No futuro, você
não verá este tipo de jornalismo
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“Este
artigo foi publicado dia 3 de abril. Dada a cobertura da Globo dos protestos em
SP, é oportuno republicá-lo.
Li.
A não ser que aconteça uma desgraça, não voltarei a lê-lo jamais.
É um cruzamento de Olavo Carvalho, Reinaldo Azevedo e Ali Kamel.
Muito para mim.
Sobre o texto, é uma distopia. O Brasil, no futuro, terá a moeda comum do continente, o bolívar, e o Bolsa Família, “esmola”, será universal entre nós.
É mais ou menos isso.
Ofereço uma visão alternativa de futuro. Fixemos o ano de 2030.
Em 2030, o Brasil já não terá mais a Rede Globo. Ela foi definhando em audiência, o que já está ocorrendo aliás há alguns anos. Eram 50%, depois 40%, depois 30%, depois 20%, e afinal o zero se aproximava.
Chegou uma hora em que ela era vista apenas pela família Marinho, e não na totalidade, e parte dos funcionários da Globo.
O golpe baixo com o qual ela segura a
receita publicitária – o infame BV, que mantém as agências acorrentadas à
empresa – foi finalmente enquadrado pelo governo como prática monopolista e
desleal.
O governo também apertou o cerco sobre
expedientes fiscais imorais, como a proliferação de PJs. O caso icônico de
Carlos Dornelles deflagrou uma ação da Receita Federal que pôs fim à mamata.
E a internet foi cobrando o seu preço,
segundo a segundo.
No futuro que ofereço ao exame de vocês, os
brasileiros ao se livrar da Globo se livrarão também de: a) novelas que
deseducam; b) programas como o BBB, que também deseducam; c) horários abjetos
de jogo de futebol apenas para que as novelas não sejam interrompidas.
É fácil montar um abecedário aí.
Os brasileiros também estarão libertados de
noticiários desonestos e manipuladores, e de colunistas que combatem tenazmente
pela manutenção dos privilégios dos Marinhos, de Jabor a Merval.
Não mais Jô, não mais Galvão, não mais
Waack. Não mais Faustão, não mais Fantástico, não mais Ana Maria Braga.
Não mais Bonner. Não mais Bial. Talvez
bebamos menos cerveja, e levemos portanto uma vida mais saudável, porque
sumirão os merchans das novelas que estimulam os espectadores a achar qualquer
motivo para abrir uma lata ou uma garrafa de qualquer marca.
Isso porque o anunciante é a Ambev, dona de
quase todas as marcas, a começar por Brahma e Antarctica, e então não faz
diferença que cerveja seja consumida.
Os Marinhos deixarão de figurar na lista
dos bilionários da Fortune, e parte de sua fortuna irá construir casas, escolas
e hospitais nas favelas cariocas, que aliás deixarão de ser favelas.
Numa autocrítica imperiosa, a prefeitura de
São Paulo rebatizará a avenida Roberto Marinho como avenida Vladimir Herzog.
Já não lembro os detalhes do futuro de
Constantino, mas prefiro me ater a este, que de resto considero bem mais
realista.
Quanto a ele próprio, Constantino, em 2030
ele está casado com Yoani, e os dois vivem numa tent city em Miami. O padrinho do
casamento foi o cubano exilado em Miami Carlos Alberto
Montanez, o Perfeito Idiota Latino-americano.”
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