segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Dez anos sem o Doutor Roberto e o choro de Bonner


O legado do nosso companheiro.
O companheiro  Roberto Marinho
O companheiro Roberto Marinho
Então são dez anos sem o Doutor Roberto Marinho, um homem nas próprias palavras “condenado ao êxito”, completados agora em agosto.
Lembremos sua jornada quase centenária sobre esta terra, contritos, e agradeçamos a ele por:
1)   conspirar contra um governo democrático e abrir as portas para uma ditadura militar que matou, perseguiu e fez do Brasil um campeão mundial de desigualdade;
2)   fazer um pacto com essa ditadura pelo qual em troca de receber uma rede de tevê a apoiaria incondicionalmente;
3)  ocupar o Estado brasileiro, de tal forma que sucessivos governos o brindaram com empréstimos multimilionários a juros maternos ou pagáveis, eventualmente, até com anúncios;
4)  ocupar também o legislativo nacional, de maneira que quando o Brasil se abriu à concorrência internacional a Globo permaneceu protegida por uma reserva de mercado que contraria o capitalismo de que nosso companheiro tanto falava;
5)   criar, na captação de publicidade, uma propina chamada “BV”, pela qual a Globo mantém até hoje acorrentadas as agências de propaganda e com a qual mesmo com audiências cada vez menores a receita da empresa continua a aumentar;
6)  levar ao estado da arte o merchandising, com o qual os brasileiros são estimulados subrepticiamente a tomar cerveja em todas as ocasiões em cenas de novela pelas quais os fabricantes de novelas pagam um dinheiro muito além da propaganda normal;
7)   montar uma programação à base de novelas que ao longo do tempo tanto ajudaram a entorpecer a alma e o espírito crítico de tantos brasileiros;
8)   abduzir o judiciário nacional com relações promíscuas, com as quais a emissora pôde montar um esquema bilionário de sonegação sem risco de pagar por isso;
9)  manter por tantos anos João Havelange e Ricardo Teixeira na CBF por causa das relações especiais, e com isso conseguir coisas como o pior horário de futebol do mundo, ainda hoje mantido por causa da novela;
10)  criar uma cultura de jornalismo da qual derivariam, ao longo do tempo, figuras como Amaral Neto, Alberico Souza Cruz, Merval Pereira, Ali Kamel, William Wack e Arnaldo Jabor.
Por tudo isso, e muito mais, como Galvão e Faustão, Huck e Ana Maria Braga, Saia Justa e Manhattan Connection, Proconsult e Diretas Já,  BBB e Jô Soares, nós lembramos o legado do companheiro Roberto Marinho e lhe rendemos graças.
Paulo Nogueira
No DCM

 

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