Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
Foto: Folha Paulistana
Quem tem de abrir os olhos? O Congresso ou os manifestantes pautados pela imprensa? |
Estou
a ver televisão. O pau quebra, e a polícia tenta reagir contra os
muitos grupos que tentam e conseguem depredar o patrimônio público e o
particular. Mesmo assim, os narradores em off, os repórteres e os
âncoras de programas jornalísticos de todas as televisões,
principalmente os da TV Globo e da Globo News, que adoram voar de
helicóptero e esconder as logomarcas dos microfones de “suas” empresas
insistem em contrariar as imagens, que valem por um milhão de palavras, e
mostram, de forma cabal e inequívoca, a violência de grupos de perfis e
índoles fascistas, de classe média, despolitizados e que se apropriaram
de uma reivindicação de esquerda, à frente o Movimento Passe Livre
(MPL), que no dia 6 de junho, em São Paulo, protestava contra o aumento
dos preços das tarifas de ônibus e foi violentamente reprimido pela
polícia do governador Geraldo Alckmin (PSDB), mandatário useiro e
vezeiro em tratar os movimentos sociais como casos de polícia, a exemplo
do massacre de Pinheirinho.
Até
aquela altura dos acontecimentos, a classe média conservadora estava
quieta, em casa, bem como os cidadãos eleitores dos tucanos e de seus
aliados, além da Juventude do PSDB, que demorou sair às ruas, porque,
evidentemente, apoia o Governo de Alckmin. Esses grupos logo depois se
mobilizaram pelas redes sociais e foram às ruas para se juntar aos
arruaceiros e à extrema direita encapuzada, que, incrivelmente, tiveram
em um primeiro momento os seus crimes amenizados pela imprensa de
mercado. A mesma imprensa de tradição golpista, que ao resguardar as
suas conveniências e interesses insistiu em separar, propositalmente, o
“joio do trigo”, como se fosse possível considerar as manifestações como
movimentos pacíficos ao tempo em que as imagens de todas as televisões
mostravam a balbúrdia, o quebra-quebra e a violência em grandes
proporções. Esses fatos são inquestionáveis, porque aconteceram e foram
filmados. São públicos e notórios.
E o que a
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37 de 2011 tem haver com as
manifestações cuja origem é uma pauta de esquerda, que reivindicava a
tarifa zero para o transporte de estudantes e, com o tempo, conseguiu o
recuo das prefeituras quanto ao aumento de R$ 0,20 no preço da passagem?
Respondo: nada e tudo ao mesmo tempo. A PEC 37 é no momento a principal
pauta da Globo e do candidato tucano Aécio Neves, além de constar na
ordem do dia de um de seus mais importantes aliados em sua luta política
contra o Governo trabalhista e o PT: a Procuradoria Geral da República
(PGR), na pessoa do procurador-geral, Roberto Gurgel, e a maioria de
seus subordinados, os procuradores regionais da República, que atuam em
todos os estados da Federação.
Trata-se
do golpe do “joão-sem-braço”, porque esses setores midiáticos se
aproveitam de concessões públicas de rádios e televisões e organizam uma
frente contrária à PEC 37, cujo texto, na verdade, restabelece as
atuações, as competências e os limites constitucionais dos ministérios
públicos e das polícias judiciárias (Civil e Federal), conforme define,
sem deixar dúvida, a Constituição do Brasil. A resumir: a PEC 37 apenas
regulamenta o que já está estabelecido pela Constituição, enquanto a PGR
e os ministérios públicos, juntamente como os partidos de direita e de
oposição (PSDB, DEM, PPS e PSOL) manipulam e distorcem esta importante
informação e mentem, descaradamente, para o povo brasileiro, sendo que
parte deste povo se traduz na classe média tradicional e conservadora,
aquela mesma que organizou, em 1964, a Marcha da Família com Deus e pela
Liberdade, e deu no que deu: a ditadura militar que durou 21 anos.
Agora, 49
anos depois do fatídico golpe de estado, os filhos da classe média, os
extremistas de direita e os grupos da esquerda radical e que faz o jogo
da direita, transformam-se novamente em público alvo da alta burguesia,
que controla os meios de produção e os meios privados de comunicação de
massa. Tal classe vai às ruas sem pauta e pleitos, como diferentemente o
foi o MPL, porque se considera “apartidária” e “apolítica” e quebra,
destrói e toca fogo em tudo o que vê e o que está à sua frente, em nome
do apartidarismo, da negação da política e de “tudo o que está aí”, ou
seja, o Governo do PT. Trata-se de frase, de uma afirmação cínica e
maledicente disseminada pelos repórteres, âncoras, colunistas e
comentaristas do sistema midiático de negócios privados, e
essencialmente alienígena, pois lutam contra a independência do Brasil e
a emancipação do povo brasileiro.
