quarta-feira, 12 de junho de 2013

Abril sangra no mercado por falta de transparência


Mercado publicitário atordoado com iminência de encerramento de diversos títulos do Grupo Abril; o que acontecerá com contratos de antecipação de anúncios?; longa reunião entre presidentes Giancarlo Civita e Fabio Barbosa, do Grupo Abril, e diretores de redação e editores das principais revistas da casa; ontem, patrão e seu principal executivo participaram pessoalmente da reunião de pauta da revista Veja; presença é inédita na história da publicação; cogitada desocupação do Novo Edifício Abril, de US$ 1 milhão por mês de aluguel
A crise no Grupo Abril tornou-se oficial, como já adiantava o mercado publicitário. Na tarde da segunda-feira 10, o presidente do Conselho de Administração, Giancarlo Civita, e o presidente do Grupo Abril, Fábio Barbosa, convocaram quase três dezenas de diretores de redação e editores para uma reunião que durou cerca de quatro horas. Pauta: cortes de custos, fechamentos de títulos e demissões de profissionais. Horas antes, Gianca e Barbosa participaram pessoalmente da reunião de pauta da revista Veja, numa fato inédito na história da revista fundada em 1968. A presença deles entre os jornalistas foi interpretada como a tomada do controle de decisões editoriais por parte dos acionistas. A rota de choque com o governo da presidente Dilma Rousseff poderá ser corrigida, mas a artilharia sobre alvos como o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu tende a continuar.
Na longa reunião com os editores, Barbosa foi quem mais falou. Objetivamente, porém, disse pouco. Ele admitiu que a direção da editora detectou uma série de cargos sobrepostos, com núcleos editoriais pequenos nos quais um diretor de área tem funções semelhantes a de um diretor de redação. Esses cargos, adiantou, serão cortados.
A respeito do fechamento de títulos – a Abril edita atualmente 52 revistas, muitas delas deficitárias --, Barbosa foi lacônico: "Estamos reavaliando todo o nosso portfolio". Ele evitou informar sobre o destino da revista Playboy, uma dos ícones da editora, cuja circulação caiu 38% recentemente.
Entre jornalistas da Abril circula a informação de que o Novo Edifício Abril será desocupado pela editora, ou compartilhado. Nesse contexto, as redações das revistas Veja e Exame seriam transferidas para um imóvel da Abril na avenida Luís Carlos Berrini. O Nea, como o atua edifício ocupado pela Abril é chamado, tem um aluguel mensal de cerca de US$ 1 milhão.
O mercado publicitário está atordoado com a condução que a cúpula da Abril está executando sobre a crise da editora. Não há informações oficiais sobre o fechamento de títulos, mas fortes rumores convergem para a "descontinuidade" de até duas dezenas ou mais das 52 revistas publicadas atualmente pela editora. Muitas agências se acostumaram a comprar pacotes antecipados de anúncios, realizando programações anuais em troca de descontos. Se revistas forem fechadas, como ficam esses contratos, perguntam-se diretores de mídia. Até o momento, a Abril não informou oficialmente as agências sobre seus planos.
Outra preocupação é a dos assinantes. Esse grupo será contemplado de que maneira no caso de revistas serem fechadas? A Abril devolverá o dinheiro pago pelos exemplares que não serão remetidos?
No Justiceira de Esquerda

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