Rubens Valente
Um advogado pediu na Justiça que o ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal) Luiz Fux não utilize "sem os devidos créditos" trechos de um
livro assinado por ele e pelo jurista Theotonio Negrão (1917-2003).
José Roberto Ferreira Gouvêa afirma que o juiz praticou "contrafação" --reprodução não autorizada de uma obra.
A notificação foi protocolada na Justiça do Distrito Federal em 2010,
quando Fux ainda era ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O procedimento tramitou na 7ª Vara Cível de Brasília e acabou arquivado
em 2011. Segundo o advogado, Fux se comprometeu a deixar de usar os
trechos e atribuiu os problemas a assessores.
O livro de Negrão e Gouvêa é o "Código de Processo Civil e Legislação
Processual em Vigor", da editora Saraiva. Eles são coautores da obra a
partir da 24ª edição, publicada em 1993 --com a morte de Negrão, o
advogado se encarregou de fazer as atualizações da obra do amigo e
parceiro.
Fux teria, segundo Gouvêa, mencionado trechos do livro, sem dar crédito,
em acórdãos de julgamentos do STJ. O advogado já havia se queixado de
violação dos direitos autorais em 2001, quando Fux lançou "Curso de
Direito Processual Civil" por uma editora do Rio de Janeiro.
Na notificação, foram listados inúmeros trechos que Fux copiou sem dar
créditos: "A contrafação era tão flagrante que há trechos em que o
notificado [Fux] reproduzia até mesmo as remissões que eram feitas a
outras notas do livro [de Gouvêa]".
Gouvêa disse que, a partir da 2ª edição, os trechos polêmicos do livro do ministro foram substituídos.
Ele pediu que Fux se abstivesse de usar sem o crédito, em seus votos, os
trechos do livro. Segundo o advogado, as menções deixaram de ocorrer
após a notificação.
Procurado pela Folha desde quarta-feira, Fux não havia se manifestado até a conclusão desta edição.
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