O “tudo o
que está aí” significa, evidentemente, a desqualificação e a
desconstrução do que deu certo, como se quisessem apagar e invalidar
todos os avanços e conquistas efetivados no tempo de apenas 11 anos
pelos governos trabalhistas, que colocaram o Brasil em patamares de
desenvolvimento e bem-estar social nunca antes experimentados em sua
história, pois confirmados e respaldados pelos números e índices sociais
e econômicos, que transformam os oito anos de governos tucanos em um
fracasso tão visível, que acarretaram em três derrotas eleitorais para a
Presidência da República. Obviamente que todos nós sabemos que o Brasil
não é um País pronto. Está longe disso, mas é inegável que o poderoso
País da América do Sul é hoje uma Nação respeitada em todo o mundo, fato
este que nunca aconteceu na administração do PSDB.
Por sua
vez, as conquistas estão a acontecer e até mesmo de forma surpreendente,
pois rápidas, no que concerne ao tempo. Os governos trabalhistas têm
projeto de País e programa de Governo, e a distribuição de renda e de
riqueza está a ser realizada, porque sabemos que o Brasil vivencia o
pleno emprego, os salários estão a ser elevados e a inflação, apesar da
manipulação criminosa da imprensa comercial para aumentar os juros,
está, sim, dentro da meta estabelecida, e, por sua vez, controlada. Quem
duvida, dou a dica: acesse o Portal da Transparência do Governo
Federal, ferramenta esta que inexistia nos governos tucanos, bem como se
transformou em fonte da imprensa burguesa e de propósitos privados, que
usa o Portal para se informar e depois aproveita as informações
colhidas para elaborar matérias tão cínicas e manipuladas quanto o é a
sua essência antidemocrática, colonizada e golpista.
Entretanto,
a PEC 37 se transformou na principal reivindicação dos movimentos das
ruas, até porque os prefeitos recuaram em relação aos aumentos da
passagem dos ônibus. Os jornalistas da Globo, por exemplo, logo no
início das manifestações, que ocorreram há cerca de 20 dias, insistiam
em falar da PEC 37 e a evidenciaram mais do que os problemas relativos à
saúde e à educação. As Organizações(?) Globo insistiam fortemente nessa
questão, enquanto os estudantes e o MPL estavam ainda somente a falar
dos preços das passagens, na tarifa zero e na qualidade dos serviços de
transporte coletivo. Estranho, não? Mas nem tanto quanto as pessoas
pensam ou deixam de pensar.
Qual é o
interesse, então, de gente como Merval Pereira, Ricardo Noblat, Miriam
Leitão, Arnaldo Jabor, Alexandre Garcia, William Wack, Renata
Vasconcellos, Chico Pinheiro, além dos colunistas, comentaristas e
editorialistas da Folha, da Veja, do Estadão, da TV Band, da CBN, da
Jovem Pan, dentre muitos outros jornalistas e grupos privados de
comunicação em transformar a PEC 37 em uma questão que supera as
inúmeras reivindicações populares, bem como evidenciada diuturnamente
como um golpe contra os direitos de cidadania do povo brasileiro? Golpe,
evidentemente, com autoria e a assinatura do Congresso Nacional, PT e
do governo trabalhista da presidenta Dilma Rousseff.
Os três
entes políticos que são combatidos há 11 anos, a ferro e fogo, pela
burguesia dona do capital, pela classe média tradicional, cliente e
consumidora de seus produtos, valores e princípios, pelos partidos de
direita, e, sem sombra de dúvida, pelos barões da imprensa donos do
sistema midiático comercial e privado. Bem feito. Quem mandou os
governos trabalhistas de Lula e Dilma remediarem sobre tão importante
assunto, definido pela Constituição, que é o marco regulatório para os
meios de comunicação? E é exatamente a inexistência da regulamentação
dos meios de comunicação que hoje a mídia corporativa pauta a vida
brasileira, combate os projetos e programas de governantes eleitos pelo
povo e se intromete, distorce, mente e inclui nas manifestações questões
que a população deste País mal tem conhecimento, que é o caso da PEC
37.
