Por Altamiro Borges
Os protestos de rua que agitam o país começam a produzir efeitos que
desagradam os oportunistas da direita, que tentaram pegar carona nas
mobilizações e apostaram no caos. Diante dos governadores de 27 estados e
dos prefeitos de 26 capitais, a presidenta Dilma Rousseff apresentou
nesta segunda-feira uma proposta de “cinco pactos em favor do Brasil”,
que sinaliza uma certa guinada à esquerda. Com esta atitude, que dialoga
com as insatisfações da sociedade e com os movimentos sociais, o
governo federal retoma a iniciativa política. As primeiras reações
iradas dos líderes do PSDB, DEM e PPS e dos “calunistas” de plantão da
mídia indicam que a oposição sentiu o baque.
Acima de tudo, a presidenta Dilma reafirmou seu compromisso com a
democracia e mostrou-se sensível às pressões das ruas. Ela não seguiu o
caminho autoritário das elites neoliberais e da sua mídia, que tratam as
lutas sociais como “caso de polícia”. Logo pela manhã, ela se reuniu
com os jovens integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), que lideraram
os protestos pela redução das passagens dos transportes. Na sequência,
ela apresentou suas propostas aos governadores, prefeitos e lideranças
políticas. “O povo está agora nas ruas dizendo que as mudanças
continuem. Que elas se ampliem, que elas ocorram ainda mais rápido. Ele
está nos dizendo que quer mais cidadania”, afirmou.
Com exceção do item sobre a responsabilidade fiscal, que serve apenas
para acalmar os banqueiros, os outros quatro pontos do “pacto” tem um
tom progressista: reforma política, incluindo um plebiscito popular que
aprove a convocação de uma Constituinte exclusiva, e a inclusão da
corrupção como crime hediondo; maiores investimentos na saúde, incluindo
a vinda de médicos estrangeiros para trabalhar nas zonas carentes;
investimentos nos transportes públicos, com mais metrôs, veículos leves
sobre trilhos e corredores de ônibus; e investimentos na educação
pública, com a aprovação no Congresso da destinação de 100% dos recursos
dos royalties do petróleo para o setor.
A proposta que gerou a reação mais dura e imediata da oposição de
direita foi a da convocação, por meio de plebiscito, da Assembleia
Constituinte exclusiva para fazer uma “ampla e profunda reforma politica
que amplie a participação popular e os horizontes da cidadania” – como
enfatizou a presidenta. PSDB, DEM e PPS temem a ampliação e a
radicalização da democracia. Juntamente com a mídia golpista, estes
partidos tentam desmoralizar a política para retornar ao poder. Eles são
contra mudanças no sistema político e eleitoral, como a proibição do
financiamento privado das campanhas e a adoção de mecanismo de maior
transparência e participação da sociedade.
Em nota oficial, os três partidos da direita criticaram a realização do
plebiscito para consultar a população sobre a realização de uma
constituinte exclusiva acerca da reforma política. Eles acusaram o
governo Dilma de querer atropelar o parlamento, que nunca se debruçou
seriamente sobre o tema, e ainda tiveram a caradura de afirmar que “os
brasileiros querem um país diferente” – talvez aquele do trágico reinado
de FHC. O senador Aécio Neves também estrebuchou: “A presidente
frustrou todos os brasileiros. Foi um Brasil velho falando para um
Brasil novo”, esbravejou o cambaleante presidenciável tucano, que nos
últimos dias até parecia um incendiário.
Quem, porém, melhor resumiu os temores da oposição de direita foi o
“calunista” Reinaldo Azevedo. Em seu blog na revista Veja, ele rosnou
que a Constituinte exclusiva é “uma tentativa de golpe bolivariano”.
Angustiado, o egocêntrico ainda criticou a oposição de direita. “Tenho
advertido aqui há três semanas que esse negócio de ser reverente às
massas na rua acaba dando em porcaria... Não acho que essa porcaria vá
prosperar, mas é claro que estou preocupado. Ao mesmo tempo, fico
satisfeito. Então eu não estava doido, não! Muita gente boa se perdeu
nesse processo porque não conseguiu resistir ao encanto das massas na
rua”.
Postado há 2 hours ago por Blog Justiceira de Esquerda
Ainda do Blog Justiceira de Esquerda.
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