Carta de apoio das entidades é direcionada à proposta do governo de tornar a residência obrigatória a partir de 2018; caso as mudanças sejam implementadas pelos ministérios da Saúde e da Educação e incorporem a MP 621/2013, haverá “uma mudança significativa no perfil da prática médica para os próximos anos no Brasil, que beneficiará sobremaneira a população brasileira”, afirmam entidades; Padilha rebate críticas do CFM sobre inscrição no programa: "90% dos CRMs inválidos não eram uma confusão de números, eram zero, zero, zero ou traço, traço, traço"
Agência Brasil – Representantes de entidades do ensino médico e da medicina de família divulgaram nesta quinta-feira (1º) uma carta de apoio à proposta do governo de tornar a residência obrigatória a partir de 2018, um dos itens do Programa Mais Médicos. Segundo a carta, caso as mudanças sejam implementadas pelos ministérios da Saúde e da Educação e incorporem a Medida Provisória (MP) 621/2013 - que institui o programa - em tramitação no Congresso Nacional, haverá “uma mudança significativa no perfil da prática médica para os próximos anos no Brasil, que beneficiará sobremaneira a população brasileira”.
A carta é assinada pelo diretor da Associação Brasileira de Ensino Médico (Abem), Vardeli Alves de Moraes; pelo coordenador do Grupo de Trabalho dos Representantes dos Cursos de Medicina das Instituições Federais de Ensino Superior, Henry de Holanda Campos; pelo presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), Núlvio Lermen Júnior e pelo coordenador do Fórum de Dirigentes dos Cursos de Medicina das Instituições Federais de Ensino Superior (Formed), Antônio Carlos Lopes.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Educação, três das entidades integram o grupo responsável pela proposta divulgada ontem (31). A única que não faz parte é a SBMFC. A carta esclarece também que o grupo foi formado a partir de audiências para as quais o próprio MEC convidou autoridades e representantes de cursos de medicina para discutir a educação médica e debater propostas para aperfeiçoar o Mais Médicos.
A proposta apresentada é o resultado dessas discussões. Além de tornar a residência no SUS obrigatória, a proposta é que a residência nas cinco áreas prioritárias do SUS - que são cirurgia geral, ginecologia-obstetrícia, pediatria e medicina de família e comunidade – e mais a psiquiatria tenham o primeiro ano voltado para atenção primária, em urgência e emergência.
Os especialistas entendem que os melhores sistemas de saúde do mundo têm cuidados primários e estratégias de saúde da família e da comunidade sólidos e que isso melhora “a eficiência dos serviços de saúde, satisfação do paciente e qualidade de vida da população, tendo profissionais capacitados e comprometidos com a defesa da vida e da saúde das pessoas”.
O Programa Mais Médicos foi criticado ontem (31) por entidades médicas, que disseram não ser possível implementá-la com qualidade no tempo estipulado pelo governo.
PADILHA REBATE CRÍTICAS
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, rebateu nesta quinta as críticas do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre o processo de inscrição no Programa Mais Médicos. A entidade informou que vai encaminhar à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal pedido para que apurem falhas no processo, relatadas pelos profissionais de saúde.
“É uma crítica inconsistente e vazia. O que foi dito hoje não tem consistência”, disse o ministro. Segundo Padilha, a grande maioria dos números de registro nos conselhos regionais de Medicina (CRMs) considerados inválidos no processo de inscrição foi digitada de forma aleatória propositalmente, e não invalidados por eventuais erros do sistema, como argumenta o CFM.
“Noventa por cento dos CRMs inválidos não eram uma confusão de números, eram zero, zero, zero ou traço, traço, traço. Mesmo assim o Ministério da Saúde, para valorizar o médico que quer participar do programa, deu mais um prazo para que esses médicos, que realmente tinham interesse, pudessem corrigir”, declarou o ministro.
Dados apresentados hoje pelo ministro da Saúde mostram que dos 3.891 médicos que completaram o cadastro do programa, 2.379 indicaram os municípios aonde desejam trabalhar. Segundo Padilha, os médicos agora terão dois dias para concluir o processo, homologando a escolha das cidades. Quem concluiu o cadastro, mas não informou o município, poderá indicar as opções a partir do dia 15 de agosto, quando o governo vai reabrir prazo para novas inscrições e correção de dados de médicos já inscritos no programa.
Postado por Jussara Seixas
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