Dilma ganha no primeiro e perde no segundo: quá, quá quá!
Dilma pode ganhar já no 1º turno, mas se não ganhar, pode dar Aécio no 2º turno ou Eduardo Campos ou até Dilma mesmo.
Se essa conclusão é meio, digamos assim, aloprada, é porque a pesquisa
Globo-Datafolha de 17/07/2014 para as eleições presidenciais traz uma
contradição em si. E um hiato não explicado entre os gráficos de
intenção de votos do primeiro e do segundo turno que acaba por
descrever a situação proposta acima.
Dilma ganha no 1º turno.
Já de algum tempo percebe-se uma estabilização — no Datafalha — nas
intenções de voto para as eleições presidenciais de 2014. Dilma com algo
em torno de 37%, Aécio 20%, Eduardo Campos próximo de 10% e Pastor
Everaldo consistentemente em torno de 4%.
Basta reparar no ângulo da reta que resolve os pontos.
Isso daria a vitória a Dilma já no primeiro turno das eleições. O empate
técnico — Dilma 36% X Todos os outros 36% — é na verdade um ruído
estatístico provocado pela presença de 7 candidatos nanicos, com 5 deles
pontuando. Na campanha eleitoral não serão sequer notados, dado o tempo
exíguo de televisão que terão.
Há aqui um dado relevante. Existem 3 estratos diferentes nesses dados. O
percentual de Dilma é praticamente 60% maior do que o de Aécio, o de
Aécio é mais que o dobro do de Eduardo Campos. De Eduardo Campos para
baixo, os valores são pequenos demais para serem distintos.
Logo, caso houvesse segundo turno, a polarização se daria entre Dilma e
Aécio, mas não é isso o que os gráficos abaixo irão mostrar.
Dilma perde no 2º turno.
Quá, quá, quá !
Quando se analisam os gráficos de intenção de votos no segundo turno,
segundo o Dataflha, o que se nota é uma contínua queda de Dilma com
seus votos perdidos sendo consistentemente ganhos por Aécio e Eduardo
Campos indistintamente.
Basta reparar no ângulo da reta que resolve os pontos.
Esses dados são incoerentes com a estabilização e com a situação estratificada mostradas nos gráficos do primeiro turno.
Se ela é estavel no primeiro turno, porque desabaria no segundo ?
O eleitor, na hipótese de um segundo turno, parece não distinguir Aécio
de Eduardo Campos, mas há uma enorme diferença entre eles no primeiro
turno.
Além disso, Aécio e Eduardo Campos dão saltos no segundo turno que são
inconsistentes com as preferências eleitorais do primeiro turno e com o
total de indecisos que é de 14%. Aécio obtém um acréscimo de 20 pontos
percentuais e Eduardo Campos aumenta fantásticos 30 pontos. Dilma
acrescenta apenas 8 pontos percentuais aos que já possui.
Então, qual é a explicação para tal diferença? A Folha tenta:
“A oscilação negativa de Dilma no primeiro turno e a aproximação de seus rivais em simulações de segundo turno são coerentes (sic) com o aumento do percentual de eleitores que julgam o atual governo como ruim ou péssimo”.
”Coerentes”, como, cara pálida ?
Isso não dá conta de explicar a discrepância entre as intenções de votos
do primeiro e do segundo turno. Mesmo porque, aqui também o quadro é
próximo da estabilidade.
A única explicação possível seria na base do “everybory hates Dilma”.
Ou seja, como uma segunda opção, todos os eleitores de Eduardo Campos
votam com Aécio e todos os eleitores de Aécio votam com Eduardo Campos.
Ambos são “adversários-aliados” há muito pouco tempo para já terem
formado tal grau de identificação. E ainda tem-se que parte dos
eleitores de Eduardo o são, na realidade, de Marina Silva. Vê-los
votando no PSDB seria muito interessante. Além do mais, deveriam chamar
para si todos os votos dos indecisos.
Fácil? Então, lembremos da pesquisa de 15 dias atrás, quem está
positivamente na cabeça do eleitor é Dilma e não seus adversários.
Continua a questão; se nada muda, por que tudo muda do primeiro para o segundo turno?
Enfim, é aguardar a próxima pesquisa.
Se os dados desta se mantiverem, então, Dilma continuará vencendo no
primeiro turno, mas será ultrapassada por ambos, Aécio e Eduardo Campos,
no segundo. E aí, ou dormiremos com um barulho desse ou a Globo-Folha
nos trarão uma explicação.
Sérgio Saraiva
Do Blog CONTEXTO LIVRE.
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