terça-feira, 4 de junho de 2013

Cantanhêde invade a praia da Miriam Leitão


4 de Jun de 2013 | 09:44
No melhor estilo “vamos combinar, colega…”. Eliane Cantanhêde vai abrindo sua coluna na Folha com ares de quem já chega com julgamento pronto:
“A presidente Dilma que vá nos perdoando, mas já virou rotina: todo dia é dia de má notícia, sobretudo na economia”.
E vai lascando a história do déficit comercial anunciado ontem.
Bem, ela não é tão novinha para não lembrar os tempos do “exportar é o que importa” da ditadura e como superávits comerciais e miséria conviviam muito bem, obrigado, no Brasil.
Como quem diz o que é ou não notícia nos jornais é a turma da “massa cheirosa”, nome que a D. Eliane dá, carinhosamente, à tucanada, não se lhe tire a razão.
Mas acho que a moça devia ler as outras matérias, que escapam ao catastrofismo com que se trata a economia no Brasil.
O Globo já previa alta de 1,7% na produção industrial, este mês. Veio melhor, nos números divulgados há pouco pelo IBGE: 1,8% a mais em abril sobre março e 8,4% sobre abril de 2012. E o jornal dos Marinho ainda publica que a OIT elogiou o Brasil pelas políticas de valorização de salário mínimo e o programa Bolsa Família, citados como instrumentos para a redução da pobreza.
No Valor, diz-se que o mercado de veículos bateu novo recorde, com crescimento de 10% anual. Os  brasileiros compraram 316,2 mil veículos em maio, entre automóveis, utilitários leves, caminhões e ônibus. No segmento de caminhões, o mais vinculado ao desempenho da economia, foram 17,8% a mais.
Até na Folha, o especialista em comércio exterior, Mauro Zafalon, diz que “o volume exportado de soja em grãos cresceu 7,3% no ano, as receitas superaram em 11% as de igual período do ano passado. O açúcar também mostra bom desempenho. As exportações atingem 9,6 milhões de toneladas no ano, 15% mais do que as de janeiro a maio do ano passado. A diferença em relação à soja, no entanto, é que os preços do açúcar em bruto vem caindo e no mês passado ficaram 20% inferiores aos registrados há um ano. Mesmo assim, as receitas do ano somam US$ 4,5 bilhões, 32% mais do que as de janeiro a maio de 2012.
Portanto, a D. Cantanhêde deveria parar de se informar mais sobre ecomonia e não se fixar nas manchetes que a “massa cheirosa” das editorias puxa para letras garrafais.
Ou, até, dar uma lidinha no blog da titular da área de desastres econômicos, a Miriam Leitão, que publica que “os economistas Felipe Salto e Clara Steinhauser, da consultoria Tendências, acham que o saldo da balança comercial deve melhorar daqui para frente. Hoje, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgou que a balança comercial voltou para o terreno positivo em maio, ao registrar superávit de US$ 760 milhões, após déficit de US$ 994 milhões em abril.”
Entendeu, Eliane? Vou desenhar: “  a balança comercial voltou para o terreno positivo em maio, ao registrar superávit de US$ 760 milhões, após déficit de US$ 994 milhões em abril”.
Não se está vivendo, nem aqui nem em qualquer parte do mundo, tempos de bonança na economia. Daí a estarmos despencando num abismo vai mais ou menos a distância entre os casos de febre amarela registrados no Brasil em 2008 e a epidemia que a senhora previu em sua coluna. Lembra?
“O fantasma da febre amarela, portanto, paira sobre o país como um alerta num momento crucial, para que a saúde e a educação sejam preservadas antes de tudo o mais. Senão, Lula, o aedes aegypti vem, pica e mata sabe-se lá quantos neste ano –e nos seguintes.
Vamos combinar, né, colega…

Por: Fernando Brito

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