Luis Nassif, GGN
"A Copa do Mundo desnudou um dos maiores e mais relevantes problemas do país: o déficit de informação.
Talvez
tenha sido o maior desastre jornalístico da história, mais do que o
episódio das Cartas de Bernardes, o Plano Cohen ou a manipulação inicial
sobre o movimento da diretas. Isso porque revelou métodos
anti-jornalísticos não apenas para o público mais politizado e bem
informado, mas em cima de um tema nacional – o futebol. E no momento em
que as redes sociais já haviam acabado com a exclusividade que a mídia
detinha na disseminação de notícias.
O episódio abriu uma enorme brecha na credibilidade dos grupos de mídia, em cima de pontos centrais:
-
A não confiabilidade das informações.
-
O fato dos grupos colocarem seus objetivos políticos acima do próprio interesse do país.
Milhares
de comerciantes, hotéis, pontos turísticos foram prejudicados pela
redução do fluxo internacional provocada pelo terrorismo praticado pelos
grupos de mídia em cima de informações falsas.
***
E, fora da Copa, quais os critérios de análise de políticas públicas?
A
política econômica é a de maior visibilidade devido aos indicadores
existentes: PIB, contas externas, investimentos públicos e privados,
emprego, questões fiscais etc. E nesse item o governo Dilma vai mal.
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Mas o governo Dilma não é apenas isso.
Há
uma frente social importante, com o Bolsa Família, Brasil Sem Miséria,
Luz Para Todos, Brasil Sorriso, Pronatec etc. Nesse campo, as
informações são escondidas.
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E nos investimentos públicos? Tome-se o caso do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). É um programa bem sucedido ou não?
Há duas fontes de informação: os grupos de mídia e o governo.
Do
lado dos grupos de mídia, a fiscalização do PAC segue a receita padrão
Copa do Mundo. Se uma obra está 90% completa, a reportagem é sobre os
10% que faltam. Como o PAC engloba centenas de obras, basta selecionar
algumas que não deram certo para passar ao leitor a sensação de que nada
deu certo.
Ontem
caiu um viaduto em Belo Horizonte. A obra era de responsabilidade da
Prefeitura. As manchetes online dos grupos de mídia debitavam a queda ao
PAC. Dá para confiar?
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Do lado do governo, é o oposto. Basta selecionar uma dúzia de obras que deram certo, para supor que o conjunto deu certo.
Depois, esse caos de informação é potencializado pelas disputas nas redes sociais.
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O
próprio PAC tem um balanço bem feito, financeiro e físico. Mas não há
um balanço qualitativo nem o peso das obras em relação às necessidades
totais do país.
Por
exemplo, o PAC divulga todas as obras rodoviárias que estão sendo feito
ou já foram completadas. O que significam dentro da malha total
brasileira? São significativas ou atendem a apenas um percentual ínfimo
das necessidades?
O mesmo em relação as obras ferroviárias, à transposição das águas do rio São Francisco, às hidrovias.
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Em
suma, tem-se um país moderno e um país anacrônico. Gestão pública
consegue avanços mas grupos de mídia, até agora, não conseguiram
atravessar o Rubicão da modernidade."
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