Agora,
vamos à outra pergunta que não quer calar: quando os barões midiáticos e
os seus escribas que repercutem os seus interesses e pensamentos
defendem a desaprovação da PEC 37 é porque eles estão a defender os
interesses do Brasil e dos brasileiros? Não. Claro que não! Porque eu
vou ser sincero: nunca vi, em tempo algum, essa gente defender o Brasil e
o seu povo. Nunca! Dá pelo menos para desconfiar, não dá? Ponto. A PEC
37 não é um bicho de sete cabeças. Seu texto apenas dispõe sobre o papel
de cada instituição que atua, por exemplo, em processos de
investigação. A verdade é que a PEC não retira e muito menos altera o
poder e o direito dos ministérios públicos. Quem insiste nisso está a
cometer falácia e má fé.
E por
quê? Porque ao MP, desde sempre, sempre coube a função de pedir
investigações e diligências, denunciar à Justiça e acompanhar
depoimentos. São direitos e deveres constituídos. Porém, cabe às
Polícias Civis dos estados e à Polícia Federal coordenarem e comandarem
as investigações, porque têm em seus quadros servidores públicos
treinados para investigar, com diversos cursos realizados e uma
experiência de décadas na profissão, que, certamente, um promotor não a
tem. O jurista Sepúlveda Pertence, promotor que já foi procurador-geral
da República, além de ter sido ministro do STF, disse certa vez que o
Ministério Público se transformou em um monstro. E é verdade, porque se
arroga o direito de estar acima dos outros poderes e instituições.
Para
esclarecer as dúvidas, o negócio é o seguinte: quem denuncia não
investiga; quem investiga não julga; e quem julga não denuncia, ou seja,
o promotor denuncia, o policial investiga e o juiz julga. Ponto.
Acontece que exatamente nos últimos dez anos os ministérios públicos e
sua cabeça política e ideológica, a PGR comandada por Roberto Gurgel,
político sem voto e que atua no campo ideológico conservador, tem
extrapolado em suas funções e atribuições. O MP Federal, apesar de
independente, como reza a Constituição de 1988, não têm ainda, de fato,
definido as suas atribuições, porque questão importantíssima e que mexe
com a vida de todos os cidadãos ainda não foi regulamentada pela PEC 37,
que trata da atuação das polícias judiciárias e do MP, no que é
relativo ao campo das investigações criminais.
Ora
vejam, a PEC acrescenta um parágrafo ao artigo 144 da Constituição, que
trata da Segurança Pública e dos responsáveis que atuam nessa importante
área, que são as polícias Civil e Federal. São essas corporações,
notadamente a Civil e a Federal, que apuram e investigam as infrações
penais. Leia: “As apurações das infrações penais que tratam os §§ 1°
e 4° deste artigo incumbem privativamente às polícias federal e civis
dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente”.
Este
parágrafo é o tendão de Aquiles do MP Federal, que se transformou em
partido político conservador. A palavra “privativamente” mexeu com o ego
e o mandonismo dos procuradores e promotores, os condestáveis do século
XXI. Volto a lembrar: quem denuncia não investiga; quem investiga
não julga; e quem julga não denuncia, ou seja, o promotor denuncia, o
advogado e o defensor defendem o acusado, o policial investiga e o juiz
julga. Portanto, o MP tem a exclusividade da acusação, como muito bem define o artigo 129 da Constituição.
Entretanto,
o MP, apesar de reclamar da PEC 37 e por isto combatê-la, na verdade há
muito tempo investiga, bem como realiza e participa, inclusive, de
diligências, além de, talvez, fazer escutas, afinal tal instituição é
proprietária do Guardião, o big brother que deixa o da Globo em condição
amadora e o estado democrático de direito com os cabelos em pé. Só que
tem um problema. Se o MP tem o monopólio da acusação, evidentemente que
tal realidade poderá causar conflitos de interesses.
E por
quê? Porque se apenas uma corporação pode acusar, obviamente e não
necessariamente que os promotores e os procuradores podem cometer
abusos, afinal eles são humanos (ou deuses?) e como quaisquer seres
humanos são portadores de princípios, valores, crenças, ideologias,
preferências políticas e partidárias e por isto e por causa disto podem
cometer erros, abusos de poder, equívocos e até mesmo crimes. Afinal, os
entes humanos têm desejos e almejam coisas e por isto criamos leis,
códigos, normas e regras para que não voltemos à barbárie, à lei da sela
ou à lei do mais forte.
A
resumir: se algum promotor quiser prejudicar um cidadão ou uma cidadã
brasileiro, certamente tal autoridade vai, sem sombra de dúvida,
direcionar a investigação para causar sérios problemas ao acusado, e,
por sua vez, favorecer a parte que tem interesse em se dar bem, seja o
interesse originário do setor público ou do setor privado. Para resumir
novamente: favorecimento. Ao ser assim, o equilíbrio institucional e
constitucional entre as corporações que administram e efetivam a
segurança pública fica prejudicado, pois o MP, além de denunciar e
acusar também passa a atuar no campo das investigações criminais.
