder,
não teríamos, hoje, nem a Petrobrax...Era apenas uma etapa para a venda
até do mastro da bandeira nacional (Risos).
Mírian Dutra
A mídia nacional, os grandes conglomerados de comunicação esconderam o
caso extraconjugal de Fernando Henrique Cardoso porque ela tinha a
clara noção de que ele [FHC] era o Fernando II, a continuação do
Fernando I, Fernando Collor, que havia renunciado após a aprovação do
impeachment, em 1992. FHC conseguiu realizar toda a agenda que Fernando
I não havia conseguido fazer. Esconder um caso extraconjugal, um
suposto filho fora do casamento [Com a jornalista Mírian Dutra], que não
era, na verdade, nem dele, assim como o Plano Real, cuja paternidade é
de Itamar Franco, eram detalhes.
Plano Real
Não é verdade que o Plano Real garantiu a estabilidade econômica. Com
Fernando Henrique Cardoso, o Brasil quebrou três vezes, ficou nas mãos
do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Tesouro Americano. O
presidente do Brasil, de fato, era Robert Rubin, homem forte do Tesouro
dos Estados Unidos.
Desestatizações
O estupro de Fernando II [FHC] ocorreu em seu primeiro mandato
[1995-1998]. O segundo mandato ficou por conta e risco do Fundo
Monetário Internacional. Hoje em dia, eles [FMI] tentam se meter mas soa
como piada.
José Sarney
Fernando Henrique Cardoso é uma espécie de José Sarney barroco. Numa
feliz definição de Millôr Fernandes. Sarney é apenas barroco. É uma
piada de mau gosto. Um presidente acidental. Uma obra do Hospital de
Base de Brasília...
Leilões e concessões
Leilões e concessões [adotados sob a era Dilma Rousseff] não podem ser
comparados com a privataria tucana. Não. Não dá para confundir com a
privataria [mistura de privatização com pirataria, termo criado pelo
jornalista Elio Gaspari], que grassou no governo de Fernando Henrique
Cardoso, o príncipe dos sociólogos. FHC “privatizou” o céu, o subsolo e
os seus piratas iriam, se estivessem no poder, deitar e rolar com o
mar. [Referência ao Pré-Sal]. É diferente de partilha e concessão.
AP 470
Não há provas contra o ex-ministro José Dirceu. Ele é inocente. Concordo
com o jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, que deveria ganhar o
Prêmio Esso por sua série de reportagens sobre o caso [Escândalo do
suposto Mensalão]. A fantasia, o show do Supremo Tribunal Federal (STF)
está sendo desmontado. Mas, as comparações são inevitáveis... O
jornalista Elio Gaspari diz que o mensalão do PT perto do escândalo do
‘propinoduto’ tucano em São Paulo é bobagem...
Manifestações de rua
O que sobrou delas, hoje, é apenas os Black Blocks. À época [maio, junho
e julho], fiquei apavorado. Vi a glória do ‘Movimento Cansei’. Ele
conseguiu massa de manobra. Nunca tinha visto multidões à direita
(Risos)
Projeto de novo livro
Escrevo, hoje, um livro sobre a ditadura civil e militar no Brasil
[1964-1985]. O seu impacto nas áreas de Cultura e Educação e personagens
como Paulo Freire, Josué de Castro e Darcy Ribeiro.
O que anda lendo
Leio, hoje, Stanislaw Ponte Preta, as suas obras reunidas em um só volume. Uma maravilha.
Onde trabalhou
Ex, Coojornal, Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Jornald o Brasil, Placar, Revista Sexy, Carlos Amigos...
Hoje
Faço carreira solo.
Idade
64 anos.
Renato Dias, do Diário da Manhã
No 247
Um comentário:
o texto da mensagem saraiva esta errado - nao seria privatizaria ?
Postar um comentário