A jornalista Míriam
Leitão escolheu uma data estratégica para atacar o novo colunista da
Folha - Reinaldo Azevedo - a quem a OMBUDSMAN do referido jornal chamou
de rottweiller. Míriam foi à forra de ataques que já sofreu por parte de
Reinaldo, e deixou claro que "sentiu as mordidas" que lhe foram
desferidas.
Usando termos fortes
(protojornalista - rosnou - ladrar - burro) e transformando a coluna
(nossa imprensa vai pouco a pouco perdendo a compostura que lhe resta)
em "rinha", Míriam Leitão bateu, mordeu e saiu de férias. Por trinta
dias não precisará TOMAR VACINA ANTI-RÁBICA.
DÁ SÓ UMA LIDA !
Enviado por Míriam Leitão -
3.11.2013 |
9h00m
COLUNA NO GLOBO
O Brasil não está ficando
burro. Mas parece, pela indigência de certos debatedores que
transformaram a ofensa e as agressões espetaculosas em argumentos. Por
falta de argumentos. Esses seres surgem na suposta esquerda, muito bem
patrocinada pelos anúncios de estatais, ou na direita hidrófoba que
ganha cada vez mais espaço nos grandes jornais.
É tão falso achar que todo o mal está no PT quanto o pensamento que
demoniza o PSDB. O PT tem defeitos que ficaram mais evidentes depois de
dez anos de poder, mas adotou políticas sociais que ajudam o país a
atenuar velhas perversidades.
O PSDB não é neoliberal, basta entender o que a expressão significa
para concluir isso. A ele, o Brasil deve a estabilização e conquistas
institucionais inegáveis. A privatização teve defeitos pontuais, mas, no
geral, permitiu progressos consideráveis no país e é uma política
vencedora, tanto que continuou sendo usada pelo governo petista.
O PT não se resume ao mensalão, ainda que as tramas de alguns de seus
dirigentes tenham que ser punidas para haver alguma chance na luta
contra a corrupção. Um dos grandes ganhos do governo do Partido dos
Trabalhadores foi mirar no ataque à pobreza e à pobreza extrema.
Os epítetos “petralhas” e “privataria” se igualam na estupidez
reducionista. São ofensas desqualificadoras que nada acrescentam ao
debate. São maniqueísmos que não veem nuances e complexidades. São
emburrecedores, mas rendem aos seus inventores a notoriedade que buscam.
Ou algo bem mais sonante.
Tenho sido alvo dos dois lados e, em geral, eu os ignoro por dois
motivos: o que dizem não é instigante o suficiente para merecer resposta
e acho que jornalismo é aquilo que a gente faz para os leitores,
ouvintes, telespectadores e não para o outro jornalista. Ou
protojornalista. Desta vez, abrirei uma exceção, apenas para ilustrar
nossa conversa.
Recentemente, Suzana Singer foi muito feliz ao definir como
“rottweiller” um recém-contratado pela “Folha de S.Paulo” para escrever
uma coluna semanal. A ombudsman usou essa expressão forte porque o
jornalista em questão escolheu esse estilo. Ele já rosnou para mim
várias vezes, depois se cansou, como fazem os que ladram atrás das
caravanas. Certa vez, escreveu uma coluna em que concluía: “Desculpe-se
com o senador, Miriam.” O senador ao qual eu devia um pedido de
desculpas, na opinião dele, era Demóstenes Torres.
Não costumo ler indigências mentais, porque há sempre muita leitura
relevante para escolher, mas outro dia uma amiga me enviou o texto de um
desses articulistas que buscam a fama. Ele escreveu contra uma coluna
em que eu comemorava o fato de que, um século depois de criado, o Fed
terá uma mulher no comando. Além de exibir um constrangedor
desconhecimento do pensamento econômico contemporâneo, ele escreveu uma
grosseria: “O que importa o que a liderança do Fed tem entre as pernas?”
Mostrou que nada tem na cabeça.
Não acho que sou importante a ponto de ser tema de artigos. Cito
esses casos apenas para ilustrar o que me incomoda: o debate tem
emburrecido no Brasil. Bom é quando os jornalistas divergem e ficam no
campo das ideias: com dados, fatos e argumentos. Isso ajuda o leitor a
pensar, escolher, refutar, acrescentar, formar seu próprio pensamento,
que pode ser equidistante dos dois lados.
O que tem feito falta no Brasil é a contundência culta e a ironia
fina. Uma boa polêmica sempre enriquece o debate. Mas pensamentos
rasteiros, argumentos desqualificadores, ofensas pessoais, de nada
servem. São lixo, mas muito rentável para quem o produz.
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Saio de férias, volto em dezembro. O
espaço ficará com Alvaro Gribel e Valéria Maniero, dois jovens talentos
dos quais me orgulho - Míriam leitão
Reprodução na íntegra
Fotos de nossa iniciativa/responsabilidade
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