quarta-feira, 5 de junho de 2013

Dilma é favorita

05/06/2013 - 03h30

BRASÍLIA - Só um surto de autoengano leva a oposição a acreditar que o raciocínio "o Brasil está bom, mas pode melhorar" vai se disseminar pela maioria do eleitorado no ano que vem --e será suficiente para destronar o PT do Planalto.
Esse voto racional nunca aconteceu em nível nacional no Brasil moderno. Aliás, ocorreu o oposto. Em 1986, qualquer pessoa bem informada sabia que o Plano Cruzado já era. Mas o PMDB ganhou quase tudo.
Em 1998, o Plano Real estava condenado com o seu câmbio engessado. Mas Fernando Henrique Cardoso foi reeleito presidente.
A única chance de a oposição vencer em 2014 é se acabar a sensação de bem-estar da maioria dos eleitores. A economia desempenha um papel relevante na construção desse cenário, embora não seja único. As coisas pioram para a oposição porque a profusão de indicadores ruins nos últimos dias não garante um cenário de desastre absoluto até o final do ano que vem.
É evidente que o atual crescimento medíocre terá impacto mais adiante. A partir de 2015, com certeza. Só que a eleição já terá passado.
Consultado, o marqueteiro oficial João Santana, o 40º ministro, deu risada sobre a hipótese de a inflação tirar Dilma Rousseff do Planalto. As pesquisas do governo indicam, de fato, um ruído razoável na mente das pessoas sobre a alta de preços, sobretudo de alimentos. Mas nesses mesmos levantamentos, a presidente é vista pelos eleitores como a mais apetrechada para tratar desse problema --bem à frente de todos os candidatos de oposição.
Nesse ponto, não custa repetir a ressalva de sempre: falta muito até outubro de 2014. Ainda assim parece ter se instalado no noticiário uma sensação de jogo zerado. Talvez pelas derrapadas econômicas e pela presença midiática dos pré-candidatos de oposição. Tudo somado forma uma miragem. Por enquanto, Dilma segue como favorita.
Fernando Rodrigues  
Fernando Rodrigues é repórter em Brasília. Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006). Escreve quartas e sábados na versão impressa Página A2.

2 comentários:

Unknown disse...

Se em 2 anos e meio a governAnta, não sabe a que veio, pode ir tirando o cavalinho da chuva!

Unknown disse...

Uma foto publicada nesta terça-feira na coluna do Ancelmo Gois mostra Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves aguardando o começo do jogo de domingo no Maracanã. Ambos dispensaram esquemas de segurança e cuidados especiais para assistir à partida que terminou em empate. Tanto na chegada quanto na saída, torcedores anônimos saudaram efusivamente o ex-presidente da República e o presidente do PSDB, que não viram nem ouviram uma única manifestação de hostilidade. Tudo somado, FHC e Aécio foram aprovados com distinção num teste de popularidade muito mais confiável, rigoroso e transparente do que pesquisas encomendadas a comerciantes de estatísticas.

Com a vaia que engoliu na abertura do Pan-2007 ainda ecoando na memória, Lula preferiu passar o domingo contando vantagem no Peru. A inflação em alta e o pibinho em baixa recomendaram a Dilma Rousseff que ficasse em Brasília, pensando nas promessas que faria no dia seguinte em Natal e tentando botar na cabeça que o Rio Grande do Norte não é o Rio Grande do Sul. O padrinho e a afilhada se gabam de meia em meia hora de terem parido a Copa de 2014. Mas nenhum deles tem coragem de dar as caras no templo do futebol. Para gente que só cria coragem diante de plateias amestradas, o teste do Maracanã é muito perigoso.