Os protestos que vêm ocorrendo pelo país têm
motivações variadas e em geral não muito claras, basta ver os números
revelados pelas pesquisas. Incluem tarifas mais baixas e melhores
condições de transporte, melhores serviços públicos, saúde e educação,
contra a repressão, e em resposta à ação violenta das Polícias Militares
– pedida pelos jornalões e por emissoras de TV.
Agora, há uma tentativa de dirigir as manifestações contra os políticos
em geral, partidos e PEC 37. Como é natural nesses movimentos, basta ver
a experiência internacional, a agenda é aberta, às vezes vaga,
diferentes setores sociais participam e são favoráveis às bandeiras que a
mídia prioriza.
Portanto, não é que não haja um sentimento de que o modelo político se
esgotou ou setores sociais contra a PEC 37; mas não são hegemônicos. Com
o apoio da mídia, buscam se impor no movimento e com o movimento.
Hoje mesmo, editoriais procuram induzir que o movimento é contra o
governo Dilma e o PT e que expressa o sentimento do país, majoritário,
“contra tudo o que está aí”, que “ninguém aguenta mais” e por aí vai.
Mais grave: estimulam a tendência de negação da democracia e das
entidades que a representam – partidos, sindicatos, organizações
sociais, Parlamento e voto –, de novo flertando com a ditadura, como no
passado, recusando-se a denunciar os grupos de ultradireita e
paramilitares que saqueiam e vandalizam as cidades. Quase comemoram as
agressões aos partidos nas manifestações.
Maioria está satisfeita
No
entanto, as pesquisas dizem o contrário. O Ibope divulgado pela revista
Época mostra que, entre as pessoas que apoiam os protestos, 69% estão
satisfeitas com sua vida e 39% acreditam num futuro melhor para o
Brasil. E mais: 71% dos brasileiros dizer estar satisfeitos com sua vida
atual e 43% têm expectativas positivas sobre o futuro do país.
Na pesquisa Datafolha, chama a atenção o fato de que, entre os
paulistanos, 72% apoiam as manifestações, 43% consideram a PM muito
violenta e 66% são a favor da continuidade dos protestos e 34% contra.
Mas também chama atenção uma informação perdida na matéria publicada
pela Folha no domingo: nos segmentos sociais de baixa renda e
escolaridade, a continuidade das manifestações tem menos apelo,
diferentemente do que ocorre entre os de altas escolaridade e renda.
A pesquisa confirma que as melhorias na saúde e na educação dominam as
demandas dos manifestantes, depois da redução das tarifas.
Guilhotina para políticos
Mais grave é a tentativa de alguns setores políticos e sociais e mesmo
jornalistas velhos experientes de apresentar as manifestações como uma
razão para violar as leis e a Constituição. Seria uma espécie de
guilhotina apontada para os políticos e as instituições.
Muitos, a maioria, simplesmente esconderam o rechaço generalizado em
muitas manifestações à imprensa e a condenável violência contra
jornalistas e carros de emissoras, não generalizando o sentimento entre
os manifestantes, como fizeram com outras palavras de ordem e ações. É
importante ressaltar que essa violência é de uma minoria, e não da
maioria dos manifestantes, que agem de forma pacífica.
Há ainda uma torcida, que vem de longe, para que a situação econômica se
agrave como consequência das manifestações e que a confiança no
exterior no país desapareça. Há meses parte da imprensa internacional
vem repetindo a crítica que a mídia tupiniquim faz ao governo,
desconhecendo ou escondendo que a crise mundial que atingiu a nossa
economia já faz o mesmo em toda a América Latina.
Isso não significa desconhecer nossos próprios problemas que estamos
combatendo, seja a infraestrutura, a educação ou a inovação, seja a
carga tributária, que precisa ser incluída na agenda anunciada pela
presidenta Dilma Rousseff, ou o custo do dinheiro, a inflação e a
necessidade de mais investimentos, desafios que o governo vem
enfrentando.
Manifestações mudaram a agenda do país
O fato é que as manifestações mudaram a agenda e a vida do país.
Representam setores da sociedade, uma parcela importante da juventude, e
suas demandas têm que ser atendidas, como vêm sendo atendidas nos
últimos dez anos.
