Luis Roberto Barroso está sendo sabatinado neste momento na Comissão de
Constituição e Justiça do Senado Federal. Mais do que ritualismo
republicano, a sabatina ao aspirante a ministro trouxe as cores e
paixões partidárias à cena da Casa Maior do Legislativo Brasileiro.
As perguntas encaminhadas pelos senadores alinhados ao projeto de poder
tucano-democratas e demais partidos adjacentes demonstram com exatidão o
descontentamento, mais que isso, a preocupação de que o futuro ministro
vote de forma clara, legal e democrática na Ação Penal 470.
Álvaro Dias (PSDB) quis saber sobre posições adotadas pelo futuro
ministro em ações que ele atuou como advogado, a exemplo da ação que
envolveu um grande debate sobre a gestação de fetos anencéfalos e a
questão da extradição de Cesare Battisti. Seria normal não fosse a
entonação jocosa do senador tucano, como se estivesse criticando sua
postura profissional, como se defender determinada tese pudesse
comprometê-lo numa eventual posição de juiz.
Pedro Taques (PDT), que é trabalhista por fora e emplumado por dentro,
foi mais além e quis saber com quem o futuro ministro tinha conversado
para chegar até o Senado como candidato a ministro do Supremo. A ideia
era arrancar de Luis Barroso qualquer expressão, palavra ou gesto, que
confirmasse alguma negociação nada republicana por trás dos bastidores
políticos de sua escolha.
O interessante é que Luiz Fux falou claramente sobre supostas negociatas
pelas quais teria passado para chegar ao Supremo, mas nenhum senador de
oposição, incluindo-se neste rol Pedro Taques, levantou a possibilidade
de convocá-lo para esclarecer as manobras traiçoeiras que ungiram Fux
ministro da mais alta Corte Nacional.
Talvez se Fux tivesse votado a favor dos réus da AP 470, sua convocação
fosse inevitável, urgente e exposta à pirotecnia midiática golpista,
porém como Fux votou contra os réus em todos os itens julgados, passa-se
a mão na cabeça do homem e varre-se para debaixo dos tapetes azuis sua
afronta à ética, ao legalismo e republicanismo.
Luis Roberto Barroso, além de ser um jurista da mais alta estirpe, é
muito bem humorado e tranquilo em suas convicções. Ao responder sobre a
questão das inúmeras emendas constitucionais, disse Barroso: “A
Constituição Brasileira pode fazer qualquer coisa, menos trazer a pessoa
amada em três dias.”
Lili AbreuNo Justiceira de Esquerda
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