O braço direito de Marina Silva é símbolo do que há de mais velho na política
Hoje: Feldman e Marina |
Um dos pivôs — provavelmente o mais importante — do rompimento com o secretário geral do PSB, Carlos Siqueira, é Walter Feldman.
Siqueira e Marina bateram boca na quarta-feira, quando sua candidatura
foi oficializada. Marina quis fazer mudanças na campanha e “trazer o
Walter” para a coordenação.
Walter acabou com o cargo de coordenador adjunto (Erundina ficou com a
posição) mas é conselheiro, braço direito, articulador, amigo,
articulador financeiro.
Feldman pode ser tudo, absolutamente tudo, menos novidade, menos
inovação. Ao contrário, é um político tradicional, com 30 anos de
carreira sem muito brilho. Essa experiência, segundo um pessedebista
histórico, lhe permitiu crescer dentro de uma estrutura amadora como a
da Rede.
Formado em medicina, Feldman foi do PC do B e passou pelo PMDB antes de
fundar o PSDB. Foi deputado estadual em 1998 e entre os anos de 2000 e
2002, presidente da Assembleia Legislativa.
Em 2002, elegeu-se deputado federal e em 2005 assumiu uma secretaria de
Coordenação das Subprefeituras. Entre 2007 e 2012, foi secretário de
Esportes, Lazer e Recreação do Estado de São Paulo.
Tem uma pendenga antiga com o governador Geraldo Alckmin. Ligado a
Serra, liderou em 2008 uma ala tucana que apoiou a reeleição de Kassab
(que estava no DEM) para a prefeitura, preterindo Alckmin. Kassab, eu
disse.
Em 2009, isolado, anunciou que ia sair do PSDB. Acabou enviado a Londres
como titular de uma secretária inventada para ele, a de Grandes
Eventos. Passou seis meses lá, segundo ele mesmo para estudar a
Olimpíada e ver que lições poderiam ser úteis a São Paulo. Lembrando que
os Jogos serão no Rio. Voltou no ano seguinte feliz com Geraldo e com o
partido, que estava “oxigenado”. Terminou saindo do PSDB em 2011.
Em três décadas de vida pública, é difícil citar algo com sua
assinatura, na cidade ou no estado. No plano das ideias, o panorama fica
mais turvo.
Seu nome estava envolvido no escândalo de formação dos carteis para a
compra de trens. Foi citado num relatório do ex-diretor da Siemens
Everton Rheinheimer.
Antes disso, foi mencionado na Operação Castelo de Areia, uma
investigação da Polícia Federal sobre evasão de divisas, lavagem de
dinheiro e caixa 2. Documentos listavam doações da construtora Camargo
Corrêa a vários políticos. Feldman aparecia com 120 mil dólares
recebidos entre 13 de janeiro e 14 de abril de 98. Ele se indignou com a
menção.
Marina mesma o defendeu no caso do chamado trensalão. Em 2013, declarou
que Feldman não tem medo das acusações. “Ele próprio quer ser
investigado”, afirmou.
A jogada ousada de Feldman, de se arriscar aos 60 anos na Rede, acabou
tendo uma ajuda do destino — se você quiser chamar assim — quando o
avião caiu em Santos.
Agora, merece um pirulito de açaí quem achar que Walter Feldman se
aproxima remotamente de algo parecido com a renovação que Marina Silva
apregoa ininterruptamente. É, na verdade, um choque de realidade.
Kiko Nogueira
No DCM
Do Blog CONTEXTO LIVRE.
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