A fala da presidenta e suas propostas vão nessa direção, de diálogo com
os manifestantes, com o pacto entre os poderes públicos e a sociedade,
mudanças na estrutura política do país, na saúde e na educação,
prestação de contas sobre a Copa e um novo plano de mobilidade para as
cidades.
Mas, é preciso acrescentar, dentro da democracia e da Constituição, sem
conciliar ou aceitar a violência, seja de grupos de direita ou
paramilitares, seja das PMs e muito menos de saqueadores e vândalos. Sem
conciliar com os que pretendem, mesmo às custas de destruir a
democracia, nos apear do governo e do poder, na vã ilusão de que podem
apagar as mudanças em benefício do povo e do país nos últimos dez anos.
Postado há 1 hour ago por Blog Justiceira de Esquerda
Do Blog Justiceira de Esquerda.
2 comentários:
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Sobre os Protestos, Manipulações, Golpe e Retrocesso! 19/06/2013 *Professor Maurício Tavares
Que tal os manifestantes incorporarem na pauta de reivindicações (ou pautas) a reforma política (com voto FACULTATIVO e financiamento público de campanha, etc.), defender a reforma agrária, a demarcação das terras indígenas, dos quilombolas, se posicionar contra a criminalização dos movimentos sociais, contra a homofobia, contra os massacres impunes no campo (massacres de Corumbiara, Eldorado dos Carajás, etc.) e nas cidades (que vitimiza milhares de jovens de baixa renda e afrodescendentes todos os anos), em defesa da sustentabilidade e do meio ambiente que se encontra em lamentável estado de degradação (degradação esta que é promovido em MG principalmente pelas mineradoras), contra o desmatamento da Amazônia, pela criação das fontes energéticas alternativas não poluentes (energia solar, eólica, etc.)
Em defesa do marco regulatório dos meios de comunicação de forma a democratiza-la (atualmente meias dúzias de famílias detêm o GIGANTESCO monopólio dos meios de comunicação no Brasil, e consequentemente monopoliza e manipula as mentes também). Dentre estes monopólios, a mais nociva ao povo brasileiro é a REDE GLOBO, golpista histórica (apoiou o golpe civil militar de 1964, encobriu o movimento DIRETAS JÁ, manipulou e editou o debate em 1989 entre os candidatos á presidência naquele ano de forma a favorecer e eleger o candidato das elites Fernando Collor, perseguiu e criminalizou os legítimos MOVIMENTOS SOCIAIS que nunca estiveram adormecidos: o MST, A CUT, o PT, O PC do B, os sindicatos de modo geral, etc.).
Esta famigerada emissora sempre representou e representa O PIOR para o povo brasileiro, e mais uma vez MANIPULA, DISTORCE E MENTE PARA O POVO, como no caso da sua cobertura nas recentes manifestações do povo Brasileiro. E importante que saibamos superar “o joio do trigo” para que as justas reivindicações sejam encaminhadas de forma a podermos, juntos construir, cada vez mais, um País justo.
Acho que esta faltando este direcionamento/objetividade/clareza nas reivindicações. De forma que forças políticas conservadoras e extremamente REACIONÁRIAS historicamente sempre á espreita e sempre sutis não possam tirar proveito para desestabilizar o país e promover um GOLPE político (que é o atual objetivo do conjunto de forças PIG- Partido da Imprensa Golpista, DEM/PSDB, etc.) e um enorme RETROCESSO social e político no Brasil! Esta bem claro que este é o objetivo, mas acredito que a despeito das manipulações, e dos “Analfabetos Políticos” (Brecht), nossa democracia esta consolidada e não aceitará retrocesso. E é para fortalecê-la e aprimora-la, que devemos defender a proposta de nossa querida presidente Dilma (que realmente conseguiu como ninguém ouvir as vozes das ruas) de PLEBISCITO PARA A REFORMA POLÍTICA JÁ!
*Filósofo, licenciado e pós-graduado pela UFMG. Mestre em Filosofia e Ética pela FAJE/BH. Leciona Sociologia, Filosofia e História e disciplinas afins há 15 anos nos ensinos médio e superior. É pesquisador e ativista de temas sociopolíticas e ambientais. Foi militante atuante do movimento estudantil (DA-FAFICH/UFMG, DCE-UFMG, UEE-MG) e sindical (Sind-UTE MG). E-mail: mauriciotav1@gmail.com.
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