Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho
“Logo em sua primeira manifestação no
processo do chamado mensalão petista, Luís Roberto Barroso, o mais novo
ministro do Supremo Tribunal Federal, fez uma crítica direta ao ritual do
julgamento que levou à condenação de 25 réus sob os aplausos da mídia:
"É no mínimo questionável a afirmação
de se tratar do maior escândalo político da história do país. Sem margem de
erro, é o caso que mais foi investigado de todos, seja pelo Ministério Público,
pela Polícia Federal, pela imprensa. (...) Não existe corrupção do PT, do PSDB
ou do PMDB. Existe corrupção. Não há corrupção melhor ou pior, dos nossos ou
dos deles, não há corrupção do bem. A corrupção é um mal em si e não deve
ser politizada".
Por falar em corrupção, um assunto que
desapareceu do noticiário foi o do mensalão tucano em Minas, rebatizado pela
imprensa de "mensalão mineiro", que é bem anterior ao petista, tendo
sido criado em 1998, sete anos antes, portanto, da denúncia de Roberto
Jefferson contra o PT.
O procurador-geral da República Roberto
Gurgel despediu-se nesta quarta-feira do seu cargo sem ter se dado ao trabalho
de oferecer denúncia contra o PSDB. Por coincidência, o processo que tinha como
relator Joaquim Barbosa, o mesmo do mensalão do PT, agora passará para Luís
Roberto Barroso. Certa vez, quando lhe indagaram porque não se manifestava
sobre o mensalão tucano, Barbosa, hoje presidente do STF, respondeu singelamente
que ninguém lhe perguntava sobre o assunto.
Para Barroso, a Ação Penal 470 foi "a
condenação de um modelo político, aí incluídos o sistema eleitoral e o sistema
partidário. Se não houver uma reforma política, tudo vai acontecer de novo. O
modelo brasileiro produz a criminalização da política".
O novo ministro defende que a reforma política
seja feita o mais rapidamente possível pelo Congresso, com ou sem consulta
popular, que é a mesma posição defendida pela presidente Dilma Rousseff. Com a
retomada dos trabalhos pelo STF, que analisa agora os embargos declaratórios
apresentados pelos advogados de defesa e, mais adiante, decidirá se aceita ou
não os embargos infringentes, que podem levar a novos julgamentos em alguns
casos, o mensalão petista promete ocupar o noticiário por um bom tempo ainda _
quem sabe, daqui para a frente, disputando espaço com o mensalão tucano.”
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