Dito
isto, vamos agora à informação que a TV Globo e seus coirmãos golpistas e
de direita jamais esclareceriam para o cidadão brasileiro e os
manifestantes “apartidários”, “mansos” e “apolíticos”: a PEC 37 impede
que o MP possa, por intermédio da sua prerrogativa de acusar, denunciar e
ainda investigar, cometer abusos contra a cidadania. Portanto, a PEC
tapa essa brecha e fortalece o estado democrático de direito. Além
disso, as polícias, como os peixes na água, são possuidoras da natural e
inquestionável vocação para investigar. Ou as coisas mudaram e todo
mundo foi pego de surpresa? Promotores têm de defender o povo e se
quiserem fazer política que se filiem em qualquer partido político e
concorram a cargos públicos eleitorais. Só isso e nada mais. Ao ser
desse jeito, a sociedade agradece penhoradamente e fica aliviada por não
encherem o seu saco.
Sobre
essas realidades, juristas já declararam à imprensa alienígena que têm
setores do Judiciário, do Congresso e do Executivo e da PGR que defendem
que tal instituição se transforme em um quarto poder, quando na verdade
o MP, apesar de ser independente, a partir da promulgação da
Constituição de 1988, atua de fato, mas não de direito e equivocadamente
como tal. Os Ministérios Públicos (leia-se também PGR) têm usurpado,
sistematicamente, as funções legais e institucionais das policias
judiciárias, o que é um perigo à democracia, ao estado de direito e,
inegavelmente, inconstitucional. A PEC 37 regulamenta esse estado de
coisas, porque trata, repito, de impedir os excessos.
Cito um
caso emblemático protagonizado pela PGR. Na primeira metade da década
passada, a PGR comprou um complexo sistema de interceptações telefônicas
apelidado de Guardião. Nome muito sugestivo, e tenebroso, porque me faz
lembrar do livro “1984”, de George Orwell. A narrativa é sobre as
mazelas e os perigos de uma sociedade se tornar oligárquica, sectária,
individualista e, por seu turno, totalitária, pois controlada por um
estado ditatorial. É um contrassenso a PGR comprar um poderoso e
sofisticado equipamento de escuta se é uma instituição que tem como sua
primeira obrigação denunciar e fiscalizar e não investigar, que é o
papel fundamental das polícias judiciárias. Por que a PGR e os
promotores querem liberdade para realizar escutas telefônicas? Para quê e
por quê? Promotor e procurador têm de pedir autorização de juiz para
escutar, porque, do contrário, vão responder por seus crimes e por seus
desejos de governar a vida brasileira, sem, contudo, terem um único
voto, o que é um absurdo e ao tempo que surreal.
Além do
mais, enquanto os governos trabalhistas fortaleceram a Polícia Federal,
que a partir de 2003 se tornou cada vez mais republicana, a PGR, os
ministérios públicos passaram a ter uma atuação indubitavelmente
seletiva. Nunca a PF realizou tantas operações e prendeu tanta gente que
cometeu malfeitos, como ocorreu na administração Lula. Para quem não
sabe, no governo de FHC foram realizadas, em oito anos, apenas 48
operações; e no de Lula, também em oito anos, foram realizadas 1.273
operações, com 15.754 presos. Esses números constam no Portal da Polícia
Federal. FHC, aquele presidente de bico longo e voo curto, que vendeu o
Brasil e cujo (des)governo nunca foi investigado, mesmo com a
publicação do livro “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Jr., que é
recheado de documentos, todos colhidos pelo o autor de forma legal,
nunca foi questionado pelo MP e pela imprensa colonizada e que tem um
imenso complexo de vira-lata.
Enquanto
isso, na direção contrária, a PGR se mostra extremamente corporativa,
porque escolhe alvos, seleciona os políticos, os governantes, os
empresários, os juízes e os partidos a serem denunciados e investigados.
Somente não percebe quem não quer ou é totalmente cego, mudo, surdo ou
talvez alienado. Enfim, um problema muito sério de disposição, de
vontade política e de ser republicano, porque a Constituição reza que
todos somos iguais perante a lei.
O
procurador-geral, Roberto Gurgel, é o exemplo pronto e acabado do
servidor público que se aliou à oposição partidária, bem como trata dos
interesses dela com afinco e determinação. Lembro que certa vez tal
procurador sentou por quase três anos nos processos do bicheiro
Carlinhos Cachoeira, editor e pauteiro da revista Veja, a Última Flor do
Fáscio. Não satisfeito, jamais pressionou o governador de Goiás,
Marconi Perillo (PSDB), que reconheceu, de viva voz, que o bicheiro
tinha certa influência em seu governo. Além disso, não custa nada
relembrar que o distinto procurador jamais abriu a boca para que o
falecido Roberto Civita, proprietário da Editora Abril, e o seu
empregado Policarpo Júnior fossem depor na CPI do Cachoeira.
Também se
torna necessário salientar que o senador do DEM de Goiás e cassado a
bem do serviço público, Demóstenes Torres, jamais foi pressionado ou
denunciado pelo senhor procurador Roberto Gurgel. Pelo contrário, um
grupo de parlamentares teve de ir à PGR para exigir de Gurgel que
investigasse tal senador ídolo da imprensa burguesa e historicamente
golpista, bem como da classe média eternamente reacionária e
preconceituosa, que quase morria de satisfação quando via o arauto da
moralidade, da família (à moda TFP) e dos bons costumes atacar o governo
trabalhista e chamar todo mundo de ladrão.
A
história política de Demóstenes é lamentável e se encarregou de mostrar o
quanto um falso moralista pode chegar ao poder, ser bajulado pela
imprensa e até por juiz do STF sem se preocupar com a sociedade, pois
ela não tem o seu respeito. E o Gurgel continuou a sua sina
irremediavelmente conservadora, pois se calou sobre o caso e continuou a
efetivar um processo seletivo de investigação e denúncia contra,
evidentemente, o campo político da esquerda. Sintomático, pois é.
Visível e compreensível a atuação política e partidária do senhor
procurador-geral.
O livro
Pirataria Tucana, que trata do maior escândalo de corrupção da história
deste País, afinal os tucanos comandados por FHC — o Neoliberal I —
venderam o Brasil, o patrimônio público não construído por eles, jamais
serviu de prova e contraprova para que o procurador se mexesse para
investigar a alienação dos bens públicos. A verdade é que nenhum
procurador do MPF denunciou ainda qualquer integrante importante do
governo tucano — a não ser se consideram o banqueiro Daniel Dantas
importante em termos governamentais. O governante que quebrou o Brasil
três vezes e por isso foi pedir esmolas ao FMI de joelhos e com o pires
nas mãos até hoje dá pitacos sobre administrações alheias, na maior
cara-de-pau, sem ao menos lembrar do fracasso social e econômico que foi
o seu governo. Vou mais além, a PGR, que deveria ser guardiã, mas
preferiu comprar o Guardião para espionar e escutar os outros nunca e
jamais teve o trabalho ou a mera curiosidade de investigar as denúncias
contra os tucanos que controlam o PSDB. Nunca. Jamais.
O
mensalão investigado, denunciado e depois julgado foi o do PT. Os
anteriores, do PSDB e do DEM, também nunca e jamais foram denunciados
pela PGR com os holofotes histéricos da mídia imperialista. E para ser
franco, acho que os tucanos, os pais de mensalão, que “nasceu” em Minas
Gerais, bem como o outro escândalo tucano — a lista de Furnas — jamais
vão ser investigados e muito menos os seus autores e protagonistas vão
ser severamente julgados e punidos. Eu não acredito em fábulas e muito
menos no trabalho atual da PGR.
O STF, a
PGR, a oposição derrotada e fracassada do PSDB e a imprensa de direita e
fundamentalista do mercado realmente formam um quarteto poderoso, que
quer de qualquer jeito retornar ao poder. O STF e a PGR traduzem a
oligarquia vestida de toga; a imprensa burguesa, descompromissada com a
sociedade brasileira e que odeia e despreza o Brasil, integra o
establishment internacional e a direita partidária é quem garante os
interesses da oligarquia nacional em termos institucionais e políticos.
Esta é a verdade não manipulada, não distorcida e não direcionada. A PEC
37 restabelece o estado de democrático de direito, regulamenta a
atuação do MP, porque protege o cidadão, a cidadania e não permite que
promotores, procuradores e políticos de viés autoritário tratem o Brasil
como uma República à mercê dos ditames de uma instituição que se arroga
o direito de governar no lugar dos eleitos pelo povo brasileiro. A PEC
37 define a papel constitucional e institucional dos ministérios
públicos e o coloca em seu devido lugar, que é o de obedecer a
Constituição. É isso aí.
Postado há 1 hour ago por Blog Justiceira de Esquerda
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