Segundo as três últimas pesquisas de intenção de voto para presidente da República (Datafolha, Ibope e Vox Populi), Dilma Rousseff deveria vencer a eleição presidencial em 2º turno. Apesar de o Datafolha ter destoado dos outros dois institutos, a presidente apareceu com vantagem numérica também nesse instituto, ainda que dentro da “margem de erro”.
Contudo, dois dos três institutos mostraram tênue reação de Aécio Neves que pode, inclusive, nem ter ocorrido devido à tal “margem”. Já no terceiro instituto, o Vox Populi, Dilma continua em ascensão, dando seguimento a um movimento de alta que começou no início da semana passada e perdurou, ao menos, até 5ª feira.
Ibope e Datafolha deram um único ponto para Aécio e tiraram um de Dilma. Porém, como a vantagem da presidente no Datafolha era menor do que no Ibope, no instituto da Folha de São Paulo os candidatos entraram em “empate técnico”.
Como este Blog relatou no post anterior, nas pesquisas da véspera da eleição de 2010 o instituto que acertou foi o Ibope, que, desta vez, dá vantagem a Dilma fora da margem de erro. Além disso, historicamente as pesquisas sempre acertam mais no segundo turno do que no primeiro devido ao menor número de candidatos.
Seja como for, até a publicação da matéria de capa da Veja desta semana Dilma vinha subindo e Aécio, caindo. A eventual interrupção ou até a reversão desse processo dever-se-á, única e exclusivamente, a uma das mais claras e revoltantes farsas que já se produziu em uma campanha eleitoral.
Nem na renhida eleição de 1989 em segundo turno, entre Lula e Fernando Collor de Mello, houve uma farsa dessa magnitude. Houve mais baixaria, com Collor levando uma ex-namorada de Lula à tevê para acusa-lo de cafajestice, para resumir. Houve, também, o golpe de a polícia de São Paulo vestir os sequestradores do empresário Abílio Diniz com camisetas do PT.
Contudo, o golpe eleitoral que Veja deu a 48 horas da eleição deste ano supera os de 1989. Contou com anuência da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça. Depoimento sigiloso de um processo que corre sob segredo de Justiça foi escancarado na revista da Editora Abril sem qualquer prova, à revelia da lei.
Por conta disso, o Tribunal Superior Eleitoral deu direito de resposta à coligação de Dilma e proibiu Veja de divulgar sua capa desta semana. Eis que a Globo, após ensaiar respeito à lei não divulgando aquela matéria na 6ª feira, expõe nos seus telejornais da tarde e da noite de sábado tudo que a Justiça Eleitoral determinou que não fosse divulgado, sobretudo na TV e no rádio.
A Globo dirá que não fez publicidade da capa de Veja; apenas exerceu seu dever de informar. Conversa. Divulgou nos telejornais Hoje e Jornal Nacional aquilo que a Justiça Eleitoral proibiu que fosse divulgado. De que adianta o TSE dizer que Veja não pode fazer publicidade paga se a Globo faz publicidade gratuita para a matéria que a Justiça considerou ilegal?
Talvez, leitor, você só esteja lendo esta matéria após o resultado da eleição presidencial de 2014 em segundo turno. Esteja eleito quem estiver, então, um fato não terá mudado: Veja e, depois, Globo, entre outros, cometeram crimes eleitorais.
Aliás, além de Veja, o PSDB também cometeu crime usando a matéria da revista como panfleto distribuído nas ruas mesmo com a eleição terminada. Há uma imensidão de relatos e até de imagens de cabos eleitorais pagos pelo PSDB distribuindo cópias da capa da Veja em várias partes do Brasil. Será facílimo para a Justiça comprovar que isso ocorreu.
O resultado da eleição presidencial de 2014, seja qual for, terá sido conspurcado por uma manobra ilegal, criminosa, que acusou a presidente da República e candidata à reeleição de ser mandante de um esquema criminoso junto com seu antecessor e padrinho político, Lula.
Provas? Processo legal? Nenhum. Dilma, Lula e o PT podem ter sido condenados não em um tribunal, em um processo legal, mas nos cruzamentos das ruas das grandes, médias e até pequenas cidades.
A lei eleitoral e as decisões da Justiça foram ignoradas e até ridicularizadas por Veja, Globo, PSDB e outros. Sem punição, sem consequências, as próximas eleições serão marcadas pela mais escrachada inobservância das regras do jogo.
Se Aécio Neves vencer a disputa de hoje, terá sido graças a um golpe eleitoral dos mais claros e incontestáveis que já se viu. Se Dilma Rousseff vencer, sua votação poderá ter sido menor graças a uma trapaça.
Mesmo a decisão da Justiça Eleitoral de conceder direito de resposta ao PT por Veja ter forjado uma acusação com objetivos claramente eleitorais foi desobedecida pela revista. No site de Veja, a resposta do PT, que deveria ter destaque, segundo decisão do TSE, foi colocada como um link minúsculo, diferente do destaque dado à calúnia contra Dilma e Lula.
Se tudo isso não tiver consequência, o Brasil terá sido transformado pela imprensa e até por autoridades constituídas em uma republiqueta bananeira onde eleições são regidas pelo vale-tudo. E o que é pior: uma eventual vitória de Aécio Neves será marcada pela ilegitimidade. Na próxima 2ª feira, caberia à coligação de Dilma pedir anulação do pleito.
Se der a lógica das pesquisas e Dilma vencer, mesmo assim não estará resolvido esse caso. Dilma ter superado a fraude não elidirá seu cometimento por dois dos maiores impérios de mídia do país e pelas autoridades que ignoraram o segredo de Justiça e divulgaram informações selecionadas e distorcidas sobre a “delação” do doleiro Youssef.
Por fim, o povo brasileiro dirá hoje ao mundo se atingiu a maturidade ou não. Se privilegiar a fraude, a trapaça, a mentira, os golpes de esperteza da direita midiática, será merecedor de todos os sofrimentos que um eventual governo Aécio Neves representaria, pois ele já disse claramente que o país irá piorar em 2015, mesmo atribuindo a culpa a Dilma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário