Pesquisa expõe o vexame da imprensa vira-latas
Ricardo Amaral, GGN
Ricardo Amaral, GGN
'Não vejo base estatística em análises do tipo E a Copa ajuda Dilma... ou Com Copa do Mundo humor do pais melhora e Dilma cresce (Folha). Os candidatos permanecem na mesma faixa de intenções de voto desde abril, como aponta o Zé Roberto Toledo no Estadão. Diante desse Datafolha, a imprensa hegemônica deveria olhar para o espelho, não para as eleições.
A
ampla aprovação da Copa e o orgulho de sediá-la no Brasil melhoram o
humor geral do país, o que pode, sim, favorecer a campanha da presidenta
Dilma, mas ainda não se trata de ativo realizado. Pela primeira vez em
muito tempo melhoram as expectativas sobre inflação, emprego e
desempenho da economia, mas é uma melhora tímida, se comparada aos novos indicadores sobre Copa.
O que o Datafolha traz de novo é a derrota espetacular da imprensa vira-lata diante dos fatos.
Laerte (FSP) |
É isso que os jornais e a TV tentam esconder desesperadamente. Primeiro, tentaram atribuir as previsões catastróficas à imprensa estrangeira.
Falso: a mídia estrangeira comeu na mão imprensa hegemônica local, como
acontece em qualquer cobertura global, seja de esportes, guerras ou
eleições.
O passo seguinte é tentar botar a culpa no povo. Ontem, no Jornal Nacional,
havia uma matéria sobre “o aumento do otimismo” durante a Copa. Dizia
que o verde-amarelo quase não se via no início da Copa e foi tomando
conta do visual ao longo da competição. “A gente não estava
acreditando”, confessa uma ingênua entrevistada.
Quem
jamais acreditou e torceu contra a Copa foi a imprensa vira-latas. E a
sociedade brasileira foi conduzida à descrença, ao mau-humor e à crítica
sem fundamento, reproduzindo os bordões e os dados falsos que via na TV
e lia nos jornais (aqui vai um pequeno pacote de catástrofes que não se realizaram).
Bastaram três dias de Copa,
com os estádios, os aeroportos, o transporte, a segurança e o turismo
funcionando, para desmanchar a realidade virtual do “imagina na Copa”.
Os fatos falaram mais alto.
Raramente
se vê um choque de realidade como esse. Raramente a imprensa hegemônica
de um país se vê confrontada tão cruamente com um erro monumental, de
sua exclusiva responsabilidade. É desse erro gigantesco, impossível de
esconder, que ela tem de prestar contas ao seu público: o Brasil não
passou vergonha.
A mídia internacional percebeu o engano e rapidamente se corrigiu. Transmite ao mundo uma imagem realista do país
(com exceção dos espanhóis e de uma parte dos ingleses – que passaram a
amaldiçoar o Brasil pelo fiasco de suas seleções. Mas essa dor passa
com o tempo).
Nossa
pobre imprensa vira-latas não tem estatura para fazer autocrítica,
porque nunca teve vergonha manipular a notícia. Vai continuar torturando
os fatos, como fez no julgamento do mensalão e faz cotidianamente na
cobertura política e econômica – a ponto de perder a razão (e muitas
vezes ela a tem) por absoluta carência de credibilidade.
É
cedo para afirmar qual será o efeito da Copa do Mundo sobre as
eleições. Está claro, porém, que a imprensa vira-latas sofreu sua mais
fragorosa derrota, desde que minha saudosa avó me ensinou a ler jornais,
na altura Copa do Chile, 1962.
O
tempo dirá qual foi o tamanho do estrago da operação- não-vai-ter-copa
sobre o poder da mídia hegemônica no Brasil. Será proporcional à
incapacidade de autocrítica dos seus proprietários e “formuladores”.
Seguramente, a democracia vai sair ganhando."
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