Aécio votou contra o aumento real do salário mínimo
Ao rebater afirmação da presidenta Dilma Rousseff de que ele tinha
votado contra a política de valorização do Salário Mínimo, Aécio Neves
respondeu, via redes sociais, que isso mostrava “o desespero de quem está perto de deixar o poder“.
A resposta, além de arrogante não é verdadeira. Aécio, o candidato
anti-trabalhadores, votou sim contra o projeto que garantiu mais 72% de
aumento real para o salário mínimo nos últimos doze anos, beneficiando
48,2 milhões de pessoas e incrementando a economia em mais de R$ 28
bilhões.
Para comprovar (imagem abaixo da foto), basta clicar aqui. Depois, clicar em tramitação. Abra a ata do dia 23/02/2011 (ATA-PLEN
– SUBSECRETARIA DE ATA – PLENÁRIO). Lá você vai ver que 12 senadores
votaram contra os trabalhadores. Entre eles, Aécio e a bancada do seu
partido (PSDB), Ana Amélia (PP) e Demóstenes Torres (DEM).
A maioria dos brasileiros sabe que Aécio e os parlamentares,
governadores e prefeitos do PSDB estão do lado contrário ao da classe
trabalhadora. A novidade é ele dizer que vai trabalhar para melhorar a
vida do trabalhador, coisa que nunca fez nem como deputado nem como
Senador, muito menos como governador de Minas Gerais.
Em seu primeiro mandato, com 26 anos, quando se elegeu deputado
Constituinte pela força do poder do avô, Tancredo Neves, Aécio atuou
como um leão para proteger os direitos dos empresários, banqueiros e
patrões em geral. Como Constituinte ele votou contra a jornada de
trabalho de 40 horas semanais e contra o adicional de hora extra de
100%.
Quando presidiu a Câmara dos Deputados, o candidato tucano à sucessão
presidencial trabalhou duro para aprovar projeto de FHC que alterava o
artigo 618 da CLT e deixava vulneráveis direitos dos trabalhadores,
entre os quais férias e 13º salário. Eleito em 2002, Lula mandou
arquivar o projeto em abril de 2003, antes da bancada do Senado aprovar.
Como governador de Minas, as obras mais vistosas de Aécio são os dois
aeroportos que ele mandou construir em terrenos onde sua família tem
fazenda ou nas proximidades das terras dos Neves. As chaves do Aeroporto
de Claudio, por exemplo, ficavam com um tio-avô do candidato.
Já quanto aos trabalhadores, ele trata no estilo “linha dura”. A
educação foi uma das áreas que mais sofreram no governo dele. Falta
infraestrutura, salas de aula precárias, mais de 50% escolas de ensino
médio não têm laboratório de ciências nem salas de leitura, 80% sequer
tem almoxarifado. Aécio e os governadores que ele colocou em seu lugar
deixaram de cumprir, por vários anos, o investimento mínimo de 25% da
receita em educação, como determina a Constituição. E para piorar, ele
não pagou piso salarial dos professores.
Agora, como candidato a presidente da república, enquanto por um lado
faz promessas que não vai cumprir, por outro, deixa claro sua posição
patronal patrão quando se recusa a assinar compromisso contra o trabalho
escravo, por exemplo.
O governo do presidente Fernando Henrique foi uma tragédia para a
classe trabalhadora. Todos os governantes do PSDB nos Estados têm a
mesma prática. Eles cerceiam os direitos trabalhistas, propõem
flexibilização e supressão dos direitos trabalhistas para, dizem de
forma descarada, garantir o desenvolvimento econômico, o aumento da
competitividade e a geração de empregos.
Aécio e seus principais assessores, como o já nomeado ministro da
Fazenda Armínio Fraga, caso o tucano vença as eleições, dizem que não
têm receio de tomar medidas impopulares, ou seja, demissão e arrocho
salarial. Já disseram diversas vezes que o salário mínimo está alto
demais. Para eles, isso é prejudicial a economia. Mas, o que vimos nos
governos Lula e Dilma é exatamente o contrário.
A política de valorização do salário mínimo melhorou a vida das
pessoas, incrementou o consumo das famílias e, com isso, aqueceu a economia,
gerou mais empregos. E foi principalmente a força do mercado
consumidor interno que permitiu ao Brasil sair da grave crise
internacional de 2008 de modo muito mais rápido e menos doloroso do que
os países que adotavam à época o receituário neoliberal, que, aliás,
fecharam milhares de postos de trabalho.
A candidatura de Aécio Neves é uma séria ameaça aos trabalhadores, aos
sindicatos e até mesmo à competitividade da economia brasileira. Não
se pode tratar o trabalhador como uma mera peça sujeita a preço de
mercado, transitória e descartável. A luta em defesa da política
permanente de valorização do salário mínimo (que infelizmente teve o
voto contrário de Aécio Neves no Senado Federal) é um lembrete à
sociedade sobre os princípios fundamentais de solidariedade e
valorização humana, que ela própria fez constar do documento
jurídico-político que é a Constituição Federal, e a necessidade de
proteger o bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras e de toda a
sociedade.
Também do Blog CONTEXTO LIVRE.
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