quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Família Carioca casa com Bolsa-Família

Uma ajuda para o bolso

Moradores da Penha e do Alemão são 12% dos beneficiados por cartão Família Carioca

Família_Carioca


Fábio Vasconcellos – O GLOBO

A prefeitura do Rio lançou ontem o cartão Família Carioca, um programa de transferência de renda que deverá beneficiar cerca de 440 mil moradores que vivem abaixo da linha de pobreza na cidade. Segundo o prefeito Eduardo Paes, 12% das pessoas cadastradas para receber a ajuda moram nos complexos do Alemão e da Penha, que foram
ocupados pela forças de segurança na semana passada. Na cerimônia de lançamento do programa, Paes anunciou que, na próxima semana, o Complexo da Penha (onde fica a Vila Cruzeiro) terá 100% de cobertura do Programa Médico de Família.

O prefeito elogiou o governador Sérgio Cabral e o presidente Lula pelas medidas de combate ao tráfico, que estão permitindo os investimentos nos dois complexos. Lula e Cabral participaram da cerimônia de lançamento do programa municipal. — A população está sendo libertada para poder andar de um lado para outro nesta cidade, sem ser
submetida ao poder paralelo. Desde que assumi a prefeitura, não tem nada mais importante no Rio. Está todo mundo rindo à toa lá (no Alemão e na Penha) — disse Paes.

O Família Carioca funcionará como um complemento para as famílias já inscritas no Bolsa Família, do governo federal. A prefeitura utilizou o mesmo cadastro do programa da União para identificar as famílias que ainda vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja, que ganham menos de US$ 2 (R$ 3,37) por dia. A maior parte dos beneficiados
é das zonas Norte e Oeste da cidade, nas quais vivem mais de 80% dos inscritos no programa.

— Esse programa é como se fosse aquele complemento necessário, com os ajustes que vamos fazer daqui para frente, para possibilitar de fato a diminuição da pobreza no Rio — disse Paes, que na cerimônia presenteou Lula com uma foto do Rio antigo.

Benefício médio é de R$ 70 por família

● Segundo o secretário municipal da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho, o Bolsa Família tem efeitos limitados na redução da desigualdade na cidade e, por isso, foi criado o programa municipal. Das 160 mil famílias do Bolsa Família, cem mil estão inscritas no Família Carioca. Em média, as famílias cadastradas receberão cerca de R$ 70. O Família
Carioca vai premiar ainda, com R$ 50 por bimestre, beneficiários matriculados na rede municipal de ensino, por bom desempenho escolar. Será cobrada dos alunos uma presença mínima de 90% nas aulas; já os pais terão que ir às reuniões com os diretores.

Cabral afirmou que vai propor aos prefeitos de 20 municípios que adotam o bilhete único que criem um programa semelhante em suas cidades. Ele acrescentou que o estado poderá ajudar com 50% dos recursos. Em seu discurso, o governador criticou programas de transferência de renda dos governos de Rosinha Garotinho e Anthony
Garotinho. Sem citar nomes, Cabral afirmou que os programas eram cheios de falhas e desvios: — Quando o presidente Lula vinha ao Rio, a filha da governadora ia para a porta do hotel vaiar o presidente. Aqui no Rio, em vez de se valorizar o Bolsa Família, inventou-se um programa paralelo, para não encher a bola do presidente Lula. E um
programinha cheio de erro, desvios, desmandos. Um programa cheio de desonestidades. ■

‘Se não fiz mais é porque não sabia’

Durante evento do Bolsa Família, Lula reclama dos críticos do programa

● BRASÍLIA. Numa cerimônia de lançamento do cadastro único do Bolsa Família, o presidente Lula disse ontem que valeu a pena sua teimosia em implementar o programa — união de outros que já existiam. Lula, que se emocionou com o depoimento de uma gari, cuja filha vai se formar no ensino superior, atacou a imprensa por, na época, segundo ele, criticar o Bolsa Família: — O depoimento da companheira demonstra o acerto da nossa teimosia — disse Lula. — Primeiro porque, quando começamos o programa Fome Zero, fomos vítimas de muitas críticas. Algumas até por ignorância, outras com um pouco de ignorância e um pouco de má-fé. E outra, crítica política sem nenhum fundamento.

Para Lula, as críticas ao Bolsa Família partiam de pessoas interessadas em que o governo fosse dirigido só para a parcela mais rica da população. Ele afirmou que deixa o cargo com a cabeça erguida: — Se não fiz mais é porque não sabia ou porque não tinha competência.

Lula voltou a dizer que a presidente eleita, Dilma Rousseff, terá grandes desafios pela frente, entre eles, segundo avaliou, provar que uma mulher pode governar um país como o Brasil: — Dilma chega à Presidência sem raiva e sem ódio e com muita disposição de ser um exemplo de que a mulher entrou para a política para nunca mais sair. ■

Postado por Luis Favre
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