Jornal GGN - sex, 04/07/2014 - 06:00
- Atualizado em 04/07/2014 - 10:18
A Copa do Mundo desnudou um dos maiores e mais relevantes problemas do país: o déficit de informação.
Talvez
tenha sido o maior desastre jornalístico da história, mais do que o
episódio das Cartas de Bernardes, o Plano Cohen ou a manipulação inicial
sobre o movimento da diretas. Isso porque revelou métodos
anti-jornalísticos não apenas para o público mais politizado e bem
informado, mas em cima de um tema nacional – o futebol. E no momento em
que as redes sociais já haviam acabado com a exclusividade que a mídia
detinha na disseminação de notícias.
O episódio abriu uma enorme brecha na credibilidade dos grupos de mídia, em cima de pontos centrais:
-
A não confiabilidade das informações.
-
O fato dos grupos colocarem seus objetivos políticos acima do próprio interesse do país.
A informação correta é elemento central não apenas para a democracia como para o mercado.
Milhares
de comerciantes, hotéis, pontos turísticos foram prejudicados pela
redução do fluxo internacional provocada pelo terrorismo praticado pelos
grupos de mídia em cima de informações falsas.
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E, fora da Copa, quais os critérios de análise de políticas públicas?
A
política econômica é a de maior visibilidade devido aos indicadores
existentes: PIB, contas externas, investimentos públicos e privados,
emprego, questões fiscais etc. E nesse item o governo Dilma vai mal.
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Mas o governo Dilma não é apenas isso.
Há
uma frente social importante, com o Bolsa Família, Brasil Sem Miséria,
Luz Para Todos, Brasil Sorriso, Pronatec etc. Nesse campo, as
informações são escondidas.
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E nos investimentos públicos? Tome-se o caso do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). É um programa bem sucedido ou não?
Há duas fontes de informação: os grupos de mídia e o governo.
Do
lado dos grupos de mídia, a fiscalização do PAC segue a receita padrão
Copa do Mundo. Se uma obra está 90% completa, a reportagem é sobre os
10% que faltam. Como o PAC engloba centenas de obras, basta selecionar
algumas que não deram certo para passar ao leitor a sensação de que nada
deu certo.
Ontem
caiu um viaduto em Belo Horizonte. A obra era de responsabilidade da
Prefeitura. As manchetes online dos grupos de mídia debitavam a queda ao
PAC. Dá para confiar?
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Do lado do governo, é o oposto. Basta selecionar uma dúzia de obras que deram certo, para supor que o conjunto deu certo.
Depois, esse caos de informação é potencializado pelas disputas nas redes sociais.
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O
próprio PAC tem um balanço bem feito, financeiro e físico. Mas não há
um balanço qualitativo nem o peso das obras em relação às necessidades
totais do país.
Por
exemplo, o PAC divulga todas as obras rodoviárias que estão sendo feito
ou já foram completadas. O que significam dentro da malha total
brasileira? São significativas ou atendem a apenas um percentual ínfimo
das necessidades?
O mesmo em relação as obras ferroviárias, à transposição das águas do rio São Francisco, às hidrovias.
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Em
suma, tem-se um país moderno e um país anacrônico. Gestão pública
consegue avanços mas grupos de mídia, até agora, não conseguiram
atravessar o Rubicão da modernidade.
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