Um detalhe que me intriga nesta denúncia sobre a "farsa da CPI" feita
pela revista "Veja", segundo a qual perguntas e respostas teriam sido
combinadas entre parlamentares governistas e funcionários da Petrobras
interrogados na Comissão Mista, e logo transformada no novo escândalo da
campanha eleitoral: por que, então, deputados e senadores da oposição,
que tanto batalharam para investigar a maior empresa do país, não
levantaram as questões que julgam necessárias?
Se a base aliada promoveu um jogo de cartas marcadas, como sempre
acontece em qualquer CPI do mundo onde o governo tem maioria no
Congresso, admitindo-se que sejam verdadeiras todas as revelações feitas
pela revista oposicionista, bastaria que os parlamentares liderados
pelo PSDB e DEM comparecessem às sessões para provar que os diretores da
Petrobras estavam mentindo, apresentando provas de que eles sabiam
estar causando grandes prejuízos à empresa no episódio da compra da
Refinaria de Pasadena, e apontando os responsáveis.
Ninguém poderia imaginar que eles também aliviassem a barra dos
depoentes e, assim, o país ficaria sabendo o que realmente aconteceu.
Por que eles fugiram das perguntas e deixaram o palco livre para os
governistas montarem a "farsa da CPI"? Agora, não adianta alegar que os
governistas estavam em ampla maioria nas comissões criadas na Câmara e
no Senado. Isto eles já sabiam bem antes da instalação da CPI mista. E
ninguém poderia impedir que fizessem suas perguntas.
Em primeiro lugar, respondo, porque uns e outros estavam mais
preocupados com a Copa no Brasil; depois, criaram um "recesso branco"
para cuidar das suas campanhas, do qual ainda não voltaram, e
provavelmente não o farão antes das eleições, não dando quórum para que a
Comissão Mista pudesse se reunir. O fato é que estes parlamentares e
candidatos da oposição, que agora aparecem injuriados sapateando na
mídia, ameaçando ir à Justiça, demonstraram este tempo todo foi muita
vagabundagem e pouco interesse em se preparar para os interrogatórios,
como muito bem constata Jânio de Freitas, em sua coluna na "Folha" desta
terça-feira, sob o título "O banal faz escândalo".
"Este e os demais capítulos do caso Petrobras, à margem da importância
que possam ter ou não, ficam na mastigação de chicletes por estarem nas
mãos da oposição mais preguiçosa de quantas se viu por aqui. As
lideranças do PSDB e do DEM ficam à espera do que a imprensa publique,
para então quatro ou cinco oposicionistas palavrosos saírem com suas
declarações de sempre e com os processos judiciais imaginados pelo
deputado-promotor Carlos Sampaio [um dos coordenadores da campanha do presidenciável tucano Aécio Neves, acrescento]".
E conclui Jânio de Freitas, um dos meus mestres no jornalismo: "Não
pesquisam nada, não estudam nada, apenas ciscam pedaços de publicações
para fazer escândalo. Com tantos meses de falatório sobre Petrobras e
seus dirigentes, o que saiu de seguro (e não é muito) a respeito foi só
por denúncias à imprensa. Mas a Petrobras sangra, enquanto serve de
pasto eleitoral".
Tudo, na verdade, está virando "pasto eleitoral", ou alguém acredita
que a verdadeira preocupação do PSDB e do DEM é zelar pela boa
administração da Petrobras, que esteve sob o comando deles por oito
anos?
Do Blog CONTEXTO LIVRE.
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