terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Por que o Brasil deve comprar o Rafale F3

Blog Cidadania - 07/12/2010

Eduardo Guimarães


Todos estão carecas de saber as razões da mídia brasileira para o país comprar dos americanos – direta ou indiretamente – três dúzias de aviões de caça supersônicos. Tanto o caça americano quanto o sueco, porém, estão vinculados a decisões que os Estados Unidos venham a adotar em relação ao uso de equipamentos produzidos por sua indústria bélica.

Independentemente de qual seja a melhor escolha, como a mídia só dá espaço a argumentos em favor dos caças americano e sueco (sendo que este leva equipamento americano), é importante o comentário de um oficial da aeronáutica enviado a este blog. Encerra razões bem explicadas para decisão que, segundo a mídia, o governo está inclinado a tomar.

Leiam, abaixo, o comentário do capitão-aviador Artur da Costa Gomes, do 1º Grupo de Defesa Aérea, em favor da opção do Brasil pelo caça Rafale F3, da indústria francesa Dassault-Renault:

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Prezado Eduardo,

Nesse assunto dos caças, assistimos a um festival de ‘especialistas’ em aviões de combate, a começar pela senhora Eliane Cantanhêde, emitindo verdadeiros disparates. A bem da verdade factual, faz-se necessário alguns esclarecimentos técnicos fora da discussão ideológica que se trava sobre o assunto:

Dos cinco concorrentes iniciais: F-18 Super Hornet, Gripen NG, Sukhoi Su-35 Super Flanker, Rafale F3 e o Eurofighter Typhoon, cabe uma avaliação preliminar:

1) O Sukhoi Su-35 Super Flanker, o preferido pela maioria maciça dos pilotos da FAB, tem, como vantagens: maior potência (2 turbinas Lyulka, com 142 kN cada), maior autonomia de vôo (4.600 km), além do famoso sistema de exaustão vetorial (efeito mais pirotécnico, na verdade), que o transforma num brinquedo de luxo, gostoso de operar;

2) F-18 Super Hornet, o segundo na preferência dos pilotos: apesar da potência e autonomia de vôo menores que o Sukhoi, testado efetivamente em combate, além da confiança das turbinas GE;

3) Rafale, similar ao F-18 em potência e autonomia de vôo, talvez lhe falte o batismo em combate e as turbinas Snecma sejam ainda uma incógnita a campo;

4) O Eurofigther Typhoon, levemente inferior ao Super Hornet e ao Rafale, com alguma vantagem adicionada na aviônica;

5) Gripen NG, em sua concepção de guardião de países com pequena extensão, comuns na Europa, um bom caça, embora a versão NG não passe ainda de prospecto.
Bom, como na hora de decidir, entram em cena várias condicionantes:

__ O Sukhoi, tecnicamente o melhor, foi preterido menos em função de dificuldades na logística e no treinamento dos pilotos, e mais em função de pressões geopolíticas dos americanos;

__ O Super Hornet, embora tecnicamente um excelente caça, viria com o sistema middle-packet (desarmado e sem TT*);

__O Typhoon e o Gripen, por conterem grande parte de armamentos e propulsores americanos, contrariam o princípio FX, da não-dependência alienígena, foram descartados, tendo o Gripen o agravante de ser monopropelido;

__ Restou o Rafale, um bom caça, ainda que inferior ao Su-35 e ao F-18, pois viria no sistema full-packet e TT * plena.

Enfim, a opção possível, no meio desse emaranhado de lobbies e pressões políticas de todos os lados…

Cordial abraço

Costa Gomes – Cap. Aviador
1º GDA

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* TT significa Transferência de Tecnologia
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